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Com peças em falta nas lojas, internet ajuda a manter o carro em dia

Venda online de componentes facilita a vida de quem precisa, mas como toda compra à distância requer atenção

Por Fernando Miragaya
Atualizado em 5 dez 2023, 08h13 - Publicado em 5 dez 2023, 08h11
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  • Você já ouviu que a pandemia mudou os hábitos dos consumidores. As vendas online dispararam e isso se deu também no setor automotivo. A funcionalidade da compra digital caiu como uma graça divina para quem precisa ou trabalha com peças de carros. Seja oficina ou pessoa física, o e-commerce de componentes se traduziu em economia e praticidade.

    Estudo do Mercado Livre aponta que o mercado eletrônico de autopeças cresceu 63% na América Latina desde a pandemia. Além disso, o mesmo levantamento mostra que pouco mais da metade das vendas (53%) de componentes automotivos foi para o setor de reposição, ou seja, mecânicos e oficinas, e a outra metade para pessoas físicas, motoristas que precisam consertar ou trocar alguma peça de seu próprio veículo.

    A perda do poder aquisitivo também contribuiu para a alavancada do comércio digital de peças. Isso porque muitas pessoas recorreram a carros usados, seja para trabalhar, pelo aumento no preço dos zero-km, seja para fugir do transporte público.

    “Se olharmos a idade média da frota de carros brasileira em 2010, era de 8,8 anos, e em 2022 ficou em 10,7 anos. Quanto mais usado o veículo, maior o uso de peças de reposição”, observa o especialista Luciano Ávila, que teve passagens como head de Marketplace Autos do Mercado Livre e head de Autos da OLX. A idade da frota aumentou, e a demanda por componentes de automóveis mais antigos também. Resultado: mais carros nas ruas cujos itens nem sempre são fáceis de achar e que demandam peregrinação por lojas físicas.

    “Muitos consumidores passaram a enxergar o e-commerce como uma alternativa prática, além das boas possibilidades de custo/benefício. No meio online também é possível encontrar uma variedade de itens para quem precisa de componentes de modelos que, às vezes, já estão até fora de linha”, destaca Flávio Passos, vice-presidente de Autos & Comercial da OLX Brasil.

    Mão na roda para todos

    Essa praticidade para itens de carros fora de linha faz de Júlio Cezar Manhães um dos clientes mais ativos do e-commerce de autopeças. Morador do Rio de Janeiro, o técnico em Mecatrônica e Mecânica, de 49 anos, já contabiliza mais de 500 compras digitais só no Mercado Livre.

    Dono de quatro carros Volkswagen refrigerados a ar, Júlio Cezar também mexe com suspensões e rebaixamento de veículos da marca alemã. Desde 2005 ele recorre à internet para comprar peças.

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    “Sempre comprei pela internet. Além de sites conhecidos e confiáveis, já fiz muita negociação com pessoas físicas bem recomendadas”, conta.

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    Para quem tem uma oficina multimarca, as vendas digitais de peças são a salvação. André Faro, sócio-gerente da Suzuauto, também no Rio, compra quase diariamente componentes automotivos por meios eletrônicos.

    Para ele, além do preço, a oferta de peças nos canais de venda online é importante para atender a clientela e fazer o pátio da oficina girar. “A disponibilidade é o principal fator. O mercado de peças está escasso”, comenta.

    Mas há quem recorra esporadicamente ao e-commerce de peças automotivas. Foi o caso do médico Matheus Ribeiro, de 24 anos, morador de Volta Redonda (RJ).

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    Ele recentemente precisou comprar duas peças para o VW Virtus 2018 do sogro: a capa do retrovisor e uma seta indicadora de direção. Foi sua estreia como cliente online de autopeças. “Fui pesquisando, não só pelo preço, mas também pela avaliação dos vendedores. Chegou tudo certo em apenas dois dias”, explica Matheus.

    PEças online
    Na internet, o interessado encontra tudo ao alcance de um clique (Divulgação/Quatro Rodas)

    O que pesa na hora da compra 

    Preço realmente não é tudo entre as dicas para quem vai comprar componentes para o carro de forma online. Há uma série de variáveis que o consumidor deve levar em conta na hora de fechar negócio. Tanto para suas necessidades como para sua segurança.

    “Desconfie de ofertas muito vantajosas e procure tirar todas as dúvidas e pedir todas as informações necessárias antes de concluir a compra”, alerta Flávio Passos, da OLX.

    A dica é pesquisar várias ofertas e analisar a reputação do vendedor, seja um marketplace, uma loja virtual própria ou pessoa física. Vale verificar essa idoneidade tanto nos próprios sites como em fóruns de usuários e no site do Reclame Aqui.

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    Outra recomendação é manter as negociações nos chats do site da loja ou da plataforma de vendas. Elas ficam registradas e são uma garantia a mais do que mensagens de texto por aplicativos ou telefonemas.

    Além disso, deve-se ficar atento aos detalhes do produto. Por exemplo, se ele é mesmo compatível com o seu carro e se atende sua necessidade. E ainda aos prazos de entrega, caso se tenha urgência por algum componente.

    “Para definir o que pesa mais, é importante que o usuário pesquise o valor de produtos similares na plataforma e confira a diferença de preço de uma peça nova, para concluir sobre o real custo/benefício do item. Se o vendedor já tem a peça, o prazo costuma ser rápido”, completa Flávio.

    Também é vital ficar atento a outros detalhes, como a procedência das peças. “É importante verificar se é marca de linha de montagem ou não, se é de primeira ou segunda linha, e por aí vai”, afirma André, da Suzuauto.

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    Além disso, há que se considerar o custo do frete, que pode pesar no orçamento se passar despercebido pelo comprador. “É algo que influencia bastante e existem casos em que o frete fica mais caro que a mercadoria. Mas, dependendo da indisponibilidade da peça, pode valer a pena”, pondera Júlio Cezar.

    E tem ainda a questão das compras internacionais feitas pelos marketplaces locais. Por se tratar de importação, são transações que podem demandar mais tempo de entrega e taxas adicionais.

    “Neste caso, dois fatores importantes são a reputação do vendedor e o prazo de entrega, que normalmente é mais alongado. Além de ter situações em que a mercadoria fica retida na alfândega para pagamento do imposto que será calculado por eles”, observa Luciano Ávila.

    PEça Online fds
    Recomenda-se pesquisar os preços e a reputação dos vendedores (Divulgação/Quatro Rodas)

    E se der problema?

    As plataformas virtuais de venda de peças também têm se aperfeiçoado. Segundo Luciano Ávila, os marketplaces investem em soluções, melhorias nas informações e também nas parcerias com lojas de autopeças.

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    Só na OLX, são mais de 488.000 itens de anúncios profissionais (lojas e revendas) e mais de 120.000 itens de anúncios de pessoa física (levantamento feito em setembro de 2023). Dados da companhia ainda mostram que a categoria de autos e peças foi a quarta em vendas na plataforma e respondeu por 7% da movimentação total do site. Além disso, outras empresas têm investido em e-commerces próprios e especializados. Mesmo assim, como em qualquer transação comercial, problemas podem acontecer, seja na entrega, no pagamento ou mesmo com o produto vendido.

    “A indicação é sempre buscar o site onde comprou, a maioria deles está estruturada para te colocar em contato com o vendedor e há um fluxo de pedido de cancelamento e devolução do valor pago, caso seja necessário. Aqui a dica é comprar de sites mais conhecidos e referenciados para que esse processo seja com menos fricção possível”, diz Luciano.

    Se o problema não for resolvido ou mesmo haja uma negativa do site para a resolução da questão, então o cliente deve recorrer aos órgãos de defesa do consumidor.

    Deve-se ter atenção especial no caso de peças automotivas de segunda mão. Afinal, itens usados não costumam ter garantia. Nesses casos, vale até recorrer ao profissional que irá executar o serviço no seu carro para ver se o componente serve para o veículo.

    “Por isso, é muito importante que o comprador tire todas as dúvidas antes de fechar negócio e negocie com o vendedor a possibilidade e as condições para devolução do item em caso de defeito. Se forem acessórios que sejam possíveis de ser testados, faça o teste antes de pagar pelo item”, recomenda Flávio Passos. Veja ao lado um resumo de dicas úteis.

    Cuidados para comprar peças de carro pela internet

    • Pesquise em diferentes sites e compare os preços, fretes e prazos de entrega.

    • Veja a reputação da loja em avaliações na própria plataforma e no site do Reclame Aqui.

    • Desconfie de preços muito baixos.

    • Tire todas as dúvidas e solicite todas as informações necessárias ao vendedor.

    • Confira o valor do frete.

    • Veja se o prazo atende as suas necessidades.

    • Verifique previamente se a peça/acessório é compatível com o modelo do seu automóvel e o estado do item.

    • Confira com o vendedor se ele tem nota fiscal do item ou a origem da peça.

    • Mantenha a conversa sempre pelo chat da plataforma e evite migrar para aplicativos de mensagem.

    • Cheque as informações do vendedor e se o boleto gerado faz referência ao CNPJ da empresa.

    • Caso combine de retirar a peça direto com o comprador, escolha locais de grande movimentação, como estacionamentos de supermercados e shoppings e vá acompanhado; só realize o pagamento após estar com a peça ou o acessório em mãos.

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