Gastar R$ 50 000 para blindar um automóvel é caro demais para você, além da compra do carro zero? A solução para seu caso por ser um blindado usado. Ao contrário do que se prega no mercado, a blindagem não tem prazo de validade. A parte opaca, que envolve a proteção da carroceria, não degrada.
Já os vidros representam a parte mais frágil desse processo. Dependendo do tipo, podem delaminar (soltar a camada interna de policarbonato) ou perder a transparência. Mas, enquanto isso não acontecer, ele estará totalmente apto a proteger seus ocupantes.
Como avaliar um blindado usado?
1. O primeiro passo é procurar carros cuja blindadora seja renomada, por indicação de conhecidos que já tenham tido uma boa experiência com seus produtos. Basta checar o nome da empresa no Certificado de Blindagem, que todo veículo deve ter. Aliás, dê preferência a unidades que já têm a descrição da blindagem no documento do veículo, obrigatória desde 2008.
2. Cheque o acabamento interno. Parafusos colocados no meio das forrações de porta ou nos revestimentos de coluna, de forma aparente e descuidada, já revelam que a blindadora não era boa ou foi feita uma manutenção em oficina de baixa qualidade.3. Verifique se o veículo não tem cheiro de umidade, que pode afetar a durabilidade da aramida. Confira a parte de baixo dos tapetes e o porta-malas. Procure sinais de entrada de água nas portas e em volta do para-brisa.
4. Teste os vidros dianteiros. Podem subir e descer mais lentamente, mas não devem parar no meio do caminho ou ter a velocidade de subida drasticamente diminuída. Mas lembre que, em geral, a janela abre só 75% do que abria antes da blindagem.
5. As portas devem estar alinhadas, além de abrir e fechar normalmente. Cheque se elas não encostam na soleira, deixando marcas. Isso pode indicar fadiga das dobradiças ou dano estrutural.
6. Como o veículo foi todo desmontado para ser blindado, verifique o funcionamento de todos os comandos e veja se não há nenhuma gambiarra aparente, com fios e controles à mostra sob o painel.
7. Checagem do sistema de ar-condicionado é fundamental, pois o carro vai trafegar sempre com os vidros fechados.
8. Preste atenção em um detalhe: há veículos cujos vidros apresentam coloração escura (ou ainda azul, verde ou espelhado) integrada ao produto pelo fabricante na hora da produção, e não por películas comuns. Esse tipo de vidro tem reposição quase impossível, pois é originário de pequenos lotes.
9. Verifique se o carro apresenta comportamento firme, sem ruídos dentro da cabine ou em suspensões e sistema de direção, que estão entre os itens que mais sofrem com o aumento de peso. Carros com suspensão pneumática tendem a apresentar problemas em compressores e bolsas de ar e seu nivelamento deve ser testado cuidadosamente. Se estiver torto para um lado, pode haver uma bolsa de ar da suspensão avariada. O câmbio e componentes da tração também sofrem mais trancos, ruídos e folgas e, portanto, devem ser checados com muita atenção.
10. Verifique se os vidros estão perfeitos, sem sinal de delaminação. Bolhas de ar pequenas (1 a 2 cm2) são aceitáveis, mas podem crescer. Hoje, porém, há empresas que fazem reparo de delaminação. Faça um orçamento antes para saber se vale consertar depois da compra.
11. Fuja de trincas ou vidros contaminados, fruto de infiltração de impurezas que surgem de vários anos de uso. São grandes manchas brancas, que se espalham das bordas para o centro do vidro. Aí não há conserto, só trocando o vidro.
12. Após a compra, uma revisão da blindagem pode ser necessária para se certificar de que tudo está em ordem. Ela vai verificar se não há mantas de aramida descoladas ou áreas desprotegidas, em virtude de uma colisão – a porta pode ter sido trocada, mas a blindagem pode não ter sido reposta. Um espelho quebrado e substituído no passado pode causar problemas no futuro, pois, na remontagem, a colocação da blindagem pode ter sido esquecida. Há casos em que o comprador concorda em levar o carro se o vendedor autorizar que a revisão seja feita. Basta chegar a um acordo antes.
Os queridinhos do mercado
O mercado de usados tem uma caracterísica própria: os blindados mais antigos (acima de oito anos) não raro são mais baratos que o mesmo carro sem blindagem, pois é quando a delaminação já é mais presente. Por isso, o ideal é apostar nos seminovos, até quatro anos.
Mas saiba que os preços variam muito, pois não há tabela para esse mercado. Além do estado do carro, há uma variação em função da blindadora. Exemplares blindados do Range Rover Evoque, por exemplo, podem ser encontrados por ofertas que vão de R$ 150.000 a R$ 325.000. Confira outras duas sugestões de nossa análise:
Toyota Corolla
Esse japonês é o carro mais blindado no Brasil. Sobretudo na versão Altis, a proteção balística é quase uma regra, não a exceção. E a frequência do serviço de blindagem eleva a relação de custo e benefício do sedã – já que a oferta de mão de obra especializada na manutenção desse tipo de preparação é farta.
Antes de comprar, verifique a documentação do veículo, que precisa vir acompanhada de uma autorização fornecida pelo Exército. Atente-se também ao nível de blindagem, que deve ser, no mínimo, II-A.
Mesmo se a quilometragem for baixa, atenção à manutenção, que deve ser adiantada em 10.000 km. Ou seja, faça aos 20.000 km a revisão dos 30.000, pois o carro pode ficar entre 100 e 150 kg mais pesado por conta da blindagem. Além do Altis (ou o SE-G), o XEi também é boa compra. Evite o GLi.
Volkswagen Tiguan
Embora nunca tenha sido um sucesso de vendas entre os zero-quilômetro, o Tiguan se destaca quando se fala em SUV blindado. Em primeiro lugar, o motor 2.0 TSI de 200 cv dá conta de carregar o peso extra da blindagem, inclusive a de níveis de proteção maiores, partindo da III-A. Aliás, no caso de um modelo de luxo, o ideal é não adquirir a proteção à prova de balas inferior a essa categoria.
O Tiguan foi o SUV mais blindado no início da década, juntamente com o Volvo XC60. Ambos são conhecidos de longa data das empresas de blindagem. E isso reduz as chances de haver problemas na remontagem, como ruídos ou mau contato nos encaixes das peças de acabamento. Hoje, um Tiguan 2013 blindado pode custar até 40% a mais que a referência da Fipe. Da média de R$ 82.000, chega a atingir R$ 110.000.