Existe (ou já existiu) algum motor com oito cilindros em linha? Já equipou algum carro? – Rafael F. Silveira, Brasilia (DF).
Os oito-em-linha equiparam no passado diversos modelos de automóveis, em geral os mais luxuosos, como Isotta-Fraschini, Lancia, Alfa Romeo, Packard, Stutz, Horch e outros. Eles se caracterizavam pela alta potência e torque aliados a um funcionamento mais suave em relação aos de seis cilindros em linha.
Duas de suas desvantagens, porém, foram cruciais para seu desuso. O primeiro foi o grande comprimento necessário para sua acomodação no cofre do motor. O segundo foi a tendência à vibrações torsionais elevadas no virabrequim em altas rotações, o que demandava soluções complexas para que não houvesse risco de fadiga.
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Nos anos 1950, perderam a fama por serem pesados e não muito potentes quando comparados com os modernos V8 da época. A Pontiac substituiu o seu por um V8 OHV em 1949 e a Buick adotou o V8 OHV de 5,3 litros em 1953.
Um I-8 (como ele é abreviado, do inglês “in line”) que fez história foi o que equipou o Mercedes-Benz 300 SLR em 1955, com grandes vitórias nas pistas de corrida – não confundir com o famoso 300 SL, que era sua versão de rua, com portas asas de gaivota e motor seis-em-linha de 3 litros com 215 cv.
O motor I-8 do 300 SLR de 3 litros representou o máximo em tecnologia da sua época, com comandos desmodrômicos, injeção mecânica de combustível, todo de alumínio, produzindo até 310 cv.
Era tão caro, porém, que nunca equipou carros de rua – a exceção foi o lendário Uhlenhaut Coupé, um 300 SLR feito para o chefe da divisão de competições da Mercedes na época, Rudolf Uhlenhaut, e que tinha potencial para ser o veículo de produção mais rápido do planeta, com máxima acima dos 290 km/h. Mas apenas duas unidades foram fabricadas.