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Qual o risco de colocar etanol em um carro movido a gasolina?

Troca pode funcionar em emergências, mas provoca diversos danos no motor

Por Rodrigo Ribeiro
Atualizado em 11 Maio 2021, 15h59 - Publicado em 25 Maio 2018, 18h49
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  • Volkswagen Gol Totalflex
    Trocar de combustível em carro que não é flex dá. Mas não é recomendado (Divulgação/Volkswagen)

    A greve dos caminhoneiros provocou uma corrida aos postos de combustível de todo o país, e em muitos lugares já falta gasolina para abastecer os carros. Nessa situação quase caótica, quem tem um modelo a gasolina pode pensar em algo tentador: colocar etanol no tanque.

    O uso do biocombustível em um motor projetado para queimar somente gasolina é possível, mas provocará danos no conjunto. Nem pense, porém, em colocar diesel em um motor flex ou a gasolina/etanol: é sinônimo de estrago na hora.

    O primeiro impacto ocorre na partida a frio. O etanol tem menor poder calorífico e é mais difícil de ser pulverizado em baixas temperaturas. Por isso modelos flex ou movidos apenas a álcool devem ter um sistema específico para ajudar a ligar o motor nessas situações.

    Como um carro a gasolina não tem esse dispositivo, ligá-lo no frio quando houver etanol no tanque será bem mais difícil. Isso sobrecarregará o motor de arranque, especialmente em modelos com partida por botão.

    Essa risco existe porque muitos veículos com esse equipamento podem manter o motor de partida ligado ininterruptamente até o carro ligar efetivamente.

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    Fraqueza ébria

    Longa Duração: Renault Kwid
    Tanque de partida a frio: sem um sistema pra ajudar, um carro a gasolina vai sofrer pra ligar quando estiver com etanol (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Uma vez ligado, o carro vai demorar mais pra esquentar e terá desempenho irregular.

    O problema ocorre, sobretudo, por conta da diferença estequiométrica (razão entre ar e combustível) entre eles e pela taxa de compressão menor de motores a gasolina.

    As injeções eletrônicas modernas ajudam a diminuir esse problema, mas os mapas da ECU do motor são limitados, pois a maioria deles foi programado pensando apenas para o uso da gasolina.

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    Quando isso ocorrer, é possível que a luz-espia da injeção se acenda e o carro tenha desempenho limitado.

    E nem adianta esperar o ganho de potência que ocorre na maioria dos carros flex quando queimam etanol – na prática, é mais provável que o motor fique mais fraco até do que fosse abastecido com gasolina.

    Medo de água

    Frasco Erlenmeyer com gasolina aditivada, em teste de combustível realizado pela
    A gasolina brasileira é misturada com etanol anidro – se fosse hidratado, poderia ocorrer a separação física dos diferentes líquidos (Divulgação/Quatro Rodas)

    O maior problema será a longo prazo. O etanol combustível encontrado nos postos tem até 5% de água em sua composição.

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    Essa água (inexistente na gasolina, que usa álcool anidro na mistura) irá provocar corrosão e danos em todas as partes do  carro que entram em contato com o combustível.

    A conta do prejuízo inclui bomba de gasolina, bicos injetores, velas e até junta de cabeçote e anéis do pistão. O catalisador e outras partes do escapamento também podem ser danificados.

    E melhor nem entrarmos na seara dos carros carburados. Como eles não conseguem se adaptar automaticamente ao combustível, podem sequer ligar no dia seguinte.

    Resumo da ópera: se for essencial reabastecer seu carro a gasolina, é possível colocar etanol no tanque. Prefira, no entanto, fazer isso quando ainda houver gasolina no tanque.

    Também é bom evitar ligar o carro quando as temperaturas estiverem muito baixas e voltar a colocar gasolina tão logo seja possível.

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