Quantos módulos eletrônicos existem em um automóvel de luxo?
Tanta tecnologia tem seu lado negativo também: alguns reparos exigem equipamentos de diagnóstico exclusivo
Quantos módulos existem em um automóvel de luxo como um Rolls-Royce ou um Mercedes-Benz Classe S? – Vinicius de Andrade Rossello – São Paulo (SP)
Segundo a Mercedes-Benz, na última geração do Classe S estão presentes mais de 60 módulos. Esses diferentes sistemas se comunicam por cabos que podem chegar a mais de 4 km de extensão.
No caso do Classe S, essa integração permite, por exemplo, que os faróis e a caixa de câmbio “conversem” com o GPS e mude a posição do facho de luz ao se aproximar de uma esquina ou reduza uma marcha antes de entrar em uma subida.
Mas tanta tecnologia tem seu lado negativo. “Nós recomendamos que nossos clientes usem apenas a rede de concessionárias para fazer a manutenção, pois alguns reparos exigem equipamentos de diagnóstico exclusivos”, afirma Marcelo Calongo, gerente de treinamento da Mercedes-Benz.
Até hoje, muita gente relaciona o termo ECU apenas aos sistemas de injeção eletrônica de combustível. As chamadas centralinas recebem dados provenientes de sensores no virabrequim e na borboleta para controlar a injeção de combustível feita pelas válvulas. Estas são as Engine Control Unit, ou unidade de controle do motor. Mas já são chamadas de ECM (Engine Control Module).
Os módulos eletrônicos em um automóvel são outras ECU, as Electronic Control Unit – unidade de controle eletrônico. Estas processam os sinais recebidos tanto de sensores como de outros módulos.
Há um bom exemplo disso por trás dos principais sistemas de segurança. Freios ABS, controle de tração e controle de estabilidade são controlados por um só módulo. Ele recebe sinais dos sensores localizados nos freios, na direção, nos pedais e também informações enviadas pela ECU do motor.
Este módulo consegue controlar a aplicação de força no freio de cada roda. É assim que o ABS evita que as rodas travem, que o EBD distribui a força enviada para cada roda e o ESP mantém a trajetória do veículo se alguma roda passa a ter mais aderência. De quebra, também opera o assistente de partida em rampa.
A comunicação entre módulos já foi feita por linhas dedicadas entre eles, mas isso se tornou inviável conforme os sistemas se tornaram extremamente complexos. Chicotes elétricos ficariam maiores e muito mais pesados, e os conectores com número de pinos limitados complicaria tudo.
Hoje a comunicação entre módulos é majoritariamente feita por meio do protocolo CAN bus (Controller Area Network), que funciona comunicando todas as centrais de um mesmo nível através de um barramento.
Essa comunicação não depende de um módulo: cada informação é enviada com um rótulo e só módulos que aceitam o rótulo receberão a informação.
Por exemplo, o módulo do câmbio envia a informação da marcha que foi selecionada, o módulo do quadro de instrumentos recebe e converte essa informação em um número no computador de bordo.
O próximo passo nesta área é aumentar a velocidade da comunicação entre os módulos. Não é à toa que o quadro de instrumentos digital de Polo e Virtus se comunica com a central multimídia por meio de fibra óptica.