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Querosene serve para limpar os bicos injetores?

A prática é tão antiga quanto duvidosa: não há registro de que funcione

Por José D'Elia
Atualizado em 23 abr 2021, 00h00 - Publicado em 14 dez 2015, 15h48
Galão de querosene
Querosene: ótimo em motor de avião, péssimo para seu carro (Divulgação/Internet)

Flagrei um taxista colocando no tanque o conteúdo de uma lata de querosene. Ele afirmou que serve para limpar o bico e manter o veículo regulado. É verdade? Qual é a proporção de mistura ideal entre gasolina e querosene? – Edson Roberto Coelho, por e-mail

A “lenda” de que misturar querosene ao combustível ajuda a limpar os bicos injetores tem origem bem antiga, principalmente entre os motores a diesel mais velhos, antes da adoção de tecnologias como a injeção direta de alta pressão.

Com o advento dos motores flex e os problemas de excesso de carbonização e pré-ignição causados pela diferença na taxa de compressão ideal para o etanol e a gasolina – muitas vezes ocasionados pela má qualidade do combustível – o assunto parece ter voltado à tona.

Mas, apesar de o querosene ser um subproduto do petróleo, não há registro de experimentos controlados que indiquem limpeza dos bicos injetores ou outro benefício por meio da adição de querosene ao álcool ou à gasolina.

abastecimento
Melhor dica para o momento: uso moderado do carro e paciência na hora de abastecer (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
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A rigor, o sistema flex não está preparado para identificar e fazer os ajustes necessários a uma mistura que inclua querosene e, com isso, o motor perde desempenho. Não é recomendável adotar essa prática em qualquer porcentagem.

Não é porque é inflamável que dá para usar

A recente crise de combustíveis trouxe à tona uma série de soluções caseiras, que ganharam fôlego com a propagação de fake news e correntes em mídias sociais.

Ajuda o fato das injeções eletrônicas terem ficado mais avançadas, o que pode transmitir a sensação que os motores conseguem lidar com qualquer líquido que pegue fogo.

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Ledo engano: a melhora da eficiência energética e a necessidade de um baixo nível de emissões tornou muitos propulsores até mais sensíveis a qualquer combustível que não seja o indicado pela fabricante.

Isso inclui, naturalmente, colocar diesel em motores flex/a gasolina (e vice-versa, claro) e qualquer outro líquido que não seja vendido em postos de combustível.

A exceção fica por conta do uso do álcool de farmácia em modelos flex ou movidos a etanol. Caso a substância tenha pureza igual ou superior a 95%, ela pode ser usada nesses tipos de carros.

O único porém fica pelo custo, consideravelmente mais alto do que o etanol combustível.

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