Já se vão mais de 20 anos desde que Fiat e a Chevrolet lançaram seus programas online de vendas. Os projetos duraram pouco: a internet da época e as telas opacas dos computadores não criavam o melhor ambiente para se configurar um Uno ou um Celta, além de não permitirem barganhar o preço.
Mas a semente virtual estava lançada, antecipando o potencial das ferramentas digitais para o mercado automotivo. Hoje há uma solução conectada para quase tudo. As facilidades têm sido implementadas por startups como a F1 Sales, que criou o ComparaCar (comparacar.com.br).
O serviço agrega os anúncios de diferentes portais e permite filtrar até se o carro da propaganda tem sistema multimídia compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Outra funcionalidade é, no caso dos modelos mais novos, a exibição da etiqueta do Inmetro com dados sobre eficiência energética.
Além disso, ao clicar em um dos modelos, um gráfico mostra os preços mínimo e máximo dos automóveis do mesmo tipo que estão disponíveis nos sites.
“Concluímos que os portais tinham características muito semelhantes, mas os consumidores precisavam ficar horas na internet procurando e comparando se os valores estariam justos ou não”, diz Alan Lewkowicz, CEO da ComparaCar. “Vimos uma grande oportunidade de trabalhar na busca e nas informações dos veículos.”
O desafio, contudo, é criar filtros mais eficazes. Hoje a inteligência artificial do site consegue identificar anúncios de modelos que passaram por leilões promovidos por seguradoras e, por isso, estão com preços muito abaixo do normal.
Mas ainda não é possível verificar se o veículo possui alguma restrição detectada em laudo de vistoria, o que também gera distorções nos valores. Outro cuidado da ComparaCar é não fazer parcerias com portais que permitem exibir anúncios de sucatas misturados aos de automóveis funcionais.
Essa preocupação é importante para preservar o modelo de negócio: como o serviço é gratuito, a rentabilização do portal vem da venda de espaços publicitários, sendo necessário ter credibilidade.
Há também soluções para acelerar o processo de venda e reduzir a burocracia. Essa é a proposta do aplicativo Unico Auto, que busca agilizar todas as etapas que vão da documentação à entrega do carro. O serviço permite que os revendedores realizem a comercialização online de veículos zero-quilômetro.
O material de divulgação da empresa afirma que o consumidor consegue acompanhar todo o processo pelo aplicativo, inclusive trâmites de emplacamento, indo à concessionária apenas para retirar o automóvel.
Helder Alves, diretor de produto da Unico, afirma que a digitalização dos processos e da papelada diminuiu o tempo médio de venda em 86%, passando de 14 para apenas dois dias em 800 autorizadas cadastradas Brasil afora. Opções para facilitar o financiamento também estão disponíveis no ambiente da internet.
Fundada em 2019, a fintech Dryve conecta dez bancos em uma jornada digital atrás de crédito para os compradores.
“É muito importante que o cliente já tenha encontrado o automóvel que deseja comprar, porque as informações sobre marca, modelo, ano e valor total a ser financiado são variáveis fundamentais nessa análise de crédito, juntamente com os dados pessoais”, explica Daniel Abbud, CEO e fundador da Dryve.
Ele diz ainda que cada instituição tem seus critérios próprios na hora de conceder dinheiro, como análise de histórico bancário, dívidas, pagamentos atrasados de outros parcelamentos e comprovação de renda.
Ou seja, a empresa não faz milagre caso o perfil do interessado seja incompatível com as exigências dos bancos, e tampouco pode prometer taxas camaradas no cenário atual.
“Em um ambiente de altas consecutivas de juros, é muito difícil brigar por tarifas menores em quase todas as modalidades de crédito, mas nos comprometemos a levar sempre a melhor condição ao cliente”, afirma Daniel. “No fim das contas, o mais importante é alinhar a expectativa com a realidade financeira, para evitar frustrações.”
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