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Testamos na prática o sistema de partida a frio de seis carros

Como se saíram seis carros flex que aposentaram o tanque auxiliar de gasolina

Por Ulisses Cavalcante
Atualizado em 24 nov 2023, 16h35 - Publicado em 19 set 2014, 14h12

Teste: partida a frio

Os motores flex impuseram uma nova rotina para quem tem automóvel. Vez ou outra é necessário verificar se o pequeno reservatório de combustível ao lado do motor está abastecido, sob pena de não conseguir ligar o veículo em dias frios. Mas essa preocupação está com os dias contados.

A gasolina desse tanquinho é injetada no motor quando se tenta dar a partida sob baixas temperaturas, já que o etanol tem menor poder calorífico em relação ao combustível fóssil. A nova geração de bicombustíveis está substituindo a tecnologia de dois tanques por um sistema que aquece o etanol antes de sua injeção nas câmaras de combustão. Quando a temperatura ambiente está baixa, e o carro está abastecido com álcool, em geral uma resistência elétrica entra em ação, aquecendo os bicos injetores antes de o motor de partida funcionar.

Reunimos uma turma de “sem tanque” e fomos passar frio em Campos do Jordão, a 170 km de São Paulo. A cidade atrai turistas que procuram um clima de inverno próximo de 0 ºC. E foi esse o atrativo que nos levou até lá. Chegamos no início da noite e começamos a monitorar a temperatura às 20h30, quando todas as cobaias estavam prontas para enfrentar a madrugada. Enquanto a equipe foi buscar uma lareira, os carros ficaram no sereno, sem touca – os capôs ficaram abertos.

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Os seis tanques foram esvaziados, abastecidos com etanol e, antes de parar, reabastecidos com o combustível vegetal. Os motores foram desligados ao mesmo tempo, no mesmo local. Para o processo seletivo dos carros, em vez de trazer um modelo de cada marca, optamos por representar as tecnologias disponíveis, com diferentes recursos, como motor de três cilindros, turbo, injeção direta e partida por start-stop.

Teste: partida a frio

Batendo os dentes

Duas horas depois, os motores de quem ficou ao relento já tinham perdido mais de 60% do calor. Após 9 horas, às 5h30 da manhã, fizemos o primeiro teste – a simulação de um pernoite. Demos a partida em cada carro seguindo as instruções do manual. A VW pede que o motorista gire a chave e aguarde a luz do sistema de aquecimento apagar, além de sugerir o acionamento da embreagem. Já a BMW não faz observações.

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Respeitando as orientações do fabricante, ninguém decepcionou. Up!, Sentra e Corolla levaram mais tempo para ligar, mas sem reclamar do frio. De manhã, havia uma película de gelo no teto do Toyota, cuja temperatura era de -1,9 ºC. Nem isso serviu de desculpas para fugir do serviço. O Up! levou 5 segundos até que a luz do aquecedor apagasse, para só então girarmos a chave. Feitas as medições, todo mundo voltou a dormir. Dessa vez, os carros hibernaram a céu aberto (e com os motores à mostra) por mais 24 horas.

Às 5h30 do dia seguinte, apesar do frio, estávamos prontos para o segundo teste. Decidimos ignorar o manual. A avaliação seria a seguinte: daríamos a partida sem conhecimento prévio dos procedimentos recomendados. A missão de ligar os carros ficou a cargo do designer Fábio Paiva. Foi ele quem enfrentou os assentos de tecido e couro sintético, cuja temperatura estava em cerca de 3 ºC. As condições eram iguais. Todos os carros passaram a noite com o capô aberto, com 100% de etanol no tanque, e enfrentaram exatamente a mesma rotina nos três dias que antecederam o teste.

Novamente, os sinais de preguiça para ligar foram sutis. O Sentra foi o mais demorado. Fábio pressionou o pedal de freio e, na sequência, o botão de partida do motor. Além das luzes no painel, nenhum sinal de combustão durante 6 segundos, tempo em que a resistência elétrica funcionou para aquecer a galeria de injeção. Sem outra intervenção, o motor de partida entrou em ação por 1,2 segundo até acordar o 2.0 16V do sedã.

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Nos dois testes, o grande guerreiro da gélida e montanhosa Campos do Jordão foi o Peugeot 208, o primeiro modelo de entrada a abandonar o tanquinho. Na média dos dois dias, foi o mais rápido para entrar em funcionamento. A equipe não teve de esperar o sistema aquecer em nenhum momento, e o motor de partida teve de girar pouco até que o motor começasse a trabalhar. Trata–se de um sistema semelhante ao que a Honda utiliza no Civic, Fit e CR-V, chamado de FlexOne.

Outro destaque foi o moderno 2.0 ActiveFlex do BMW 320, o primeiro motor turbinado bicombustível do país. A tecnologia foi desenvolvida na Alemanha exclusivamente para o mercado brasileiro e não exige que o motorista siga nenhum ritual quando o clima não estiver favorável para o álcool.

Teste: partida a frio

Leitura para o inverno

Quem vive em temperaturas abaixo de 10 ºC e quer um Sentra terá de se acostumar a entrar no carro, girar a chave (ou pressionar o botão) e aguardar entre 3 e 6 segundos até que o sistema esteja pronto. Se quiser um Up!, melhor ler o manual antes de encarar o frio. Tentamos dar partida no Volks por quatro vezes. Na primeira, o motor de partida girou por 17,2 segundos e… nada. Aguardamos 5 segundos e fizemos outra tentativa de 10,3 segundos, sem sucesso.

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Nas outras duas vezes, o motor elétrico trabalhou por mais 14,3 e 15,9 segundos. Nada de o motor ligar. Decidimos então seguir o manual: pressionamos a embreagem, giramos a chave até o primeiro contato e esperamos a luz do aquecedor apagar, para só então dar a partida. Foram 5,24 segundos de espera até que a luz do aquecedor apagasse. Na quinta tentativa, o motor de arranque levou 3,75 segundos para acordar o motor. Mas esse tempo merece uma lambuja: as quatro primeiras (e longas) tentativas podem tê-lo sobrecarregado.

Teste: partida a frio

Além de eliminar o incômodo tanquinho, os novos sistemas flex prometem reduzir as emissões de poluentes e aumentar a eficiência das partidas. Na maioria dos modelos, funciona assim: uma central eletrônica “acorda” quando a porta do motorista é aberta. Se a temperatura estiver baixa, esse mesmo comando inicia o pré-aquecimento de lanças elétricas, conectadas aos bicos injetores. São ela que aquecem o etanol, deixando o combustível na temperatura adequada. Só o Focus não usa a resistência elétrica, pois tem injeção direta. O combustível pressurizado é injetado diretamente na câmara de combustão. Uma vez lá, o aquecimento é feito pelo movimento dos pistões e pela própria compressão do ar.

Se você ainda duvidava da eficácia dos novos sistemas flex sem tanquinho, fique tranquilo. Curta o inverno e aproveite a economia (se ainda houver) do etanol. Pela manhã, o carro irá ligar.

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