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Citroën Traction Avant definiu os carros modernos há 90 anos

Com tração dianteira, suspensão independente, carroceria monobloco e freios hidráulicos, fez a Citroën tomar gosto pela ousadia técnica e estética

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 abr 2024, 17h00
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  • Só mesmo um projeto de grande impacto e popularidade consegue alcançar 23 anos entre a primeira e a última unidade fabricada. Foi o caso do Citroën Traction Avant, produzido pela Citroën de maio de 1934 a julho de 1957, salvo por um período da Segunda Guerra Mundial. Faz 90 anos que definiu como seriam os carros do futuro.

    Na engenharia e no estilo, poucos carros antes da guerra surpreenderam como ele, que estabeleceu a tradição da marca de encontrar soluções heterodoxas – e, na história da Citroën, poucos carros trouxeram tantas inovações quanto o Traction.

    Citroën Traction Avant 11 Normale 1950
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A maior delas, é claro, foi a que deu origem a seu nome, a tração dianteira. Mas este Citroën não era inovador só por isso. Também era novidade um carro feito em larga escala ter estrutura monobloco e usar barras de torção na suspensão dianteira e traseira, configuração rara até então.

    Desde 1930 o fundador da empresa, André Citroën, desejava produzir um carro com tração dianteira. Era uma ideia que o engenheiro e piloto André Lefèbvre já tentara desenvolver em vão quando estava na Renault. Havia casos isolados de carros com esse tipo de tração.

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    Citroën Traction Avant 11 Normale 1950
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Os conceitos mais primitivos, porém, eram completamente diferentes do que se viu após a criação do Traction Avant. A estrutura mecânica era organizada na seguinte ordem, a partir da grade: diferencial, câmbio, embreagem e motor, que invadia demais o espaço dos passageiros. Muito recuado, ele tracionava pouco as rodas, especialmente em subidas íngremes e pisos escorregadios. No projeto de Lefèbvre o câmbio passava a ficar à frente do eixo dianteiro, o que afastava o motor do habitáculo.

    11 Faux Cabriolet Traction Avant modelo 1938
    11 Faux Cabriolet Traction Avant modelo 1938 (Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)
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    Já a carroceria criada pelo italiano Flaminio Bertoni se destacava pela pouca altura, ressaltada pela ausência de estribos e pela baixa linha da cintura, o que mantinha o centro de gravidade mais próximo ao chão. Essas características fizeram da estabilidade uma das principais qualidades do Traction Avant.

    11 Faux Cabriolet Traction Avant modelo 1938
    (Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

    Sua história começou com três versões: 7A, com um quatro-cilindros 1.3 de 32 cv, 7B, com um 1.5 de 35 cv, e 7 Sport, com um 1.9 de 42 cv, todos com válvulas no cabeçote. O câmbio era de três velocidades e os freios, hidráulicos (o que também era avançado na época). Havia as carrocerias Berline (sedã), Faux Cabriolet (falso cabriolet, ou cupê) e Cabriolet (roadster). A produção logo atingiu 300 veículos por dia, apesar de as primeiras unidades terem problemas no motor e falta de rigidez na carroceria.

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    11 Faux Cabriolet Traction Avant modelo 1938
    Motor do 11 Faux Cabriolet Traction Avant modelo 1938 (Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

    Mas a evolução do modelo começaria sem demora. No Salão de Paris de 1934, a Citroën apresentou a versão 11, com motor 1.9 de 46 cv. No sedã ele era 14 centímetros mais largo e 40 centímetros mais longo que o projeto 7, com espaço para até nove passageiros em três fileiras de banco. O 7 Sport mudou de nome para 11 Légère (leve).

    11 Faux Cabriolet Traction Avant modelo 1938
    (Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

    Depois da guerra, a evolução do Avant prosseguiu mais lenta, tendo como destaques o porta-malas saliente de 1953 e a suspensão traseira hidropneumática do 15 Six no ano seguinte, recurso que mantinha o porta-malas nivelado, independentemente da carga, e prenunciou o sistema que equiparia o revolucionário Citroën DS.

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    11 Faux Cabriolet Traction Avant modelo 1938
    (Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

    Foi justamente o lançamento do DS, em 1955, o que fez o Traction Avant preparar sua saída de cena, formalizada em 1957, depois de 759.123 exemplares produzidos em suas variadas versões. Graças a ele, a imagem vanguardista da Citroën já estava enraizada havia mais de duas décadas.

    Ficha técnica – Citroën Traction Avant

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