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BMW M5 e a arte de transformar um sedã de luxo em foguete

O lendário BMW M5 de rua surgiu da união de um motor desenvolvido para competições com a plataforma de um sedã de luxo

Por Felipe Bitu
Atualizado em 22 set 2024, 12h29 - Publicado em 22 set 2024, 11h00
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  • CLASSICOS BMW M5 1
    Visual sóbrio dissimulava a agressividade do motor (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    A história da divisão de competições da BMW, a Motorsport, se inicia em 1972, ano em que a BMW recrutou pilotos como Jochen Neerpasch e Hans-Joachim Stuck para formar aquela que seria a equipe de maior prestígio no automobilismo europeu.

    Os avanços conquistados nesse período deram origem a um dos sedãs de Turismo mais rápidos e velozes do mundo: o M5.

    A saga do M5 começou com o lançamento do superesportivo M1, em 1978, que cerca de um ano depois teve uma versão de pista desenvolvida em parceria com a Lamborghini. Esse M1 tinha como objetivo enfrentar os Porsche mais poderosos em provas de longa duração.

    O M1 era impulsionado pelo motor M88 de seis cilindros, 3,5 litros e 24 válvulas. Mudanças drásticas no regulamento da categoria fizeram a BMW cancelar o projeto em 1981. Mas o trabalho não foi perdido.

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    Câmbio manual era de cinco marchas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Foi também em 1981 que a BMW apresentou o Série 5 de segunda geração (E28), nova base para o sedã esportivo M535i equipado com o motor M30B35 de 3,4 litros e 218 cv.

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    E não demorou para que os engenheiros cogitassem associar a nova plataforma ao motor M88. Robusto e confiável, o seis-cilindros tinha capacidade de sobra para encarar situações adversas do uso cotidiano.

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    A primeira aparição do M5 ocorreu no Salão de Amsterdã de 1985, ocasião em que os técnicos da BMW Motorsport apresentaram orgulhosos a versão civilizada do M88.

    Como no M1, havia um corpo de borboleta para cada cilindro: injeção e ignição eram gerenciadas pelo sistema Bosch Motronic, um dos responsáveis pelo torque de 34,7 kgfm a 4.500 rpm e pela potência de 286 cv a 6.500 rpm. A potência específica de 81,7 cv/l era notória para a época.

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    (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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    Esses números expressivos chegavam às rodas traseiras através de um câmbio manual Getrag de cinco velocidades. A aceleração de 0 a 100 km/h era realizada em espantosos 6,1 segundos, e a velocidade máxima chegava a 251 km/h, marcas superiores às de qualquer sedã de produção regular no mesmo período.

    A suspensão independente nas quatro rodas tinha estrutura McPherson no eixo dianteiro e braços semiarrastados no traseiro. O curso era reduzido em 1 polegada com calibração específica de molas e amortecedores para um rodar firme, mas ainda confortável.

    O comportamento dinâmico do carro era absolutamente neutro com leve tendência ao sobresterço no limite da aderência. Os freios eram a disco nas quatro rodas e o ABS vinha como item de série.

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    Este é o M5 mais cobiçado por colecionadores (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Discreto, o M5 abria mão de faixas e apêndices aerodinâmicos desnecessários. A sobriedade do estilo era realçada pelas rodas raiadas BBS de 15,3 polegadas e pelos nada exagerados pneus 220/55.

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    O padrão de cores destinado ao mercado europeu era dos mais alegres, com tonalidades sólidas ou metálicas de azul, prata, vermelho, branco, verde e até marrom. Mas a versão exportada para o mercado norte-americano vinha sempre na cor preta.

    A produção artesanal era evidenciada pela qualidade do acabamento interno. Bancos de couro (opcional) nas cores bege, preta, cinza, azul, vermelha ou branca (apenas preta ou bege nos EUA).

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    M5 ia de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Seu adversário mais próximo, o Mercedes-Benz 190 E 2.3-16, só teria uma versão à altura em 1991, quando o fabricante de Stuttgart lançou o 500E desenvolvido em parceria com a Porsche.

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    O exemplar mostrado aqui é uma das 1.340 unidades inicialmente destinadas ao mercado norte-americano.

    Detalhe: para atender normas de emissões mais rígidas, o motor M88 foi substituído pelo S38B35, que gerava 260 cv de potência, em função de uma taxa de compressão mais baixa e da instalação de um conversor catalítico.

    Para compensar a perda, a BMW reduziu a relação do diferencial de 3.73:1 para 3.91:1. Na pista, o carro passou a acelerar de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos, atingindo 237 km/h de velocidade máxima.

    No total, 2.205 unidades foram produzidas até 1987 (modelo 1988) e a fábrica sul-africana de Rosslyn acrescentou outras 36 em 1988.

    Considerado o melhor M5 de todos os tempos, o das fotos é o mais cobiçado pelos colecionadores. Embora igualmente notória, a segunda geração (E34) ficou civilizada demais na opinião de muitos especialistas.

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    Ficha Técnica – BMW M5 E28 1988

    Motor: 6 cilindros em linha de 3,5 litros, 34,7 kgfm a 4.500 rpm, 286 cv a 6.500 rpm
    Câmbio: manual de 5 marchas
    Carroceria: fechada, 4 portas, 5 lugares
    Dimensões: comprimento, 462 cm; largura, 170 cm; altura, 140 cm; entre-eixos, 262,5 cm peso, 1.551 kg
    Desempenho: Aceleração de 0 a 100 Km/h: 6,1 segundos; velocidade máxima de 251 km/h

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