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Como Dacon e Sulan transformaram o Passat em sedã com estilo de BMW

O VW Passat transformado foi produzido por duas empresas, Dacon e Sulam, para um público acostumado aos importados

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 Maio 2024, 07h00

Não é fácil descrever a sensação que o Passat causou no Brasil há quase 50 anos: o motor dianteiro refrigerado a água e o visual europeu impactaram profundamente o consumidor, ainda impressionado com o arrojo do SP2 e da perua Brasilia. O novo Volkswagen serviu de base para vários projetos de personalização, com destaque para os da concessionária paulistana Dacon.

Chefiada pelo engenheiro Paulo de Aguiar Goulart, a Dacon também era representante oficial da Porsche e poucos meses após o lançamento do Passat já oferecia equipamentos como teto solar, vidros elétricos, rodas e pneus mais largos, e um serviço de preparação do motor com taxa de compressão mais alta, comando de válvulas esportivo e dupla carburação horizontal.

Passat Sulam
Nem todos percebem: o vidro traseiro nada mais é que um para-brisa do próprio Passat, antecipando o estilo que o Ford Del Rey só apresentaria em 1981. Rodas estilo “disco de telefone” eram mais uma influência da Porsche (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Em 1976, o governo proibiu a importação de automóveis e bens de luxo: essa restrição fomentou o desenvolvimento de fabricantes nacionais dedicados à produção de modelos fora de série. A Dacon e tantos outros voltaram-se ao mercado de transformações, realizadas sobre modelos produzidos em série pela Volkswagen, General Motors, Ford e Fiat.

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Em 1978, surgem os primeiros Passat transformados pela Dacon: a limousine com 25 cm a mais entre os eixos (sempre com quatro portas) e as peruas Brake de duas e quatro portas. Entre os opcionais havia faróis retangulares (do Dodge Polara), ar-condicionado, bancos revestidos de couro, para-brisa laminado dégradé e desembaçador traseiro.

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Passat
A personalização interna era reforçada por volantes Porsche, console central com instrumentos do Passat TS e bancos revestidos de couro. Também havia opção por vidros elétricos e ar-condicionado e rádio toca-fitas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

 

O Passat de duas portas deu origem a três modelos distintos da Dacon: o 180 S era o mais chamativo, com novas colunas traseiras e um enorme vidro traseiro envolvente em formato de bolha. O 180 Targa, por sua vez, tinha vidros laterais menores e uma capota de lona sobre o banco traseiro. Mais sóbrio e elegante, o 180 D foi o modelo de maior sucesso da Dacon.

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“O 180 D foi desenvolvido para conquistar um público mais tradicional, que buscava conforto e discrição. Era uma proposta diferente da que era realizada até então, voltada quase que exclusivamente para a esportividade”, conta o veterano piloto Carol Figueiredo, um dos responsáveis pelo projeto na Dacon.

Passat
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

“A ideia, genial, veio toda da cabeça do Paulo Goulart: recortar as colunas traseiras e substituir o vidro traseiro por um para-brisa dianteiro, aproveitando a linha de cintura para finalizar o terceiro volume. Com isso conseguimos aquele visual harmonioso e que só era visto em modelos europeus como o BMW E21.”

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A baixa demanda fez com que o 180 S deixasse de ser oferecido: por outro lado a transformação do 180 D passou a ser realizada também na versão de quatro portas. Os modelos foram rebatizados na virada da década de 1980: o 180 D tornou-se Dacon 821, o 180 Targa virou Dacon 822 e o modelo de quatro portas era agora o Dacon 823.

O nível de personalização dos Passat continuou ilimitado: lanternas do VW Brasilia, conjunto de faróis redondos inspirados no VW Scirocco e cores exclusivas inspiradas no catálogo da Porsche. Do fabricante de Stuttgart vinham também volantes, espelhos retrovisores e até as lendárias rodas “disco de telefone” de 15 polegadas, originais do Porsche 924.

Passat
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Insatisfeito com a administração da Dacon, Carol Figueiredo deixa a empresa em 1982 para integrar o quadro societário da Sulam Equipamentos Esportivos Ltda. ao lado do amigo Zeca Giaffone. Divisão da Sulamericana Carrocerias Ltda., a Sulam foi criada em meados dos anos 1970 para produzir e distribuir karts.

“A amizade com o Paulo Goulart continuou a mesma, tanto que tive total liberdade para produzir o 821 na Sulam”, explica Carol. “Obviamente agora ele era conhecido como Passat Sulam, mas poucas unidades foram transformadas: o consumidor VW migrou para o Voyage e a partir de 1983 a moda era personalizar picapes grandes como Chevrolet C-10 e Ford F-100.

“A transformação em si custava o mesmo valor de um Passat e a personalização poderia custar mais um Passat apenas em acessórios: não foi à toa que ele ganhou o apelido de “carro dos jogadores de futebol”– conta o colecionador Rafael Santos.

Apesar de manter um domínio ativo na internet, a Sulam está com seu CNPJ inapto por omissão de declarações desde 2022.

Passat
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ficha técnica – Passat Sulam 1983

Motor: dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.781 cm3, alimentado por carburador de corpo duplo; 92 cv a 5.000 rpm, 14,9 kgfm a 2.600 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: fechada, 2 portas,  5 lugares
Dimensões: comprimento, 441 cm; largura, 168 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 247 cm
Peso: 1.046 kg
Pneus: 185/60 R14

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