Relâmpago: Revista em casa a partir de 10,99

Fiat mais caro da história, 130 Coupé conquistou até Enzo Ferrari

Ele foi o modelo mais caro e exclusivo já produzido pela Fiat, mas ficou devendo um motor à altura de sua esportividade

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
9 fev 2025, 15h14
clássicos | FIAT 130 BERLINA / COUPé
Criações Pininfarina: a semelhança com Ferrari 365 GT4 2+2 salta aos olhos (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Continua após publicidade

Plenamente recuperada, a Europa dos anos 1960 já estava preparada economicamente para consumir automóveis tão sofisticados quanto os que inundaram o mercado norte-americano logo após o término da Segunda Guerra Mundial. Foi o momento ideal para a aparição de superesportivos e automóveis de classe internacional como o Fiat 130.

A primeira aparição do 130 ocorreu no Salão de Genebra de 1969: um sedã (Berlina) de quatro portas com 4,75 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 2,72 metros entre os eixos e um estilo retilíneo assinado pelo designer Felice Mario Boano, caracterizado pelos três volumes bem definidos, linha de cintura baixa e ampla área envidraçada.

clássicos | FIAT 130 BERLINA / COUPé
Folgas entre painéis da carroceria: resultado da produção artesanal (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Desenvolvida pelo projetista Dante Giacosa, a carroceria monobloco contava com suspensão independente nas quatro rodas, que também recebia freios a disco. Sob o capô estava um motor de seis cilindros em V e 2,8 litros projetado por ninguém menos que Aurelio Lampredi (engenheiro que trabalhou para Isotta Fraschini e Ferrari): seus 140 cv a 5.400 rpm eram apenas suficientes para embalar os 1.570 kg do sedã.

Compartilhe essa matéria via:

Item de série, a transmissão automática BorgWarner seguia o padrão do mercado com apenas três marchas. A lista de opcionais incluía ar-condicionado, vidros com acionamento elétrico, diferencial autoblocante, rodas de liga leve, ignição eletrônica, bancos revestidos de couro e o câmbio manual ZF de cinco marchas.

Continua após a publicidade
clássicos | FIAT 130 BERLINA / COUPé
Padrão de acabamento digno de italianos como Lancia, Maserati e Alfa Romeo. Revestimento de couro era opcional (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O objetivo da Fiat era bem claro: disputar com modelos de prestígio como BMW Neue Klasse e Mercedes-Benz W 114. O acabamento interno era esmerado, com uma qualidade de construção inimaginável para um Fiat: bancos confortáveis para cinco ocupantes e um painel com velocímetro em escala horizontal.

O fato é que poucas pessoas se convenceram a pagar tão caro por um automóvel de uma marca com tradição nos segmentos mais populares. Para alavancar suas vendas, a Fiat encomendou ao encarroçador Sergio Pininfarina um cupê ainda mais exclusivo. Desenhado por Paolo Martin e Leonardo Fioravanti, o 130 Coupé foi apresentado no Salão de Genebra de 1971 com personalidade própria e totalmente distinta do 130 Berlina.

clássicos | FIAT 130 BERLINA / COUPé
(Fernando Pires/Quatro Rodas)
Continua após a publicidade

Com 4,48 metros, o Coupé era ligeiramente maior que o Berlina e consideravelmente mais avançado em estilo, com destaque para os quatro faróis retangulares. Era ainda mais caro que o Berlina, figurando na mesma faixa de preço do BMW E9 e Mercedes C107. Curiosamente, custava pouco menos que um Fiat Dino Coupé.

Sob o capô estava o mesmo V6 projetado por Lampredi, mas com cilindrada ampliada para 3,2 litros: a potência saltou para 165 cv a 5.600 rpm e o novo motor também passou a impulsionar o Berlina. Ainda assim o 130 deixava a desejar frente à concorrência: nunca acelerou de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos e jamais superou a barreira dos 200 km/h.

clássicos | FIAT 130 BERLINA / COUPé
Painel com instrumentação completa, incluindo manômetro e termômetro de óleo (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Continua após a publicidade

Apesar da baixa performance, o conforto de rodagem cativou proprietários ilustres como Enzo Ferrari, Sophia Loren e Marcello Mastroianni. “Há pelo menos quatro unidades do 130 Coupé registradas no Brasil”, conta o especialista Alexandre Galindo. “Uma delas pertenceu ao comendador Ermelino Matarazzo. O exemplar das fotos foi importado para o industrial Luigi Papaiz e permanece aos cuidados de sua família.”

O acabamento interno e a qualidade de construção também mereciam destaque: o Coupé era produzido em escala artesanal na lendária fábrica da Pininfarina em Grugliasco. O 130 Berlina serviu de base para a perua 130 Familiare, que teve apenas quatro unidades produzidas. Foram encomendadas pela família Agnelli, para servir os irmãos Gianni e Umberto. O 130 Coupé inspirou o desenvolvimento da perua Maremma, cujo único exemplar foi exibido no Salão de Turim de 1974.

clássicos | FIAT 130 BERLINA / COUPé
Desenvolvido por Aurelio Lampredi, o V6 tinha números de torque e potência bem conservadores (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A produção do 130 Berlina foi encerrada em 1976, com pouco mais de 15.000 unidades. O 130 Coupé permaneceu em linha até meados de 1977: menos de 4.500 unidades deixaram a fábrica. O 130 foi a primeira e última investida da Fiat no segmento premium, mas hoje é disputado por colecionadores no mundo todo.

Continua após a publicidade

Ficha Técnica – Fiat 130 Coupé 1974

Motor: longitudinal, 6 cilindros em V, 3.235 cm3, alimentado por carburador de corpo duplo
Potência: 165 cv a 5.600 rpm
Torque: 25,5 kgfm a 3.400 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira
Carroceria: fechada, 2 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 484 cm; largura, 176 cm; altura, 138 cm; entre-eixos, 272 cm; peso, 1.555 kg
Pneus: 205/70 VR 14

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.