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Grandes Brasileiros: Ford Corcel II GT

A sigla GT e o preto fosco nos detalhes insinuavam desempenho galopante, mas ele era manso por natureza

Por Felipe Bitu | Fotos: Marco de Bari
Atualizado em 6 nov 2022, 16h05 - Publicado em 9 abr 2013, 11h34
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  • A partir da linha 1979, perdeu o capô preto. O farol de neblina tornou-se a principal diferenciação na dianteira
    A partir da linha 1979, perdeu o capô preto. O farol de neblina tornou-se a principal diferenciação na dianteira (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O Ford Corcel II era a grande novidade da Ford em 1978, a esperança da marca para reanimar um projeto com dez anos de mercado. Com desenho de linhas retas e angulosas e sem abrir mão de robustez e economia, ele evoluiu em espaço e segurança. Seu pecado era o desempenho, superior só na versão GT.

    Pouca coisa, na verdade: o pequeno motor de . 372 cm3 recebia um carburador de corpo duplo, que fornecia 4 cv extras, incapazes de emocionar o mais pacato dos motoristas: a máxima subia de 136,8 para 145,6 km/h e o 0 a 100 km/h caía de 20,8 para 17,5 segundos, como mostrava o teste na edição de janeiro de 1978.

    Com 950 kg, o conjunto não era digno de ostentar as iniciais GT, mas em tempos de gasolina cara visual esportivo não era defeito desde que o consumo fosse baixo. Com média de 11,04 km/l, não estava entre os mais econômicos, porém cuidava bem do bolso.

    Faixa lateral reforçava ar esportivo, dando a impressão de ser mais baixo do que é
    Faixa lateral reforçava ar esportivo, dando a impressão de ser mais baixo do que é (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O melhor era passear devagar exibindo a esportividade do capô e do teto pintados de preto. Para completar, havia faróis de neblina e pneus 185/70 R13 em rodas pretas com sobrearos de aço escovado.

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    No interior, o excelente padrão de acabamento Ford, sempre em preto. Havia um pequeno contagiros no painel e, no console, o termômetro de água e o manômetro de óleo, todos de leitura difícil. O volante exclusivo tinha boa pega, mas a direção, apesar de precisa, era leve acima dos 120 km/h.

    Volante forrado de couro com raios de metal: exclusivo do GT
    Volante forrado de couro com raios de metal: exclusivo do GT (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Tudo conspirava contra sua imagem: a barra estabilizadora dianteira mais grossa era incapaz de conter a rolagem da carroceria (a suspensão continuava voltada ao conforto) e os freios eram os mesmos, colaborando para o comportamento abaixo do esperado, ainda mais quando comparado à referência, o VW Passat.

    No modelo 1979, assim como no resto da linha, viria o motor de 1.555 cm3 – e a potência subiria de 76 para 90 cv (SAE). A única alteração exclusiva era a carcaça do filtro, com mais entradas para melhorar o fluxo de ar.

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    O motor de 1.555 cm3 e 90 cv era o mesmo do Corcel comum
    O motor de 1.555 cm3 e 90 cv era o mesmo do Corcel comum (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O câmbio perdia maciez e precisão em troca da quinta marcha, que melhorava a máxima (150,6 km/h) e o consumo (13,56 km/h), inferior ao de muito carro menor. Com o diferencial mais curto, ele ficava mais rápido: 0 a 100 km/h em 15,9 segundos, como mostrava a edição de fevereiro de 1979.

    Nos números, a diferença entre o Corcel comum e o novo GT era discreta, pelo menos até a primeira curva. Toda revisada, a suspensão desceu 1,3 cm e ficou mais firme, graças a molas dianteiras de maior carga.

    As rodas eram do Corcel II, mas pintadas de preto e com sobrearo
    As rodas eram do Corcel II, mas pintadas de preto e com sobrearo (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    Para não comprometer o conforto, as traseiras não mudaram, mas o eixo ganhou uma barra estabilizadora para reduzir a rolagem da carroceria, que parecia mais baixa com as novas faixas pretas laterais, como no carro da foto, um modelo 1979 recém-adquirido por um colecionador paulista. Com o maior equilíbrio, até as frenagens melhoravam.

    Com o fim do Maverick, em 1979, o GT passou a ser o único esportivo da Ford. Neutro com leve tendência ao subesterço, ele transmitia segurança também em alta velocidade. Mas, com fama de lento e apelo restrito ao visual, o GT não resistiu à concorrência e encerrou sua breve carreira em 1981.

    Teste QUATRO RODAS – Fevereiro de 1979

     

    Ficha Técnica – Ford Corcel II GT 1979

    Motor longitudinal, 4 cilindros em linha, 1555 cm3, carburador de corpo duplo
    Diâmetro x curso 79,9 x 83,5 mm
    Taxa de compressão 8:1
    Potência 90 cv (SAE) a 5600 rpm
    Torque 13 mkgf a 4000 rpm
    Câmbio manual de 5 marchas, tração dianteira
    Dimensões comprimento, 446,8 cm; largura, 166 cm; altura, 133,8 cm; entre-eixos, 243,8 cm
    Peso 950 kg
    Suspensão dianteira independente com braços triangulares inferiores e simples superiores
    Suspensão traseira eixo rígido com braços tensores longitudinais
    Freios disco na frente e tambor atrás
    Direção pinhão e cremalheira
    Pneus 185/70 R13 radiais
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