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Volkswagen Voyage 4 portas micou no Brasil, mas teve segunda chance

Sucesso em vários países, o modelo mais prático da família BX só foi valorizado pelos brasileiros no final de sua carreira

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 out 2024, 07h00
VOLKSWAGEN voyage 4 portas
Os faróis mais afilados surgiram no modelo 1991 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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“Para abrir atrás, só as janelas”, dizia a publicidade do Fusca em 1963, onde três crianças eram vistas completamente soltas no banco traseiro. Fortíssimo, o apelo emocional consolidou a preferência dos brasileiros por automóveis de duas portas, mas prejudicou o sucesso dos VW com quatro portas: 1600, TL, Passat, Brasilia e Voyage.

Segundo modelo da família BX, o Voyage surgiu em 1981 como três-volumes do Gol, idealizado pela equipe do engenheiro alemão Philipp Schmidt especialmente para o Brasil.

Em 1983, a carroceria de quatro portas começou a ser produzida nas fábricas de Taubaté e San Justo (Argentina). As quatro portas faziam com que o Voyage parecesse ser maior e mais baixo que o modelo com apenas duas portas. As portas traseiras favoreciam o embarque e desembarque, mas não faziam milagre: a distância entre os eixos era cerca de 11 cm menor, comparado ao Passat.

VOLKSWAGEN voyage 4 portas
A harmonia proporcionada pelas quatro portas lhe garantiu o apelido de “mini-Santana” (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Havia três níveis de acabamento: S, LS e GLS, todos impulsionados pelo motor MD-270 movido a gasolina, com 1,6 litro e 72 cv (gasolina) ou 81 cv (etanol).

O câmbio era de quatro marchas, mas a versão intermediária LS era a única a oferecer duas opções de escalonamento: convencional e tipo 3+E, com relações mais longas para redução do consumo. Equipado com esse câmbio, o Voyage 4 portas acelerou de 0 a 100 km/h em 14 segundos, com médias de consumo de 10,2 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada. Seus 910 kg colaboravam para o baixo consumo, que só não era melhor em razão de sua aerodinâmica deficiente: graças a ela sua velocidade máxima estancou nos 156 km/h.

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VOLKSWAGEN voyage 4 portas
Teto alto, em relação ao Gol, favoreceu a configuração (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Apesar de suas virtudes, o Voyage 4 portas deixou de ser oferecido aqui em 1985: a publicidade mencionando as travas de segurança nas portas traseiras não convenceu as famílias que ainda transportavam crianças soltas no banco de trás.

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Situação oposta ocorria na Argentina: naquele mercado o Voyage 4 portas foi rebatizado de Gacel e foi o primeiro VW produzido naquele país. Em outros países da América Latina ele recebeu o nome Amazon, e nos EUA ele foi denominado Fox, recebendo cerca de 2.000 modificações para atender as especificações daquele mercado.

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VOLKSWAGEN voyage 4 portas
Volante deslocado para a direita era padrão ergonômico na época (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Essa situação só mudaria com a ascensão do Fiat Prêmio, cuja versão de quatro portas ganhou popularidade. O Voyage 4 portas retornou ao mercado em 1990, agora produzido em São Bernardo do Campo: perdeu os quebra-ventos nas portas dianteiras e ganhou o aclamado motor VW AP a gasolina, com 1,8 litro e 95 cv.

Em 1991, a Volkswagen aproveitou a abertura do mercado aos importados para trazer um de seus maiores sucessos na Argentina: o Voyage Special.

VOLKSWAGEN voyage 4 portas
Painel com teclas satélite eram herança do Fox americano. Estepe roubava espaço do porta-malas (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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VOLKSWAGEN voyage 4 portas
(Fernando Pires/Quatro Rodas)
VOLKSWAGEN voyage 4 portas
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Baseado no VW Senda (um Gacel reestilizado), o Voyage Sport usava o motor 1.8S do Gol GTS e vinha equipado com rodas de liga leve, ar e acabamento interno com console e estofamento exclusivos. A única opção era a cor da carroceria: Preto Ônix, Cinza Platino ou Azul Nassau.

O exemplar das fotos é um dos últimos a serem produzidos no Brasil, em 1992: a partir de então todo Voyage 4 portas passou a ser importado da Argentina. A oferta da direção hidráulica foi a última alteração significativa do produto até o encerramento da produção, em 1995: o Voyage só retornaria ao mercado em 2008, desta vez apenas com quatro portas.

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VOLKSWAGEN voyage 4 portas
Versão brasileira oferecia conta-giros apenas como opcional (Fernando Pires/Quatro Rodas)
VOLKSWAGEN voyage 4 portas
O motor VW AP marcou época pela confiabilidade e eficiência (Fernando Pires/Quatro Rodas)
VOLKSWAGEN voyage 4 portas
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ficha Técnica

VW Voyage GL 1.8 4 portas 1992
Motor: diant., long., 4 cil. em linha, 1.781 cm3, alimentado por carburador de corpo duplo. Potência: 88 cv a 5.200 rpm. Torque: 14,7 mkgf a 3.400 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: fechada, 4 portas, 5 lugares
Dimensões: comprimento, 407 cm; largura, 160 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 235,8 cm; porta-malas 219 l, peso, 996 kg
Pneus: 175/70 SR 13

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Teste

ed-0383 - Voyage Classicos
(Reprodução/Quatro Rodas)

JUNHO 1992
ACELERAÇÃO 0 a 100 km/h, 11,84 s
VEL. MÁX. 161,9 km/h
PREÇO  Cr$ 37.271.950 (junho de 1992)
Atualizado: R$ 46.360 (INPC-IBGE)

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