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Acusada de fraude, Nikola lança caminhão elétrico de 1.300 cv com a Iveco

Caminhão elétrico megalomaníaco tem quase 740 kWh de capacidade de baterias e terá até versão a hidrogênio

Por Henrique Rodriguez, de Hannover (Alemanha)
Atualizado em 20 set 2022, 13h11 - Publicado em 20 set 2022, 11h38
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  • Enquanto a Iveco usa o IAA Transportation 2022 para fazer o lançamento comercial dos seus caminhões elétricos, criados por meio de uma joint-venture com a norte-americana Nikola, Trevor Milton, fundador da Nikola, enfrenta procuradores dos EUA que pedem 25 anos de prisão para o executivo sob alegação de fraude.

    Por trás de caminhões elétricos e a célula de hidrogênio com quase 1.300 cv, e a promessa de 800 km de autonomia, está uma empresa que gerou frenesi no mercado de ações anos atrás com a promessa de ser a nova Tesla. Trevor Milton seria o novo Elon Musk.

    Nikola Tre
    Nikola Tre (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    Em comum, porém, apenas o nome das empresas, que prestam uma homenagem ao inventor sérvio pai da corrente alternada, Nikola Tesla.

    A má fama da empresa tende a ser superada com o lançamento do Nikola Tre, um caminhão elétrico para uso rodoviário com plataforma própria, mas com cabine que remete ao Iveco S-Way. Esse segmento será explorado pela Iveco apenas com a marca Nikola. O nome Tre, três em italiano, reforça isso.

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    As especificações técnicas são as mais absurdas entre todos os caminhões elétricos mostrados no evento deste ano, em Hannover. Um eixo elétrico (eAXLE) exclusivo, desenvolvido pela FPT, que combina dois motores capazes de entregar um pico de 1.290 cv e 459 kgfm de torque. A entrega de potência contínua garantida é de 652 cv.

    Nikola Tre
    Nikola Tre (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    O gigantesco conjunto de baterias soma capacidade de 738 kWh. A promessa é de autonomia superior a 530 km. Em carregadores de 350 kW, a recarga de 80% levaria 1h30.

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    De acordo com a fabricante, o Nikola Tre é indicado para transportes regionais, com velocidades médias de 70 km/h e até 4h de uso contínuo com cargas volumosas, mas não tão pesadas. O PBT é de 44 toneladas.

    Dentro da cabine, uma tela sensível ao toque de 17 polegadas inclinada em direção ao banco do motorista serve como interface de multimídia e controle de todo o caminhão. Os instrumentos são exibidos em uma tela de 12,4 polegadas.

    Nikola Tre
    Nikola Tre (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    A versão a hidrogênio é ainda mais tecnológica e complexa. O design é completamente diferente por conta das necessidades aerodinâmicas e de arrefecimento dos sistemas de conversão catalítica para geração de energia.

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    Os cilindros de hidrogênio são alocados atrás da cabine, um espaço que a própria fabricante chama de mochila. Os números de potência e desempenho são os mesmos, mas a autonomia poderá superar os 800 km com 70 kg de hidrogênio – reabastecidos em 20 minutos – e bateria de 164 kWh. Isso, pelo menos, nesta versão “beta”. O lançamento comercial está previsto para 2024.

    Nikola Tre
    Nikola Tre (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

    Um passado obscuro

    A Nikola era uma empresa desconhecida e ainda não havia produzido nenhum veículo quando firmou parcerias com Iveco e General Motors. E logo o valor de mercado da empresa se tornou equivalente ao valor da Ford.

    Por trás do crescimento exponencial, alegações mentirosas. Milton alegava que a picape Nikola Badger havia sido concebida pela própria empresa, mas havia sido terceirizada. A gota d’água, porém, foi um vídeo do enorme caminhão a hidrogênio Nikola One andando.

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    Ele realmente se movimentava, mas não por meios próprios: o caminhão apenas estava descendo uma ladeira. Investigadores afirmaram que o caminhão não era funcional, ao contrário do que a empresa alegava.

    Embora Milton tenha se desligado da Nikola e chegado a um acordo extrajudicial com os investidores para pagar US$ 125 milhões em danos, o processo segue.

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