Fabricante de carro movido a energia solar, Lightyear anuncia falência
Meses após lançar o Lightyear 0, fabricante holandesa anuncia fim das atividades. Gestores do processo acreditam que nem tudo está perdido
Nas redes sociais de QUATRO RODAS, são vários os leitores que questionam algo que parece óbvio: por que carros elétricos não trazem painéis solares? Seria a solução perfeita para, ao menos, acrescentar autonomia aos modelos, certo?
Nem tanto. Na vida real, isso é pouco viável devido a fatores como eficiência das placas fotovoltaicas, custo da tecnologia e, claro, a viabilidade do carro em locais menos ensolarados. Mesmo assim, marcas que vão da Toyota à Lightyear vêm investindo na ideia — essa última acaba de declarar falência, inclusive.
A fabricante holandesa anunciou em seu site o pedido de falência da subsidiária Atlas Technologies que, na prática, é responsável pela produção do seu único carro, o Lightyear 0, lançado há poucos meses.
“A Lightyear lamenta ter que fazer este anúncio a todos os empregados, clientes, investidores e fornecedores”, disse a nota. Ao todos, são cerca de 600 funcionários afetados, sem contar aqueles da fábrica do modelo, na Finlândia.
Vida curta
À venda há poucos meses, o Lightyear 0 já dava ideias de sua complexidade no preço, de aproximadamente US$ 250.000 (cerca de R$ 1,2 milhão). Produzido em ritmo aproximado de um carro por semana, ele utilizava 5 m² de paineis solares em seu teto e capô, a fim de complementar a bateria de 60 kWh.
Essa combinação, afirmava a marca, era suficiente para 625 km de autonomia, em ciclo WLTP. Ainda mais impressionante era o anúncio de que, a 110 km/h, o alcance na estrada seria de 560 km — desses, 70 km vindos da energia solar. Outras promessas complicadas incluíam a capacidade de acrescentar 300 km de alcance apenas ligando o carro à tomada doméstica (um Tesla nas mesmas condições ganharia 38,4 km).
O Lightyear 0 traz um motor em cada roda, totalizando 170 cv e incríveis 175,4 kgfm. Outros componentes de alto desempenho incluem carroceria extremamente aerodinâmica e com paineis em fibra de carbono e bomba de calor, cerca de três vezes mais eficiente que um aquecedor convencional.
Entre os próximos passos do pedido de falência, é necessário cuidar da dispensa dos funcionários e decidir o futuro das patentes desenvolvidas para o carro. Mesmo assim, os responsáveis pelo processo acreditam o Lightyear 2 — até então um mero projeto — pode sobreviver e ganhar vida num futuro. O desafio é ainda maior, dado que o modelo era cotado para ser uma opção mais acessível, com preço abaixo dos US$ 50.000.