Hoje a maior fabricante independente de automóveis da China, a Great Wall Motor também quer figurar entre as grandes no Brasil. Foi em evento na planta de Iracemápolis (SP), comprada da Mercedes-Benz em 2021, onde a Great Wall Motor Brasil lançou seu projeto para o mercado brasileiro e deu mais detalhes acerca dessa empreitada. Ou seja, até a sua fábrica no Brasil já está garantida.
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Sua primeira ofensiva por aqui começa no final de 2022, ainda com carros importados. O início da produção local, porém, já está previsto para meados de 2023. Até lá, a empresa trabalhará na modernização de sua fábrica e também em sua ampliação, sob um aporte de de mais de R$ 4 bilhões entre 2022 e 2025.
A intenção da Great Wall é elevar a capacidade produtiva de 20.000 unidades para 100.000 unidades/ano até 2025, quando prevê alcançar a marca de 2.000 empregados diretos e um índice de nacionalização de 60%. Os outros 40% têm explicação.
Todos os Great Wall fabricados em Iracemápolis serão híbridos ou elétricos. Será a primeira fábrica do Brasil 100% dedicada a veículos eletrificados. Não à toa, também instalará uma rede de eletropostos no Brasil.
Também já está planejado um segundo ciclo de investimentos, de aproximadamente R$ 6 bilhões para o período entre 2026 e 2032. Além disso, a fabricante criará um centro de pesquisa e desenvolvimento em Iracemápolis, onde pretende desenvolver, também, a tecnologia de célula de combustível de etanol. No total, serão investidos mais de R$ 10 bilhões em uma década.
Apenas carros conectados
A Great Wall Motor (ou GWM) foi fundada em 1984 e só começou a exportar seus veículos em 1997. Hoje, é a sétima fabricante de automóveis mais valiosa do mundo, produz o sétimo SUV mais vendido do mundo (o Haval H6) e a quarta picape mais vendida do mundo (a GWM Poer). Embora seja desconhecida no Brasil, tem bom desempenho em vendas em países vizinhos, como Uruguai, Argentina e Chile.
A meta global da Great Wall não é nada modesta: liderar o mercado de eletrificados no mundo até 2025. Por isso, vê o Brasil como um mercado grande e estratégico. Inclusive, a fábrica brasileira será um hub local de exportação.
Além de programar sua estreia do Brasil já com uma fábrica praticamente pronta, a ofensiva da Great Wall também promete um pacote de equipamentos diferenciado e sem precedentes. Todos os seus carros serão equipados com tecnologias autônomas de nível 2 e compatíveis com rede 5G.
A nova plataforma de carros híbridos da empresa ainda terá a chamada Plataforma Digital CFF, com atualização Over The Air (OTA), por meio da internet. A intenção é oferecer mais que atualização da central multimídia, mas também otimizar os sistemas de condução semiautônoma, os comandos de voz e o uso de inteligência artificial – capaz de fazer reconhecimento facial do motorista para adaptar as configurações do carro a ele.
Três marcas e apenas picapes e SUVs
A Great Wall não especificou, neste primeiro momento, quais serão seus primeiros carros no Brasil. E tem motivo para isso: a maior parte dos seus SUVs chegarão ao Brasil ou em nova geração ou com especificações técnicas diferentes das comercializadas hoje na China.
Esta próxima geração de veículos só começará a ser apresentada na China em abril, no Salão de Pequim. “Todos esses carros à venda na China são de uma geração lançada há dois ou três anos. O Brasil receberá, em primeira mão, os carros da próxima geração”, disse Oswaldo Ramos, COO da marca no Brasil.
Contudo, a fabricante chinesa deu spoiler. Trará ao brasil três das suas seis marcas de veículos. A Haval será dedicada a SUVs urbanos, enquanto a Tank será dedicada a SUVs off-road de luxo. Já a Poer ficará com as picapes, que prometem ser disruptivas no segmento por um simples motivo: serão picapes médias híbridas.
O Brasil receberá SUVs baseados em uma nova plataforma voltada para carros híbridos e híbridos do tipo plug-in com autonomia elétrica de até 200 km. Ou seja: a bateria será grande o suficiente para que o veículo seja usado como um elétrico no dia a dia, mas que não sofrerá com limitação de autonomia em longas viagens graças ao suporte de um motor a combustão – que também será capaz de atuar como gerador.
Além de híbridos convencionais, com motor elétrico apenas dentro do câmbio, os híbridos plug-in estarão com motor 1.5 turbo combinado a uma bateria de 45 kWh (quase tão grande quanto a de um carro elétrico pequeno).
Esse sistema híbrido Plug-in é proprietário da GWM, com todos os componentes (inclusive a bateria) fabricados por empresas do mesmo grupo. Há três configurações, com potência entre 230 e 430 cv e torque entre 41,8 e 77,7 kgfm. Há opções com um ou dois motores traseiros.
Desta forma, a aceleração de 0 a 100 km/h ficará entre 7,2 e 4,8 segundos, com consumo variando entre 75 e 208 km/l. Por sinal, todos eles terão tração 4×4, graças ao uso de dois motores elétricos no eixo traseiro.
Para os elétricos, a Great Wall apenas ressaltou que possui cinco motores para aplicação em seus veículos, com potência entre 61 e 272 cv, e que está trabalhando em um novo conjunto de baterias sem cobalto que permitirá autonomias entre 400 km e mais de 800 km.
Até mesmo a picape média GWM Poer será eletrificada, ou seja, híbrida. Trata-se de uma configuração que também não existe ainda lá fora. Mas já se sabe que é uma picape promissora pela boa reputação em mercados da Asia e Oceania.
Por lá, a picape é vendida com motor 2.0 turbo a gasolina de 200 cv, que pode ser gerenciado por câmbio manual de seis marchas ou automático de oito. Este último, fornecido pela ZF, é o mesmo da nossa VW Amarok. Seu porte é um pouco maior que o de uma Toyota Hilux: 5,36 m de comprimento, 1,88 m de largura e altura, e 3,23 m de entre-eixos.
Ao todo, serão lançados 10 modelos até 2025. O primeiros, ainda importados, serão lançados entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023. Os carros nacionais serão os com maior volume de vendas e serão lançados no segundo semestre de 2023.
Mais tarde, chegará a marca ORA, dedicada a carros elétricos premium. A GWM a vê como uma marca de nicho em um primeiro momento, mas espera que ela ganhe relevância conforme sua rede de eletropostos comece a se estabelecer.
O plano da Great Wall é ter concessionárias nas principais cidades brasileiras. Mais especificamente 130 concessionárias em 112 cidades até o meados de 2023, quando iniciará a comercialização dos carros nacionais. “Nós não podemos lançar uma picape média sem ter concessionárias no interior do Brasil”, disse Oswado Ramos já sinalizando que a picape média será nacional.