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Por que carros elétricos têm consumo em km/l no Brasil?

Em vez de usar padrão de consumo mais usual para carros elétricos, Inmetro converte o consumo energético para km/l; entenda

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 jul 2024, 17h47 - Publicado em 22 jul 2024, 10h00
ORA 03 GT
BYD Dolphin Plus e GWM Ora 03 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Capacidade da bateria e autonomia são as principais referências para carros elétricos e híbridos plug-in. O consumo de eletricidade costuma ser apresentado em kWh/km ou em kWh/100 km, mesmo no computador de bordo. Mas essa medida não é utilizada oficialmente no Brasil.

Todo carro vendido no Brasil é submetido ao Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), que padroniza e registra as emissões de dióxido de carbono e consumo de combustível em ciclo urbano e rodoviário de cada carro homologado no Brasil.

Essa padronização é importante, pois permite uma comparação justa entre os números obtidos por cada carro. E também permite a classificação em ranking de consumo em cada categoria, geral e também quanto às emissões, com notas que vão de A (mais eficiente) a E (menos eficiente).

 “Os valores de consumo energético e emissões publicados pelo PBE Veicular são obtidos a partir de medições de consumo efetuadas em pista e em laboratório, de acordo com os padrões da norma ABNT NBR 7024, para carros a combustão e híbridos; e baseados na metodologia norte-americana da Society of Automotive Engineers (SAE) – J1634, para veículos elétricos”, diz Victor Gomes Simão, coordenador do PBEV.

Volvo EX30
Volvo EX40 (Divulgação/Volvo)

Essa normalização leva a uma questão curiosa: os carros elétricos também têm seu consumo apresentado em km/l (quilômetros por litro).

Um BYD Dolphin Mini é apresentado com consumo urbano de 58,6 km/l e rodoviário de 41,9 km/l. Já o Volvo EX40, que acaba de entrar na tabela do Inmetro com seu novo nome,  tem consumo urbano de 39,4 km/l e rodoviário de 34,3 km/l.

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Mas eles não queimam nenhum litro de combustível.

A confusão é maior com carros híbridos plug-in, que apresentam dois consumos em km/l: um da medição tradicional, com o veículo utilizando a combinação do motor a combustão com motor(es) elétrico, e outro consumo apenas para seu modo elétrico.

BYD King
BYD King (Divulgação/BYD)

Foi isso que levou muita gente a interpretar que o BYD King, um híbrido plug-in tem um consumo de mais de 44 km/l. Mas não é isso que acontece. Na verdade, todo híbrido plug-in tem duas condições de consumo apresentadas no PBE do Inmetro. Por exemplo, os números do King são os seguintes:

Gasolina Elétrico – Quando VE ou VEHP Consumo energético (MJ/km)
Cidade (km/l) Estrada (km/l) Cidade (km/l e) Estrada (km/l e)
BYD King GL 16,8 14,7 44,2 36,7 0,50
BYD King GS 16,3 14,3 43,3 32,7 0,54

O Inmetro sempre divulga os valores de consumo em km/l e MJ/km (Mega Joules por quilômetro, uma unidade que usa para medir energia), mesmo para carros elétricos. De acordo com o órgão, o kWh/km não é utilizado por ainda não estar definido como uma unidade de medida padronizada para consumo veicular. A tabela completa pode ser acessada aqui.

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Como um carro elétrico tem consumo em km/l?

Dolphin Mini
Dolphin Mini tem consumo equivalente a 58,6 km/l de acordo com o Inmetro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O que o Inmetro faz com os carros elétricos é calcular seu consumo de energia elétrica em Wh/km e converter para MJ/km. Com esse dado, é feito o cálculo do consumo em km/l considerando a densidade energética da gasolina.

E aqui a reportagem poderia se tornar uma aula de física. Resumindo bem:

  • 1 kWh tem energia equivalente a 3,6 MJ
  • 1 litro de gasolina tem energia equivalente a 28,99 MJ

Convertendo em termos mais palpáveis, quer dizer que 124,1 ml de gasolina tem a mesma energia que 1 kWh

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A equação utilizada pelo Inmetro para obter o consumo de carros elétricos é a seguinte:

Aeqg = DEg / CEel

Onde:

Aeqg = autonomia equivalente à gasolina em km/l

DEg = densidade energética da gasolina em MJ/l

CEel = consumo de energia elétrica em MJ/km

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O resultado obtido por esta fórmula é apenas um consumo equivalente e, por isso, é apresentado pelo Inmetro em colunas diferentes dos números de consumo normais. É identificado como “km/l e”, ou “quilômetro por litro equivalente” e os números são realmente bons.

Mercedes EQE
Mercedes EQE (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mesmo quando se trata de um carro híbrido plug-in (chamados de VEHP pelo Inmetro), esse consumo diz respeito apenas ao consumo energético deste carro quando em modo elétrico.

Na prática, essa conversão do consumo energético dos elétricos e híbridos plu-in para quilômetros por litro só serve para comprovar como os motores elétricos são muito mais eficientes do que um motor a combustão.

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Os motores a gasolina mais eficientes da atualidade dependem da assistência de sistemas híbridos para chegar a algo próximo dos 47%. Quer dizer que de todo calor gerado pela combustão, só 47% é aproveitado na conversão em energia mecânica, em trabalho.

Novo motor elétrico (eDrive da Magna)
Este motor eDrive da Magna tem eficiência de 93% (Magna/Divulgação)

Motores utilizados em carros elétricos e híbridos modernos ultrapassam os 95% de eficiência térmica e já existem alguns que podem chegar aos 97%. Ou seja, quase toda energia consumida é transformada em movimento.

Voltando ao BYD King, seu grande mérito é ser o híbrido plug-in mais eficiente do Brasil quando em modo elétrico. Mas quando funciona em modo híbrido, pelo padrão de medição exigido do Inmetro, o Toyota Corolla ainda é mais eficiente que ele.

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