SUVs elétricos 0 km saem a preço de Kwid após falência da Fisker
Empresa está tentando vender mais de 3.000 unidades do SUV Ocean por uma média de R$ R$ 74.840
A novela da Fiker está longe de acabar. A start-up de veículos elétricos fundada por Henrik Fisker, um famoso designer que já trabalhou na BMW e Aston Martin, está passando por um complicado processo de falência, mas parece ter encontrado uma luz no fim do túnel. A empresa encontrou quem comprasse os 3.231 SUVs elétricos Ocean que sobraram. O preço, por sinal, é uma pechincha.
A interessada, de acordo com o Wall Street Journal, é a American Lease, uma empresa de leasing (forma de assinatura com opção de compra ao fim do contrato) que atua em Nova York. Ao todo, ela pretende pagar U$ 46,5 milhões de dólares, o que dá uma média de U$ 14.000 por SUV, aproximadamente R$ 74.840. É quase o preço de um Renault Kwid Zen, versão de entrada do compacto que está custando R$ 73.640.
Para ser mais detalhista, a American Lease pagará U$ 16.500 (R$ 90.566) por veículos “em bom estado de funcionamento”, U$ 2.500 (R$ 13.722) pelos danificados e U$ 3.200 (R$ 17.564) pelos defeituosos. A Fisker agora corre para conseguir a permissão do juiz do Tribunal de Falências de Delaware, que supervisiona seu caso, para concretizar a venda.
Em uma audiência de urgência realizada na última quarta-feira, os advogados da Fisker entraram com o pedido para vender, inicialmente, 200 unidades do Ocean para American Lease até 12 de julho pelo total de U$ 2,8 milhões, que serão usados para pagar salários e outras empresas.
Atualmente, a Fisker tem um quadro de 179 funcionários, mas pretende reduzir para 138. Vale ressaltar que, segundo o diretor de reestruturação, John DiDonato, o CEO Henrik Fisker e a CFO e COO Geeta Gupta-Fisker ainda estão na folha de pagamento. O executivo não revelou qual o salário de ambos, mas informou que eles estão ”sob modificação” e possivelmente “sofrerão diferimentos”.
Além da dívida com funcionários, a Fisker também deve cerca de cerca de US$ 1 bilhão no total a todos os seus credores quirografários — aquele que não possui garantia real ou privilégio especial sobre o patrimônio do devedor. Os advogados desses credores já manifestaram insegurança sobre a venda dos veículos para a American Lease, alegando que não existe garantia dos que os seus clientes receberão esse dinheiro.
Outro motivo de preocupação para os credores é a dívida que a Fisker tem com a Heights Capital Management, maior credor da montadora que chegou a emprestar mais de US$ 500 milhões em 2023.
Dessa dívida, a startup ainda deve U$ 190 milhões. Na última audiência, um advogado da Heights afirmou que a venda dos carros para a American Lease “talvez pagaria uma fração da dívida garantida”.
Mas antes de garantir a venda, a Fisker ainda precisa resolver seus problemas internos. Recentemente, foi descoberto um problema na bomba de água do Ocean. Ele se soma a defeitos anteriores que geraram recalls no SUV, como as maçanetas que travavam, impedindo os motoristas de entrar ou sair dos carros, e um problema no módulo do trem de força, que poderia entrar erroneamente em um modo de proteção e causar perda de potência.
Depois que a venda for concretizada, a Fisker “não terá mais nenhuma obrigação de reparo ou manutenção dos veículos, e os carros serão vendidos ‘como estão’, sem garantias expressas ou implícitas”. A montadora deverá manter o software do Ocean atualizado até a versão 2.1, mas concederá à American Lease a licença para acessar “todo o código-fonte relevante ou outros elementos operacionais de software proprietário”.