Teste: Fiat 500e cativa pela nostalgia e toca música clássica em movimento
Totalmente elétrica, a terceira geração do modelo continua apertada, mas compensa com muita diversão, beleza e tecnologia
Lançado em 1957, o Fiat 500 chega à sua terceira geração com a maior evolução de todos os tempos: ele passa a ser totalmente elétrico e, por isso, também foi rebatizado de 500e. Apresentado em 2020 na Europa, o modelo já está à venda também no Brasil. Veja todos os detalhes no vídeo abaixo e mais fotos na galeria que está no final da matéria.
O 500e é um belo exemplo de como se fazer a reinterpretação de um clássico, já que ele é praticamente idêntico às duas gerações passadas, mas com evidentes avanços visuais e tecnológicos. Isso faz com que o modelo mantenha seu apelo emocional e nostálgico, e adicione predicados modernos para conquistar o público.
Preços, revisões e dimensões do Fiat 500e
Por aqui, o subcompacto chega na versão única Icon, de R$ 239.990. Os preços das revisões confirmam as teorias de que carros elétricos têm menores custos de manutenção por terem menor quantidade de partes móveis e menos fluidos. Tanto que os intervalos são de 15.000 km e não 10.000 km como nos Fiat a combustão.
Veja os valores:
- 15.000 km ou 1 ano: R$ 160
- 30.000 km ou 2 anos: R$ 448
- 45.000 km ou 3 anos: R$ 160
- 60.000 km ou 4 anos: R$ 448
- 75.000 km ou 5 anos: R$ 160
- 90.000 km ou 6 anos: R$ 448
Somadas, as seis primeiras revisões saem por R$ 1.824.
Nas dimensões, o modelo é ligeiramente maior do que o anterior, de 2007. São 3,63 metros de comprimento (9 centímetros a mais), 1,68 m de largura, 1,53 m de altura e 2,32 m de entre-eixos. O porta-malas, por sua vez, continua com os mesmos 185 litros e abriga o conjunto de reparo dos pneus e o carregador doméstico. As rodas são de 16 polegadas com pneus 195/55 do tipo runflat, ou seja, não há estepe.
Principais itens de série do Fiat 500e
O 500e Icon tem pacote fechado de equipamentos, ou seja, tudo o que você vê nas imagens, é item de série. Não há nenhum opcional disponível.
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Entre os itens estão: teto solar elétrico, faróis full LED automáticos (incluindo facho alto), luz de circulação diurna, lanternas de LED, 6 airbags, sensor de chuva, câmera de ré, espelhos retrovisores internos com desembaçador, carregador de smartphones por indução, wi-fi nativo e quadro de instrumentos digital com tela de 7 polegadas. A central multimídia tem 10,25 polegadas, e Android Auto e Apple CarPlay, ambos com conexão sem fio.
Há também um pacote de sistemas de auxílio à condução, com: piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa (com alertas e correção ativa), frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, detector de fadiga, leitura de placas de velocidade, sensores de estacionamento 360º, assistente de estacionamento e alerta de pontos cegos.
O 500e sai de fábrica com duas chaves para usos diferentes. Existe a comum, presencial e com os tradicionais botões de travar e destravar as portas, acender os faróis e destravar o porta-malas. Há também uma segunda chave, apenas presencial, que pode ser submersa em até 15 metros de água por até 1 hora. Esta é dedicada a quem pratica esportes e não pode deixar a chave do veículo em qualquer lugar.
Motor, bateria, recarga e autonomia do 500e
A nova geração do Fiat 500 é puramente elétrica, não há qualquer previsão de versões a combustão. Assim, aqui no Brasil, o modelo chega com motor elétrico de 118 cv de potência e 22,4 kgfm de torque. Uma das características mais marcantes dos elétricos é a disponibilidade imediata de todo o torque, o que rende agilidade (veja mais abaixo no teste do 500e).
O sistema elétrico é composto por uma bateria de 42 kWh e 350V. A autonomia declarada pela fábrica é de 320 km, porém, a Fiat garante que o alcance pode chegar a até 460 km. Para isso, a velocidade máxima é limitada a 150 km/h.
A marca diz que o modelo pode ser recarregado em até 4 horas em carregadores wallbox de 11kW e pode chegar aos 80% em 35 minutos em carregadores ultra-rápidos de até 85kW. Também é possível recarregar o veículo em tomada doméstica.
Visual com toque clássico
A aparência é uma das características mais marcantes do 500e, já que ele une a nostalgia à modernidade. Na dianteira, os faróis continuam sendo compostos por quatro círculos, dois de cada lado, agora compostos por LEDs. Os círculos mais baixos são vazados, com a parte central na cor da carroceria. Já os superiores são divididos pelo corte do capô, formando uma espécie de “sobrancelha”.
Pela primeira vez, porém, o 500 substitui o logo da Fiat pelo nome do próprio veículo, deixando claro seu caráter disruptivo na marca.
De lado, mais referências ao passado, como no formato da carroceria e o uso de cromados nas janelas. Porém, também há inovações, como a maçaneta embutida e o repetidor de seta na lateral, que não se rendeu ao modismo e não foi para os retrovisores. No 500e, os piscas parecem surgir do capô como asas, em um efeito visual interessante.
As rodas são de 16 polegadas, sempre com pintura em grafite e pneus 195/55. O desenho é simples, mas pessoalmente tem seu charme. Na traseira, as lanternas têm um belo arranjo interno, sem perder a identidade do clássico 500. Já as luzes de neblina e ré foram deslocadas para a base do para-choque.
São quatro cores diferentes para a carroceria: Nero Onice (preto), Bianco Ghiaccio (branco), Grigio Minerale (cinza fosco) e Verde Oceano, que é a cor da unidade testada, e produz um interessante efeito camaleão, variando entre tons de verde e azul de acordo com a incidência de luz.
Interior e espaço interno
O painel do Fiat 500e é bem minimalista, já que a maioria dos comandos ficam na central multimídia, ou no quadro de instrumentos digital. A parte central do painel repete sempre a cor da carroceria e, em volta tem uma borda prateada. Apesar de não ter materiais emborrachados, os plásticos utilizados são boa qualidade e aparência agradável.
Ele também tem vários detalhes escondidos, como o número 500 atrás da central multimídia, um desenho do modelo antigo com a inscrição “Made in Torino” no puxador das portas e o desenho da cidade de Torino no carregador por indução. O volante é sempre de couro com a parte externa em um tom mais claro, igual ao dos bancos, que têm o nome do carro e da Fiat bordados. Os ajustes dos bancos são manuais.
Uma curiosidade, e que lembra carros mais antigos, é o vão deixado onde normalmente se tem um console central com porta-copos e alavanca de câmbio. No 500e, o porta-copos fica embutido em uma tampa que pode ser aberta neste vão e o câmbio e tem acionamento por botões. Além do câmbio, da partida do motor e do freio de estacionamento, as portas também são abertas por botões.
A central multimídia, de 10,25 polegadas, tem diversos modos de personalização de telas, funções e até da cor de fundo, que pode repetir a cor do carro. O funcionamento do sistema é muito bom, é rápido e intuitivo.
O quadro de instrumentos tem 7 polegadas, também com boa leitura e vários modos de visualização.
Espaço é o maior problema do 500e. Mesmo quem vai na frente não tem tanto espaço assim, é tudo bem justo. Pelo menos, na dianteira o teto é bem alto e a largura é boa para os ombros. Nos bancos traseiros, porém, é praticamente impossível dar ao menos uma carona a um adulto. As pernas dos ocupantes ficam pressionadas nos bancos dianteiros e a cabeça raspa no teto. Além disso, o 500e é restrito a apenas quatro ocupantes.
Como é andar no 500e?
Não despreze a aparente pouca potência do Fiat 500e, com seus 118 cv. Graças aos 22,4 kgfm de torque instantâneos, ele tem acelerações e retomadas muito rápidas. E esse é o foco dele, ser rápido e ágil em situações corriqueiras, como no trânsito urbano. E ele atinge o objetivo.
As acelerações podem não ser tão bruscas como nos concorrentes Peugeot 208 e-GT e Mini Cooper S E, já que o 500e tem um temperamento mais suave e progressivo, até para ser mais confortável e seguro nas cidades. Mesmo assim, ele tem números de desempenho que impressionam.
Nos nossos testes, o 500e foi de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos. Isso é só 0,2 segundo mais lento do que o 208, que tem uma proposta bem mais esportiva, e mais rápido do que o Renault Zoe, que fez 9,1 segundos e é mais potente com seus 135 cv.
Ele também vai bem na autonomia. Na ficha técnica, a Fiat apresenta a autonomia de 320 km. Na vida real, porém, a marca aponta que o modelo pode ficar entre 270 e 460 km de alcance, variando de acordo com os modos de condução e a forma com que o motorista conduz o veículo. São três modos: normal, range e sherpa – este último é o mais econômico e limita a velocidade máxima a 80 km/h.
A dirigibilidade do 500e lembra muito a da segunda geração do 500, que foi vendida no Brasil até 2017. É aquele tipo de carro que transmite solidez pelo peso que é possível sentir no acelerador e na direção. Apesar de ter sido corrigida em relação ao modelo anterior, a posição de dirigir continua alta, também como em carros mais antigos e voltados para uso urbano. Ainda em relação à antiga geração, ele perdeu os freios traseiros a disco, que passaram a ser a tambor no elétrico.
A suspensão parece ter passado por uma boa tropicalização para chegar ao Brasil, com funcionamento ideal para o solo esburacado brasileiro. O ajuste é totalmente voltado para o conforto, permitindo que o veículo passe por imperfeições do solo sem grandes problemas, a altura em relação ao solo garante a integridade dos para-choques e o trabalho dos amortecedores é bem silencioso. Isso é bom, principalmente num carro elétrico, que não faz barulho.
Quer dizer, mais ou menos.
Em manobras e velocidades até 20 km/h, o 500e produz um ruído futurístico do lado de fora, para alertar aos pedestres que um veículo se aproxima. Acima dos 20 km/h, o ruído se transforma em um assovio bem agudo, quase imperceptível.
Mas a graça está na melodia que o carro toca quando atinge os 21 km/h: um trecho da música tema do filme Amarcord, composta por Nino Rota. A sinfonia é executada do lado de fora do veículo, em alto e bom som. Por isso, quem está do lado de dentro também consegue ouvir – ainda que em menor volume. É apenas uma brincadeira a mais, mas diverte e reforça a alma clássica (e italianíssima) do 500e.
Porém, a música só toca ao chegar aos 21 km/h pela primeira vez após ligar o veículo. Em caso de paradas e retomadas que cheguem a esta velocidade, a melodia não se repetirá. Para ouvir novamente, é preciso desligar e ligar o carro e, aí sim, acelerar para ouvir os acordes mais uma vez.
Veredicto
Mesmo com tanta modernidade, o Fiat 500e mantém sua alma clássica e continua conquistando pela emoção. Isso sem contar os inúmeros detalhes do modelo e a divertida dirigibilidade. O conjunto da obra faz do 500e um dos elétricos mais legais do mercado brasileiro.
Galeria de fotos
Ficha Técnica – Fiat 500e
Motor: elétrico, dianteiro, 118 cv, 22,4 kgfm
Câmbio: automático, 1 marcha, tração dianteira
Suspensão: indep., McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 195/55 R16
Dimensões: comprimento, 363,1 cm; largura, 168,3 cm; altura, 152,7 cm; entre-eixos, 232,2 cm; porta-malas, 185 l; peso, 1.352 kg
Autonomia: 320 km
Teste de desempenho – Fiat 500e
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 8,7 s
0 a 1.000 m: 31,2 s – 147,7 km/h - Velocidade Máxima: 150 km/h
- Retomada:
D 40 a 80 km/h: 3,5 s
D 60 a 100 km/h: 4,6 s
D 80 a 120 km/h: 6 s - Frenagens:
60/80/120 km/h: 14/25,8/59 m - Ruído Interno
Neutro/rpm máx.: -/- dBA
80/120 km/h: 61,5/70,4 dBA - Consumo:
Urbano: 6,4 km/kWh
Rodoviário: 6,2 km/kWh - Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: – - Seu bolso
Preço básico: R$ 239.990
Garantia: 3 anos
Concessionárias: 520