Comprar um carro de um particular ou em feiras livres em geral permite que você encontre ótimas ofertas. Mas também traz risco maior de deparar com um carro roubado. É preciso ter cuidado com esses supostos negócios da China.
Dados criminalísticos indicam que cerca de 40% dos veículos roubados ou furtados no país não são recuperados e acabam em desmanches ou têm seus documentos fraudados e são vendidos no mercado de usados aqui ou em países vizinhos. Outra pesquisa feita por empresas de vistoria afirma que 7% dos usados à venda no Brasil possuem restrição por furto ou roubo.
A fraude pode até não ser identificada na hora da transferência do automóvel para seu nome, porém dificilmente ela passará despercebida no momento de uma vistoria no Detran ou em blitze policiais. E, se isso acontecer, o carro será devolvido ao devido proprietário, deixando você com o prejuízo e a dor de cabeça de poder ser chamado a depor como portador de mercadoria roubada.
Hoje, já existem formas rápidas de se checar a placa e o registro de um carro, como o aplicativo Sinesp Cidadão e o portal do Denatran e os sites do Detran de cada estado. Há também as empresas de vistoria e inspeção que analisam tanto o histórico como as condições atuais de um automóvel.
Mesmo assim, as dicas abaixo são fundamentais para que você consiga verificar a procedência e identificar algumas técnicas de adulteração utilizadas pelos ladrões por conta própria.
De olho no documento do carro
No Brasil, há quadrilhas especializadas em roubo e revenda de veículos que invadem as Circunscrições Regionais de Trânsito (Ciretrans) e furtam documentos para adulterar os dados dos Certificados de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV), o documento de porte obrigatório.
Mas com o advento da versão digital do documento, o CRLV-e, é possível confirmar a veracidade dos dados que constam no documento pela internet, por meio de um QR code. É importante atentar, também, ao CRV, o certificado de registro do veículo. Carros vendidos há mais tempo ainda podem ter o documento físico para transferência.
Vidros devem ser checados
Mesmo que não suspeite de fraude, é sempre aconselhável que o motorista cheque a numeração do chassi gravada nos vidros. Para isso, é preciso ver se há sinais de adulteração ou se o número confere com o do documento. Se não houver nada gravado em algum deles, pode ser apenas um indício de que o carro foi batido e o vidro foi trocado.
Como os números às vezes são impressos em caracteres com formato quadrado, é possível transformar o “0” ou o “9” em um “8”, por exemplo. Procure por marcas de polimento no local de gravação ou diferenças na textura na superfície do vidro.
Outra forma de adulteração comum é lixar os vidros para obter uma nova numeração. Nos dois casos, é possível identificar a fraude colocando uma folha branca por dentro do vidro. Se houver algo errado, você perceberá que a sombra do número original vai aparecer sobre o papel.
Verifique a autenticidade da placa
As novas placas Mercosul não têm lacre e foram perdendo dispositivos de segurança com o passar do tempo, para ficarem mais baratas. O único dispositivo que pode ser usado para verificar sua autenticidade é o QR code.
Quando a placa tem um QR code válido, é possível acessar informações do carro como os últimos cinco números do chassi, estado e município de registro do veículo, marca e modelo, ano de fabricação e ano/modelo, além dos dados de quem estampou a placa. Essa checagem é feita por meio do app Vio, da Serpro.
Ainda que a placa Mercosul possa ter facilitado clonagens, vale fazer a consulta da placa do carro usado.
Numeração do motor
A numeração no motor é fixada num plaqueta ou marcada em baixo-relevo no bloco – mas nem sempre está visível. Cuidado com números desalinhados e sinais de solda, lixa ou adulteração dos rebites.
Além disso, no cofre do motor há também uma etiqueta de identificação, assim como na coluna da porta do passageiro e quase sempre no assoalho. Essas etiquetas têm o número final do chassi e são autodestrutíveis, ou seja, não é possível retirá-las sem que estraguem.
Peças com marcação de data
Procure em algumas peças a data de fabricação. É mais fácil de vê-la nos vidros e na etiqueta do cinto de segurança, mas também está impressa em mangueiras, rodas, radiador, reservatório de fluido de freio, entre outros. Por exemplo, um carro fabricado em 2007 não pode ter peças de 2008.
Caso note alteração de apenas uma dessas peças, pode ser sinal de que o carro foi batido e ela foi trocada. No entanto, se as contradições ocorrerem em vários locais, pode ser indício de carro roubado.