Novidade da linha 2015, a terceira geração do Ford Ka foi desenvolvida no Brasil a partir da plataforma do Fiesta. O resultado não poderia ter sido melhor e o modelo seguiu firme, figurando entre os carros mais vendidos do Brasil até o dia que a Ford decidiu encerrar a produção de automóveis no Brasil: 11 de janeiro de 2021.
A partir daquele dia, o Ford Ka e o Ford EcoSport, que também vendia relativamente bem, ganharam a desconfiança do consumidor brasileiro. Mas, três anos depois, ainda são bons carros e não sofrem com falta de peças: há milhares de carros que precisam continuar rodando, o que também fomenta o mercado de peças paralelas. Mas houve desvalorização, e isso pode representar uma oportunidade.
Popularíssima, a versão SE com motor de 1 litro é a que fez maior sucesso. Entre seus itens de série há ar-condicionado, direção elétrica, vidros dianteiros elétricos, rádio com USB e Bluetooth, limpador, lavador e desembaçador traseiros, chave canivete, maçanetas e retrovisores na cor do carro, painel com conta-giros e indicador de troca de marcha, porta-malas com abertura elétrica e regulagem de altura para coluna de direção.
Vale a pena procurar pela versão SE Plus, que acrescenta vidros traseiros com acionamento elétrico e central multimídia Sync.
Mais segura, a versão de topo SEL conta com ESP, assistente de partida em rampa, ajuste de altura do banco do motorista, computador de bordo, faróis de neblina, lanternas escurecidas, grade dianteira com aplique cromado e rodas de liga leve aro 15.
Os motores do Ford Ka
Todas são embaladas pelo motor 1.0 TiVCT de três cilindros, com dois comandos de válvulas variáveis para render 80/85 cv (g/e).
Bem distribuído em todas as faixas de rotação, o torque de 10,2/10,7 kgfm (g/e) chega às rodas dianteiras através de um câmbio manual de cinco marchas e relações bem escalonadas.
Quem gosta de acelerar deve optar pelo motor Sigma de 1.5 e 105/110 cv (g/e). O torque de 14,6/14,9 kgfm (g/e) o faz acelerar de 0 a 100 km/h em 11,4 segundos sem comprometer o consumo: ele faz 11,9 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada.
O Ka ficou mais equipado no modelo 2016: a versão SE ganhou faróis de neblina e a SEL recebeu retrovisores com comando elétrico. Ambas com Isofix. Em 2018, chegou a nova versão S (sem vidros elétricos e sistema de som com Bluetooth) e a aventureira Trail, com suspensão elevada e pneus de uso misto.
Levemente retocado, o modelo 2019 recebeu reforços estruturais na carroceria, coxins hidráulicos e a central Sync 3 com tela de 6,5” sensível ao toque, acionamento por voz e compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay.
Sob o capô, o novo motor Dragon 1.5 Ti-VCT, com três cilindros, potência de 128/136 cv (g/e), novo câmbio manual MX65 com dupla sincronização nas três primeiras marchas e opção de câmbio automático 6F15 de seis marchas. A versão Trail foi substituída pela FreeStyle (e seu inusitado painel marrom) e a refinada versão Titanium surgiu no topo da linha, mas só durou até meados de 2020.
Problemas e defeitos do Ford Ka
Correia dentada No motor Dragon 1.5 ela é projetada para durar 160.000 km, mas sua vida útil depende muito da regularidade com que as trocas de óleo foram realizadas: uso de lubrificante fora da especificação e diferente do Motorcraft também pode resultar em problemas.
Câmbio manual: falha no atuador da embreagem pode resultar em arranhadas nas trocas rápidas, o que costuma ser solucionado com a troca do componente. Nos câmbios até 2018 às vezes é preciso trocar o conjunto de anéis sincronizadores.
Coxins: dificuldade no engate das marchas, trancos na partida do motor e vibração excessiva são sintomas de fim
de linha para os coxins do motor usados até 2018. O ideal é sempre verificar a integridade das borrachas.
Suspensão: o defeito mais conhecido é a folga nas hastes dos amortecedores, que provoca barulho e exige a substituição. Os problemas são agravados pelo desgaste das buchas de bandeja da suspensão dianteira e também nas bieletas (nas unidades com barra estabilizadora).
Ventoinha: caso relativamente comum no 1.0 TiVCT: o eletroventilador perde o balanceamento original e começa a apresentar falhas de funcionamento que podem levar o motor a um superaquecimento. O reparo custa cerca de R$ 500 (mão de obra e componente).
Transmissão automática O câmbio 6F35 exige a substituição do fluido a cada 240.000 km, mas ainda assim pode ocorrer queda de pressão hidráulica devido à saturação do filtro. Mas está muito longe de ser problemático como o câmbio Powershift, de dupla embreagem, usado até essa reestilização.
Cabeçote: são muitos os casos de carbonização excessiva, situação que compromete o assentamento das válvulas e grande perda de torque e potência. A única solução é a remoção e limpeza do cabeçote, procedimento caro e trabalhoso.
A voz do dono
Nome: Léo Magno Tonetto
Idade: 36 anos
Profissão: empresário
Cidade: Canoas (RS)
O que eu adoro: “direção elétrica levíssima, perfeita para percursos urbanos. O motor 1.0 TiVCT surpreende pelo rendimento. Baixo custo de manutenção: peças muitas vezes mais baratas na concessionária.”
O que eu odeio: “irrita ter que acionar a embreagem para ligar o motor, que fica devendo maior fôlego nas retomadas. A falta do marcador de temperatura é falha grave e a suspensão traseira poderia ser mais eficiente.”
Preços e desvalorização do Ford Ka
Preços das peças do Ford Ka
Nós dissemos
Agosto de 2014: “o motor três-cilindros 1.0 é um dos destaques do projeto. (…) com variador de fase tanto nas válvulas de admissão como nas de escape (…). Ao volante, o Ka tem um comportamento similar ao do HB20, com suspensão mais macia que a do Up! e direção (elétrica) que só perde em leveza para o Toyota Etios.”
Pense tambem em um…
Hyundai HB20: ele tem porta-malas de 300 litros e o motor 1.0 turbo de três cilindros, com injeção direta e 120 cv. O acabamento é caprichado e há sempre quatro airbags de série. As versões mais caras adicionam central multimídia, ESP e partida sem chave. São cinco anos de garantia e baixos custos nas revisões.