O Renault Sandero RS é um raro exemplo de esportivo nacional que foi além do visual: sofreu alterações de fábrica em motor, câmbio, suspensão e freios sem cobrar muito por isso. Desenvolvido pela área de competições Renault Sport, ele é mais que um Sandero 2.0.
O motor F4R do Duster foi recalibrado: com bloco de ferro, cabeçote 16V e admissão variável, faz 150/145 cv a 5.750 rpm, entregues de maneira linear graças ao torque de 20,9/20,2 mkgf a 4.000 rpm.
Um motor que responde de maneira imediata devido ao câmbio manual de seis marchas e peso de 1.161 kg.
O resultado é um peso/potência de 7,7 kg/cv, imbatível para um carro que custava menos de R$ 60.000 na estreia, em setembro de 2015. Ao volante, parece ser mais rápido que os 10 s do seu 0 a 100 km/h.
Isso se deve às modificações em suspensão, direção (virou eletro-hidráulica) e freios (disco nas quatro rodas).
No painel há um seletor para três modos de condução: Normal, Sport (altera resposta do acelerador e ronco do motor) e Sport+ (desliga o ESP).
Tudo isso fez do RS um carro frequente nos track days: os donos dizem que ele suporta muito bem um dia inteiro na pista.
Mas nem tudo são flores: o acabamento interno é o ponto mais crítico, com diversos ruídos provocados por plásticos de baixa qualidade rígidos e mal encaixados. Presente até em modelos novos, o problema se agrava nos modelos com maior quilometragem.
O alto consumo de combustível é outro problema, mas natural em função do comportamento arisco que instiga a uma tocada agressiva. Ainda assim, o Sandero RS se mostra uma opção prática e viável para o dia a dia.
Não se iluda com os bancos esportivos, volante menor e detalhes vermelhos no interior: o pacote de segurança deixa a desejar com dois airbags (até 2020) e controles de tração e estabilidade.
Há também a série numerada de 1.500 carros RS Racing Spirit, lançada em 2017 com pinça de freio vermelha, pneus Michelin Pilot Sport 4 em rodas aro 17.
Evoluções do Sandero RS
A central multimídia é a mesma de outros Renault e não traz Apple CarPlay, Mirror Link ou Android Auto até a linha 2019.
–Em 2020 veio a reestilização da linha Sandero e a versão RS recebeu lanternas traseiras com leds, quatro airbags, pinças de freio na cor vermelha e novos adesivos laterais, além da bandeira da França nas portas dianteiras. O interior preto e os bancos com faixas duplas na cor vermelha tornaram-se padrão.
A produção do Renault Sandero RS foi encerrada em meados do segundo semestre de 2021, pois ele não poderia seguir à venda com as restrições de emissões e ruído do Proconve PL7, que entrou em vigor em 2022. As últimas 100 unidades fazem parte da série Finale.
Por ter boa fama e ser barato, é comum encontrar carros com alterações mecânicas, mas lembre-se de que com isso ele perderá a garantia de três anos. Para ajudar, suas peças são facilmente encontradas por valores razoáveis na rede autorizada, uma mão na roda para quem deseja um brinquedão desses sem gastar muito.
Problemas e defeitos do Sandero RS
Embreagem – O escalonamento fechado do câmbio faz com que a embreagem seja muito solicitada. Funcionamento irregular denuncia que ela foi comprometida ou tem qualidade inferior à original.
Câmbio – Troque as marchas rapidamente e verifique se não há ruídos anormais: uma arranhada é indício claro de desgaste no anel sincronizador. O reparo não sai por menos de R$ 2.000.
Suspensão e freios – A calibração firme da suspensão cobra seu preço na vida útil de batentes, bieletas e buchas. Já os freios, podem apresentar em casos extremos desgaste excessivo das pastilhas ou mesmo discos empenados.
Eixo traseiro – Atenção ao desgaste irregular dos pneus traseiros. É causado por variações na cambagem, provocadas pelo empenamento do eixo traseiro.
Cabeçote – Ruídos anormais podem ser um sinal de problemas no carregamento dos tuchos ou falta de pressão hidráulica para o correto funcionamento do variador no comando das válvulas de admissão.
Preparação – Evite alterações irreversíveis: injeção remapeada, taxa de compressão maior ou retirada do catalisador reduzem a vida útil do motor e eliminam a chance de aprovação numa futura inspeção veicular.
Preço médio dos Renault Sandero RS usados (KBB)
Modelo | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 |
R.S. | R$ 50.889 | R$ 55.624 | R$ 61.217 | R$ 62.180 | R$ 69.092 | R$ 73.277 | R$ 79.616 |
R.S. Racing Spirit | – | – | R$ 66.117 | R$ 71.065 |
Preço das peças
Peças | Original | Paralelo |
Para-choque dianteiro | 862 | 900 |
Farol completo (cada um) | 724 | 660 |
Espelho retrovisor | 485 | 365 |
Disco de freio (par dianteiro) | 775 | 230 |
Pastilhas de freio (par dianteiro) | 435 | 180 |
Amortecedores | 1.373 | 1.020 |
Kit de embreagem | 994 | 900 |
Correia dentada (kit) | 460 | 400 |
A voz do dono
Nome: Hebert Cangueiro
Idade: 31 anos
Profissão: empresário
Cidade: Paulínia (SP)
O que eu adoro: “É incrivelmente robusto e preparado para andar rápido o tempo todo. Suspensão, freios e motor suportam um dia inteiro no autódromo sem apresentar nenhum problema ou perda de eficiência.”
O que eu odeio: “Ainda é um Sandero: o acabamento interno deixa a desejar e é fonte de ruídos. A rigidez do monobloco poderia ser melhor, e o consumo é elevado: a 120 km/h ele não faz mais que 8 km/l de etanol”
Nós dissemos
Abril de 2016 “Tem suspensão rebaixada, molas mais rígidas e barras estabilizadoras reforçadas. O motor 2.0 16V foi remapeado e ganhou novo coletor de admissão para render 150 cv. Os para-choques são exclusivos, assim como as rodas de aro 17, ponteira dupla de escape e aerofólio. (…) O acabamento ruim lembra que estamos em um Sandero.”
Pense também em um…
Peugeot 208 GT Oferece câmbio manual de seis marchas, freios a disco nas quatro rodas e suspensão recalibrada, mas o motor THP 1.6 flex de até 173 cv o faz acelerar de 0 a 100 km/h em 8,2 s. A maior eficiência do turbo se mostra no consumo urbano, de 10 km/l. Seu preço mais alto se justifica pelo melhor acabamento e seis airbags.