O aumento dos preços dos carros novos espantou muita gente das concessionárias e aqueceu o mercado de carros usados – que também encareceram. Em 2021, pela primeira vez, mais de 11 milhões de carros trocaram de mãos no Brasil, o que representa uma alta de 18,8% frente a 2020.
Na prática, seis carros usados para cada zero-km vendido. Foi a tempestade perfeita para o mercado de peças de reposição.
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O último balanço do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos, o Sindirepa, apontou um crescimento de 46,8% para as vendas de peças de reposição de veículos leves, de novembro de 2020 a novembro de 2021. E a tendência é de que este segmento continue crescendo em 2022.
O carro que entra no estoque de uma loja precisando de algum reparo, o recém-comprado que passa por uma boa revisão.
Foi isso que ajudou a movimentar o mercado de autopeças. Pesquisa da consultoria McKinsey aponta que consertos no sistema de escape, no ar-condicionado, em módulos eletrônicos e nos sistemas de direção e suspensão são os mais requisitados no Brasil.
Entre os itens de desgaste, os óleos lubrificantes, pneus, componentes de freios e baterias representam os maiores gastos.
Dados da Associação da Indústria de Pneumáticos, a Anip, revelam um crescimento de 8,8% nas vendas em 2021 para automóveis e de 22,9% para comerciais leves. Ainda assim, o setor não superou o patamar de vendas de 2019.
De acordo a McKinsey, o mercado de peças de reposição é impulsionado pela idade dos veículos, especialmente quando passam dos 12 anos.
Estes veículos representaram 41% da frota circulante no Brasil em 2021 e passarão a responder por uma fatia de 45% em 2022, um crescimento de 11%. Enquanto isso, o número de carros com até três anos de uso tende a cair em 3,6% devido às vendas em baixa.
Fabricantes de autopeças comemoram o bom momento. É o caso da Viemar Automotive, de Porto Alegre (RS), que fabrica peças para sistemas de freio, direção e suspensão, que ampliou a produção e contratou funcionários em 2021. Já a Takao, importadora de peças de motores, comemora o crescimento das vendas em mais de 30% no último ano.
As fabricantes de automóveis já estão de olho no mercado de reposição, lançando linhas de peças originais de maior circulação com preços em conta.
É o caso da Mopar (Fiat, Jeep e Dodge), Motrio (Renault) e Euro Repar (Peugeot e Citroën), que também buscam atender os carros que já saíram da garantia e não são tão assíduos nas oficinas das concessionárias.