Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Teste: Ford Escort XR3 Fórmula, o primeiro nacional com suspensão ativa

Amortecedores desenvolvidos no Brasil pela Cofap podiam mudar sua reação para otimizar o desempenho do Escort

Por Douglas Mendonça
Atualizado em 31 out 2020, 16h02 - Publicado em 31 out 2020, 15h55
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Distinções do modelo: faixas laterais coloridas, rodas de liga polidas e apenas duas cores (Marco de Bari/Divulgação)

    EscortFormula

    Matéria publicada na edição 375 de Quatro Rodas, em Outubro de 1991

    O preço é alto e a produção limitadíssima. Mas ele passará à história como primeiro automóvel brasileiro de série com suspensão eletronicamente controlada – luxo que poucos carros do mundo possuem.

    Essa “suspensão inteligente” do novo Escort XR3 Fórmula é mais um passo no caminho da eletrônica embarcada, tendência mundial irreversível, já representada aqui por sistemas de injeção/ignição eletrônicas, painel digital, check-control e computador de bordo.

    QR_27_10_68
    Distinções do modelo: faixas laterais coloridas, rodas de liga polidas e apenas duas cores (Marco de Bari/Divulgação)

    O novo equipamento, a ser oferecido na linha 1992, faz o carro se comportar como se tivesse dois sistemas de suspensão – um mais firme, outro mais macio –, que se revezam conforme as condições de rodagem. Foi desenvolvido no Brasil mesmo, pela Cofap.

    Quer ter acesso a todos os conteúdos exclusivos de Quatro Rodas? Clique aqui e assine por apenas R$ 5.90

    Continua após a publicidade

    Para valorizar a inovação, a Ford limitou drasticamente a produção desta série especial – estão previstos apenas 750 carros – e acrescentou outros requintes exclusivos. Praticamente sem opcionais, o XR3 Fórmula já sai de fábrica com rádio/toca-fitas, ar-condicionado, teto solar e bancos esportivos Recaro.

    Interior do Escort XR3 Fórmula. 1991
    Bancos Recaro com regulagem lateral exclusiva (Marco de Bari/Divulgação)

    Os bancos, além de regulagem de altura, têm uma comodidade inédita: regulagem de pressão dos apoios laterais, para que o corpo se acomode melhor. O carro só é fornecido em duas cores: um vermelho exclusivo, chamado Munique, e o azul-metálico Denver, já usado nos Escort L, GL e Ghia.

    Tudo somado, o novo carro é uma proposta que enfatiza mais o requinte que a esportividade. É veloz para os padrões brasileiros – alcançou 171,5 km/h de velocidade máxima – mas discreto nas arrancadas, pois gastou mais de 12 segundos para ir de 0 a 100km/h, o que foi a marca mais lenta entre os esportivos nacionais. Do mesmo modo, na retomada de 50 a 100 km/h precisou de mais de 20 segundos e ficou atrás do Kadett GS, Uno 1.6 R e Gol GTI.

    A comparação ficou mais desvantajosa se considerarmos que a partir deste teste mudamos a posição do equipamento medidor para a frente do carro, o que diminui a resistência aerodinâmica e favorece os índices de desempenho.

    Suspensão eletrônica do Escort XR3 Fórmula. 1991
    Amortecedor: fio transmite o comando eletrônico (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A alternativa, para quem quiser mais desempenho, é optar pela versão a álcool, também oferecida: com mais 13 cv de potência, sua performance só pode ser substancialmente superior.

    Continua após a publicidade

    De qualquer modo, o valor deste série especial é alto: em torno de 10,3 milhões de cruzeiros (ou 24 mil dólares) na segunda quinzena de setembro, quando foi lançado. É o preço da exclusividade dada pela produção reduzida e pela suspensão eletrônica.

    (10.300.000 de Cruzeiros corrigidos pelo IPCA seriam como R$ 136.626 em setembro de 2020)

    Detalhe do painel do Escort XR3 Fórmula. 1991
    Tecla alaranjada no painel: aciona a suspensão (Marco de Bari/Divulgação)

    Vejamos como funciona, afinal, essa suspensão. Basicamente, ela consiste de amortecedores eletrônicos que absorvem os choques com o solo de dois modos: com mais firmeza na posição de segurança e com mais maciez na de conforto. As duas se alternam segundo as condições de rodagem, nas seguintes situações:

    • Até 20 km/h – segurança

    • De 20 a 100 km/h – conforto

    Continua após a publicidade

    • Acima de 100 km/h – segurança

    • Nas frenagens – segurança, durante cinco segundos.

    O sistema permite ainda a opção de se manter permanentemente ativada a posição de segurança. É o caso do motorista que quer fazer uma condução esportiva ou está rodando por estradas sinuosas e difíceis (certos trechos de serra, por exemplo), que não permitem velocidade superior a 100 km/h.

    Então, basta acionar uma tecla à direita do painel, desligando o sistema. No uso normal, contudo, é bem mais agradável desfrutar da combinação de segurança e conforto que a suspensão eletrônica proporciona.

    375,077,32,10,TE
    Clique ou toque para ampliar (Acervo/Quatro Rodas)

    Como seria com motor 2.0

    QR_27_10_67
    Escort 2.0 feito pela Abradif: desempenho brilhante (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Se tivesse motor 2.0, o Escort chegaria aos 180 km/h como este, feito sob encomenda.

    Continua após a publicidade

    As concessionárias Ford, ansiosas pelo lançamento do Escort XR3 como motor 2.0, adiantaram-se à Autolatina para provar que o modelo é viável. Assim a Abradif – Associação Brasileira dos Distribuidores Ford –encomendou ao preparador gaúcho Clóvis de Morais a adaptação.

    Foi usado o motor 2.0 da linha Santana, com comando de válvulas igual ao do Gol GTS e carburação recalibrada. O preparador providenciou ainda um pequeno atraso de 3 graus na polia do eixo-comando e usou taxa de compressão de 9:1. Assim o motor chegou aos 120 cv de potência e 19 mkgf de torque.

    A adaptação transformou o Escort num carro feroz. Os números que obtivemos foram brilhantes para um produto nacional: 180,2 km/h de velocidade máxima e 10,63 segundos na aceleração de 0 a 100 km/h. O suficiente para colocar esse Escort – se fosse carro de série – em primeiro lugar no nosso ranking de velocidade e entre os primeiros na aceleração.

    E, apesar do alto desempenho, da ausência de injeção eletrônica, que evita desperdício de combustível, o consumo médio ponderado também surpreendeu: 10,78 km/l de gasolina.

    O Escort 2.0 é, portanto uma hipótese bem viável. Um carro em condições de concorrer com os esportivos das outras marcas igualmente dotados de motor 2.0, como o Gol GTi e o recém lançado Kadett GSi, anda que não tenha, com eles, a injeção.

    Continua após a publicidade

    Seriam necessários, contudo, reforços na suspensão e nos freios, para adaptá-los à força maior do motor 2.0 castigava especialmente a suspensão dianteira, desestabilizando um pouco o carro nas acelerações, além de forçar o desgaste prematuro dos pneus e gerar mais perdas por atrito. Com suspensão recalibrada, os tempos de aceleração e velocidade máxima poderiam ter sido até melhores.

    Do mesmo modo, discos e pinças maiores tornariam o sistema de freios mais seguro, diminuindo o acúmulo de calor nas frenagens e aumentando a eficiência. O ideal seria contar com sistema de freios antibloqueio (ABS) – que, aliás a Varga até já desenvolveu para o Escort. Portanto, como pretendia mostrar a Abradif, é só a Autolatina querer, e terá mais um bom esportivo.

    Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital.

    capa_738_insta

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Oferta dia dos Pais

    Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

    OFERTA
    DIA DOS PAIS

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.