Mitsubishi Pajero TR4: veja qualidades e defeitos do jipe 4×4
Versátil e robusto, o jipinho urbano enfrenta qualquer terreno, mas seu espaço é apertado - e o consumo é alto. Mas quem tem não vende
Seu sonho é ter um jipe que reúna as características de um bom off-road, como durabilidade, resistência e desempenho na terra, só com o objetivo de curtir uma trilha no fim de semana. No entanto, você não pode se dar ao luxo de ter um veículo para brincar na lama e outro mais confortável e equipado para o dia a dia da cidade.
Nesse caso, o Mitsubishi Pajero TR4 merece conhecer sua garagem. Compacto e com a comodidade das quatro portas, ele traz a praticidade para o uso urbano, porém oferece limitações, como a falta de espaço interno (ainda mais no banco traseiro), o acabamento espartano e o alto consumo.
A boa notícia é que ele dá pouca manutenção e suas peças não são tão caras quanto a média de um 4×4, graças ao fato de ter sido fabricado no Brasil por 12 anos e sem grandes mudanças. Mas atenção: faça antes uma cotação, pois o seguro pode pesar dependendo do perfil, como ocorre com a maioria dos SUVs utilizados no fora-de-estrada.
Produzido em Catalão (GO), o TR4 foi lançado em 2002, substituindo o irmão gêmeo Pajero iO, importado do Japão. Continuou em linha até 2015, e sua aposentadoria causou grande comoção entre os adeptos do off-road – principalmente aqueles que participam dos populares ralis de regularidade organizados pela Mitsubishi no país.
Para falar sobre as opções de usados e seminovos, vamos nos concentrar nos modelos feitos a partir da linha 2009/2010, quando o TR4 sofreu sua maior atualização (ainda que superficial). Além de um facelift que padronizou a linguagem de estilo da marca, o motor 2.0 de quatro cilindros flex teve a taxa de compressão aumentada, gerando um aumento de potência de 133/131 cv para 140/135 cv. Já o torque subiu de 19/18 kgfm para 22/20 kgfm.
Havia três versões: GLS (com câmbio manual, sem freios ABS nem airbag para o passageiro), MT (manual com ABS e airbags) e AT (automático com ABS e airbags). Todas vinham com ar-condicionado, direção hidráulica, sistema de som e trio elétrico. Em 2012, foi lançada uma versão 4×2 restrita ao uso urbano.
Os concorrentes são poucos e de nicho: o Suzuki Jimny, ainda mais apertado (mas igualmente valente) e a geração anterior do Chevrolet Tracker/Suzuki Gran Vitara (com tração 4×4, mas vocação mais urbana).
Nascido para o off-road, o TR4 também vai bem no asfalto, principalmente o esburacado. O TR4 possui o que a Mitsubishi chama de “chassi integrado ao monobloco”. É um recurso presente no Pajero Full que tenta reunir o melhor dos mundos: o tradicional chassi, com longarinas separadas da carroceria, e o monobloco, no qual toda a estrutura forma uma peça única. Na prática, ele não toma conhecimento de buracos e valetas, e oferece segurança adequada em estradas.
FUJA DA ROUBADA
Atenção nas versões que já sofreram raspões ou amassados na parte inferior do veículo. É um sinal de que o carro já foi submetido a trilhas de maneira bem intensa. Reparos podem indicar que ele capotou nessas incursões fora do asfalto.
Defeitos do Mitsubishi TR4
Tampa traseira – Fique atento para amassados leves na tampa traseira, provocados por pequenas colisões no estepe, já que elefica saliente em relação ao para-choque. Se a batida for muito feia, faça as contas antes, pois uma tampa nova pode ultrapassar os R$ 4.000.
Escapamento – Não é difícil ele apresentar oxidação, mesmo quando o carro ainda é novo, podendo até estar furado.
Vedação – Verifique vestígios de lama em áreas de difícil acesso de portas e porta-malas. Muitos carros têm problema de vedação nas guarnições de borracha, e a solução é trocá-las – algo que pode passar dos R$ 1.000.
Barra estabilizadora – Possíveis ruídos indicam desgaste ou folga nas buchas da barra estabilizadora. Se a bucha estiver trincada, você vai precisar de uma nova.
Eixo/suspensão – Verifique durante o test-drive em ruas de paralelepípedo ou piso irregular se há estalos, que podem ser de batentes dos amortecedores trincados. Se o ruído for na roda dianteira, pode vir de folgas no rolamento ou na manga de eixo.
2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | ||
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TR4 GLS 2.0 4×4 | R$ 49.316 |
R$ 50.220
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R$ 53.445
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– | – | – | |
TR4 MT 2.0 4×4 |
R$ 47.550
|
R$ 50.595
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R$ 59.673
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– | – |
–
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TR4 AT 2.0 4×4 |
R$ 53.220
|
R$ 55.964
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R$ 51.487
|
R$ 62.972
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R$ 66.973
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R$ 74.772
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TR4 AT 2.0 4×2 | – | – |
R$ 56.812
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R$ 58.810
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R$ 61.083
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R$ 68.605
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TR4 O´Neil AT 2.0 4×4 | – | – |
–
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–
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–
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R$ 76.986
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A VOZ DO DONO
O que eu adoro: “Ele é bem resistente e não apresenta problemas mecânicos, já que participo de provas de rali com ele. Você pode explorar qualquer tipo de terreno sem nenhuma dificuldade.” – Sérgio Mendes, 53 anos, desenhista industrial, Petrópolis (RJ)
O que eu odeio: “O consumo é alto, mesmo para um motor 2.0 de quatro cilindros. Ele faz em torno de 6 a 6,5 km/l na cidade. E acho o acabamento muito simples para esse tipo de carro.” – Daniel Furlan, 30 anos, engenheiro, Belo Horizonte (MG)
NÓS DISSEMOS
Novembro de 2009 – “Na opção 4×2, ele roda como um veículo comum, com tração nas rodas traseiras. Na posição 4×4 on-road, o diferencial central (de acoplamento viscoso) compensa a diferença de rotação entre os eixos, garantindo maior estabilidade ao veículo. É a opção ideal para pisos de pouca aderência (…). No asfalto molhado, confirmamos o quanto é bom ter tração integral. O sistema nos transmitiu bastante segurança nas curvas e frenagens. O uso em 4×4 off-road, com diferencial central bloqueado, é indicado para condições como areia, terra ou lama. E a 4×4 reduzida serve para as situações mais severas, como subidas íngremes ou lama profunda.”