Chevrolet Trailblazer x Toyota SW4: o duelo entre preço e fama
No mercado, a SW4 continua vencendo de lavada. Em nosso teste, não foi bem assim
Todas as vezes que falamos sobre o Chevrolet Trailblazer aqui na QUATRO RODAS, a pergunta que sempre nos fazemos é: por que ele vende tão pouco? O mesmo vale para a Toyota SW4, mas no sentido oposto: por que vende tanto?
No acumulado de de 2016, o Trailblazer emplacou 1.942 unidades; enquanto isso, sua rival japonesa vendeu nada menos que 12.168 exemplares – foi o 5º SUV mais vendido do país, à frente de modelos bem mais baratos, como Hyundai ix35 e Chevrolet Tracker.
Ambas foram recentemente renovadas – no caso da SW4, houve mudança de geração de fato, com direito à perda de vínculo com a linha Hilux e a oficialização do nome reduzido para SW4, no feminino. Agora é hora de serem colocadas frente à frente, em um comparativo direto.
Preço
O Trailblazer é vendido apenas na versão de acabamento LTZ, sempre com sete lugares e motorização V6 3.6 a gasolina (R$ 167.990) ou 2.8 turbodiesel (R$ 198.990) – esse último que participa deste comparativo.
Em contrapartida, a SW4 fica cada vez mais cara. Além da versão flex 2.7, mais simples e menos potente (R$ 163.500 com cinco e R$ 168.930 com sete lugares), há a versão com motor V6 4.0 a gasolina (R$ 225.580, com sete lugares), a turbodiesel 2.8 com cinco lugares (R$ 241.920) e a de turbodiesel 2.8 com sete lugares (R$ 247.450). De cara, o Trailblazer sai na frente. Afinal, são quase 50 mil reais de diferença entre as configurações topo de linha — disparidade que não se justifica nos equipamentos, como veremos abaixo.
Equipamentos
A Chevrolet aposta no custo-benefício do novo Trailblazer. Entre os equipamentos de série, estão ar digital com saídas para os ocupantes das fileiras traseiras, piloto automático, partida do motor remota pela chave para ligar o ar-condicionado antecipadamente, regulagens elétricas do banco do motorista, controle de tração e estabilidade, faróis automáticos e seis airbags, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, retrovisores elétricos com rebatimento, sistema OnStar, alertas para saída involuntária de faixa, de colisão frontal, de pontos cegos e de movimentação traseira cruzada (esses dois últimos exclusivos em relação à S10).
Cobrando bem mais caro, a SW4 traz de série seis airbags, controles de estabilidade e tração, assistentes de subida, descida e reboque, ar digital com saídas e comandos traseiros, sensores de estacionamento na traseira, câmera de ré, chave presencial com partida do motor por botão, faróis automáticos com xenônio e leds e nivelador automático, central multimídia com GPS, abertura elétrica do porta-malas com ajuste de altura da rampa, rebatimento elétrico dos retrovisores e volante multifuncional .
Equilibradas, as listas de equipamentos possuem cada uma seus pontos fortes – os assistentes de direção do Trailblazer e os faróis full led da SW4, por exemplo. Mas pelo valor, a japonesa deveria entregar bem mais.
Estilo e acabamento
A reestilização deu ares mais elegantes e robustos ao Trailblazer, que ganhou traços retilíneos. Na dianteira, para-choques, grade e faróis (agora com leds, porém sem projetores) são novos, assim como o rack de teto e as rodas de 18 polegadas diamantadas. A traseira, por sua vez, segue inalterada.
Por dentro, o painel do modelo adotou linhas igualmente mais retas e horizontais, além de usar materiais de melhor qualidade e aparência, como superfícies de toque macio e detalhes cromados. Os bancos são sempre revestidos em couro.
Na SW4, o aspecto futurista das linhas chama mais a atenção (e remete aos modelos da Lexus, marca de luxo pertencente à Toyota) com ângulos ousados, para-choque dianteiro pronunciado, além de faróis e lanternas espichados dotados de xenônio e leds. As rodas também são de 18 polegadas e diamantadas. O interior conservador, porém, vai contra a parte externa.
O painel tem formato verticalizado e reto, assim como no Corolla. Materiais de toque rígido são utilizados em maior escala em relação ao Trailblazer, contrastando com a porção central dotada de apliques de couro marrom, o mesmo dos bancos.
Aqui quem manda é o gosto do comprador. Com linhas que transmitem uma sensação de maior tamanho e sofisticação, a SW4 agrada quem gosta de atrair olhares por aí. Já o Trailblazer é mais discreto e comportado, ideal para clientes mais tradicionais.
Motorização
Mais um ponto positivo para o utilitário da gravata dourada. Ambos os modelos têm motor 2.8 turbodiesel e câmbio automático de seis marchas, mas o Chevrolet sai na frente. Com 200 cv e 51 mkgf de torque, ele foi de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos em nossas medições, enquanto a SW4, com 177 cv e 45,9 mkgf, cumpre a mesma tarefa em 13,4 segundos. Além do melhor desempenho, o consumo do primeiro também é melhor: 9,1 / 13,1 km/l em ciclo urbano / rodoviário contra 8,9 / 10,6 km/l do japonês.
Nas provas de retomadas, o Trailblazer levou 4,2 / 5,5 / 7,4 segundos de 40 a 80 / 60 a 100 / 80 a 120 km/h. A SW4 fez, respectivamente, em 5,7 / 7,4 / 9,9 segundos. Na frenagens, nova vantagem para a GM, que chega a precisar de 9 metros a menos para ir de 120 km/h até a imobilidade.
Vida a bordo
Sensação de segurança e imponência do trânsito são características presentes nos dois modelos. Entretanto, os comportamentos divergem. O Traiblazer agoral oferece boa dose de conforto em qualquer situação graças às modificações nos conjuntos de suspensão, coxins e freios, além da inclusão de vidros mais espessos, que garantem o silêncio a bordo. Com isso, ele enfrenta terrenos de terra ou asfalto de má qualidade (além de valetas) com valentia e sem que os ocupantes sofram com os impactos.
Ao volante, os 200 cv e 51 mkgf dão agilidade de carro pequeno ao grandalhão de mais de duas toneladas. A direção elétrica (novidade na linha) reforça o conforto do motorista, especialmente em manobras. No Toyota, os 177 cv e 45,9 mkgf se mostram apenas suficientes. Entretanto, se na cidade a SW4 se revela inferior no quesitos agilidade e conforto, em rodovias a história muda. O Trailblazer, apesar do fôlego extra, apresenta maior rolagem da carroceria e passa a sensação de menor estabilidade. A maior quantidade de assistentes voltados à segurança atenua, mas não tira a desvantagem do Chevrolet nesse quesito.
A terceira fileira de bancos de ambos os modelos leva dois adultos sem grandes sacrifícios, mas as crianças vão melhor. O acesso é mais fácil no Chevrolet, tanto pelo esquema de rebatimento da segunda fila, quanto pelo formato das portas traseiras — o corte diagonal da SW4 prejudica a entrada de pessoas ali. Também os dois têm saídas de ar-condicionado traseiras com comandos de velocidade.
O cinto central da SW4, instalado no teto, parece estar ali de enfeite: durante o período de teste, ninguém conseguiu fazer com que ele alcançasse o fecho no banco. Outro ponto negativo no SUV japonês está na ausência de sensores dianteiros para estacionamento, que fazem muita falta diante do para-choque pronunciado do SUV.
Pós-venda
A linha 2017 do trailblazer modelo passou a cobrar menos pelas revisões, que já eram mais baratas em relação à SW4 antes da reestilização. De acordo com os valores das seis primeiras revisões (de 10.000 a 60.000 km), divulgados nos sites das respectivas marcas, a diferença entre os modelos é de R$ 381. O Trailblazer cobra R$ 5.384 pela realização dos serviços, que saem por R$ 5.765 na SW4. A Chevrolet também possui mais concessionárias disponíveis no país – 600 , contra 216 da Toyota. A garantia é a mesma para as duas: três anos.
Por outro lado, pesa a favor da SW4 a fama de robustez e do pós-venda, geralmente elogiado pelos consumidores. A desvalorização da concorrente japonesa também costuma ser menor, pelo fato de haver maior procura tanto por modelos novos como por usados.
Veredicto
Mesmo com visual futurista de encher os olhos e a força da marca, não deu para a SW4. Numa análise racional focada no produto, a Trailblazer se mostrou melhor em quase todos os quesitos, incluindo equipamentos, tecnologia embarcada, desempenho, consumo e vida a bordo, tudo isso cobrando mais de R$ 47.000 a menos que o rival japonês. Por mais que a SW4 tenha fama e prestígio no mercado, nada justifica tamanha diferença.
Chevrolet Trailblazer | Toyota SW4 | |
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ACELERAÇÃO | ||
0 a 100 km/h: | 9,8 s | 13,4 s |
0 a 1000 m: | 31,4 s | 34,5 s |
VELOCIDADE MÁXIMA: | n/d | n/d |
RETOMADAS | ||
De 40 a 80 km/h: | 4,2 s | 5,7 s |
De 60 a 100 km/h: | 5,5 s | 7,4 s |
De 80 a 120 km/h: | 7,4 s | 9,9 s |
FRENAGENS | ||
60 / 80 / 120 a 0 km/h: | 15,9 / 28,7 / 65,8 s | 18,3 / 31,8 / 74,9 s |
CONSUMO | ||
Urbano: | 9,1 km/l | 8,9 km/l |
Rodoviário: | 13,1 km/l | 10,6 km/l |
Chevrolet Trailblazer LTZ 2.8 diesel | Toyota SW4 SRX 2.8 diesel | |
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Preço: | R$ 198.990 | R$ 247.430 |
Motor: | diesel, diant., longit., 4 cil., 2.776 cm3, 16V, 200 cv a 3.600 rpm, 51 mkgf a 2.000 rpm | diesel, diant., longit., 4 cil., 16V, turbo, 92×103,6 mm, 2.755 cm³, 15:1, 177 cv a 3.400 rpm, 45,9 mkgf entre 1.600 e 2.400 rpm |
Câmbio: | automático de seis marchas, tração 4×4 | automático de seis marchas, tração 4×4 |
Suspensão: | duplo A (diant.), five-link (tras.) | duplo A (diant.), four-link (tras.) |
Freios: | discos ventilados | discos ventilados |
Rodas e Pneus: | liga leve, 265/60 R18 | liga leve, 265/60 R18 |
Dimensões: | comprimento, 488,7 cm; largura, 190,2 cm; altura, 184,4 cm; entre-eixos, 284,5 cm; peso, 2.161 kg; porta-malas, 205/554/1.043 l; tanque de combustível, 76 l | comprimento, 479,5 cm; largura, 185,5 cm; altura, 183,5 ; entre-eixos, 274,5 cm; peso, 2.130 kg; porta-malas, l; tanque de combustível, 80 l |