Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Lexus LFA

Criado para ser a Ferrari da marca japonesa, ele foi um pedido visionário de Akio Toyoda

Por Fernando Valeika | Fotos: Paul de Lucca
Atualizado em 9 nov 2016, 08h13 - Publicado em 6 nov 2012, 15h10
impressoes

É uma tarde quente no deserto de Mojave, na Califórnia (EUA), e estou ao volante de um Lexus de 560 cv contornando as curvas do autódromo de Winslow Springs, conhecido como o “circuito mais rápido do Oeste”. Ao chegar ao fim da reta principal, o velocímetro bate em 160 milhas/hora (quase 240 km/h). Enquanto um urro grave ecoa pelo exótico trio de escapamentos centrais, uma dose de dopamina irriga meu cérebro, despertando uma euforia quase incontrolável. Não, não é uma alucinação produzida pela velocidade ou pelo calor do deserto: estou mesmo ao volante de um Lexus de alta performance, bem diferente de um dos tradicionais modelos comportados e conservadores que fizeram a fama da marca de luxo da Toyota.

O novo LFA, que foi uma das estrelas no Salão do Automóvel de São Paulo, é o primeiro superesportivo da Lexus e foi concebido para apagar a aura de bom comportamento da marca e tentar elevá-la à altura de rivais como Ferrari, Porsche ou o R8, da Audi. Tivemos a oportunidade de dirigir com exclusividade o LFA com chassi de número 14 (de um total de apenas 500 que serão produzidos no mun- do), cujo nome é composto pelas iniciais de Lexus Future Apex (“ápice do futuro da Lexus”). Após girar a chave na ignição, aperto o botão de partida no centro do volante para despertar seu V10 de 4,8 litros. Piso mais fundo no acelerador e a resposta é imediata: um coice que é capaz de levar o cupê de quatro lugares a 60 milhas/hora (96 km/h) em 3,7 segundos, além de atingir 325 km/h, segundo a marca. “O conta-giros leva só 0,6 segundo para partir da inércia até 9 000 rpm”, afirma do banco do passageiro o coreano Joon Maeng, piloto profissional encarregado de me revelar o poder de fogo do LFA.

Ele me mostra que há quatro modos de pilotagem: automático, normal, piso escorregadio e esportivo. A diferença está na atuação do controle de estabilidade, variando do estilo mais dócil ao mais agressivo, além do ajuste da altura do carro, da rigidez da suspensão e do tempo de troca de cada uma das seis marchas do câmbio automático. Altera também o visual dos instrumentos: há um grande conta-giros digital (imitando um mostrador analógico), que pode mudar de um fundo branco com números grandes para um preto com dígitos maiores.

Para me acostumar ao LFA, dou a primeira volta no modo automático. E aí tenho uma surpresa: apesar dos 560 cv (mais que uma Ferrari California de 460 cv ou um Porsche 911 Turbo de 530 cv) e do brutal torque de 48,9 mkgf, o cupê japonês é dócil o suficiente para encarar sem sustos as curvas do circuito de cerca de 4 km. O desenho aerodinâmico da carroceria, expertise herdada de sua experiência em corridas, e o aerofólio que se levanta a partir dos 80 km/h fazem o LFA grudar no chão, o que logo convida a uma pilotagem mais arrojada.

Continua após a publicidade

Ao passar para o modo de corrida, o chassi de carbono revela como é bem acertado ao trabalhar em conjunto com a leve suspensão de alumínio, o que se traduz num comportamento muito equilibrado. A combinação de motor frontal e tração traseira faz com que controlá-lo nas curvas acima de 150 km/h seja tarefa simples, desde que o piloto tenha habilidade. Com peso bem distribuído (48% na frente e 52% atrás) e centro de gravidade baixo, o LFA cola no asfalto e permite que se explore toda a plenitude do motor, que é um avanço técnico à parte.

Preparado em parceria com a Yamaha, esse V10 nasceu na Fórmula 1, quando a Toyota ainda estava na categoria. A opção foi do engenheiro Haruhiko Tanahashi, chefe do projeto, que levou uma década para conceber o LFA, partindo de uma folha de papel em branco e a pedido do presidente do grupo Toyota, Akio Toyoda, feito em fevereiro de 2000.

Como umV12 tornaria o cupê pesado e oV8 dificilmente atingiria os 9 000 rpm exigidos para tanta potência, ele decidiu pelo V10 da F-1 com adaptações. Para reduzir o peso das partes móveis, investiu em metais e ligas especiais, como o titânio das válvulas, o que o tornou tão compacto e leve como um V6. Cada cilindro tem um sistema de admissão eletrônico independente, para assegurar que a injeção de ar aconteça no menor tempo possível e da maneira ideal. O V10 mereceu tanta atenção que até o ronco foi desenvolvido em conjunto com técnicos da divisão de instrumentos musicais da Yamaha. Por isso cada motor é montado por um único engenheiro, que grava o autógrafo em sua obra de arte.

Com preço nos EUA de 350000 dólares e 2,9 milhões de reais no Brasil, o LFA também teve a missão de servir como um laboratório para explorar novas tecnologias para a marca, como a fibra de carbono do chassi e da carroceria. Todo o projeto foi guiado pela diretriz de Akio Toyoda de que era precisa buscar o melhor possível para o carro, o que permitiu que o esportivo dos sonhos do presidente fosse feito com apenas um terço de alumínio (parte deles usado nas imensas quatro rodas de 20 polegadas) e o restante de fibra de carbono. “Precisamos deste carro para o nosso futuro. Ele não é para fazer dinheiro, é para fazer sonhar”, escreveu o presidente em um memorando em novembro de 2005.

Continua após a publicidade

Akio Toyoda mergulhou com tamanho empenho no projeto que chegou inclusive a dirigi-lo numa competição oficial. Sob o codinome Morizo, ele foi um dos pilotos que aceleraram um LFA de corrida nas 24 Horas de Nürburgring de 2009. Sua equipe terminou em quarto na categoria. O LFA não podia mesmo ter melhor padrinho.

VEREDICTO

Criado para mudar a imagem da marca, trazendo uma aura maior
de esportividade 
e tecnologia, o 
LFA é quase uma Ferrari com o emblema da Lexus.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.