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Mercedes-Benz A45 AMG

Na pista, ele solta todos os 360 cv do seu imbatível motor 2.0 turbo de quatro cilindros

Por Péricles Malheiros | Fotos Marco de Bari
4 fev 2014, 16h05
testes

O estampido seco na passagem da primeira para a segunda marcha é assustador para o povo que passeia na calçada – para o autor do disparo, porém, é pura diversão. Quando não está atirando, a arma compacta e discreta me permite permite portá-la sem ser notado. Apresento a você o A 45 AMG, a versão diabólica do Classe A e a principal arma da Mercedes-Benz para conquistar o público jovem.

A cor preta da carroceria disfarça o kit aerodinâmico do hatch esportivo, com para-choques, grade e saias diferentes das do Classe A que temos na frota de Longa Duração. O A 45 testado estava com rodas aro 18 com cinco raios duplos, oferecidas como opcionais, mas sem custo – a ideia é compensar o fato de que as rodas que acompanham de série esse esportivo são de 19 polegadas.

Para 2014, está programada a importação de 100 exemplares do modelo, cujo preço sugerido pela marca é de 259 900 reais. A julgar pelo apetite voraz do mercado demonstrado em dezembro de 2013, quando dez unidades (de um lote de 50) foram vendidas antes mesmo da chegada ao Brasil, vai sobrar interessado e faltar carro.

Controlei a ansiedade de assumir o volante e a primeira volta que dei foi ao redor do carro, não nele. Tinha andado com o A 200 no dia anterior e reparei como a AMG trabalha bem não só a mecânica. Mais que meros apêndices aerodinâmicos colados na carroceria, o kit AMG tem para-choques exclusivos. As entradas de ar são maiores para ordenar o fluxo auxiliar no arrefecimento do motor e do turbo, cuja temperatura ideal de trabalho também é mantida com o auxílio de água. Notei ainda que o A45 é mais baixo que o A “normal”. São só 15 mm no eixo dianteiro e 10 no eixo traseiro, segundo a fábrica, mas a diferença é perceptível.

Hora de entrar. Na cabine, apenas gratas surpresas em relação ao Classe A convencional: o banco abraça o corpo de maneira ainda melhor, o revestimento é escuro (não suja tão facilmente como o bege) e as borboletas atrás do volante (de metal, em vez de plástico) combinam mais com um Mercedes. Mas o melhor de tudo: no A 45, o câmbio está no lugar de onde nunca deveria ter saído – o console. Na coluna, como é a do A 200, sobra espaço entre os bancos e reclamações entre os motoristas pela dificuldade de adaptação.

Afivelo o cinto (vermelho) e acordo o único quatro-cilindros em que a AMG pôs as mãos até hoje – transformando-o no de maior potência específica (cavalos por litro) a equipar um carro de linha. Este 2.0 é um gigante: com auxílio de turbo e injeção direta de gasolina, chega a brutais 360 cv, segundo dados da marca. Ou seja, 180 cv por litro de desloca- mento volumétrico. Se aplicada essa mesma potência específica no V12 6.0 que equipa o Classe S 65 AMG, teríamos na teoria um total de 1 080 cv, quando na vida real o supersedã não passa de 630 cv.

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Dado o currículo, dispenso os sistemas economizadores de combustível (capazes de sedar o AMG e fazê-lo andar como um 2.0 qualquer) e ativo os seus sentidos mais agressivos: passo logo o câmbio para a seleção manual de marchas e o controle de estabilidade para o modo Sport Handling, mais permissivo nas curvas e arrancadas. O ronco só não é mais bonito do que o estampido nas trocas de marcha. Dotado de tração integral inteligente, capaz de dosar a distribuição de força entre os eixos em até 50% para cada um deles, o A 45 AMG é grudado na pista. A assistência elétrica alivia o peso do volante sem desconectá-lo do piloto, pois é rápida e com ótima progressividade de carga. É nas sequências de curvas que o A 45 AMG mostra sua capacidade de conversa como poucos com o piloto: é nervoso e ao mesmo tempo obediente aos comandos dos pés e das mãos. Particularmente, não mexe- ria em nada. Nem as rodas de aro 19 eu pegaria.

As suspensões seguem o mesmo conceito do Classe A, com McPherson na dianteira e multilink na traseira. Mas a marca ressalta: “Todos os componentes são diferentes”. O A 45 tem molas, amortecedores, buchas e barras estabilizadoras com especificação exclusiva. No asfalto lunar de São Paulo, como esperado, o monstro enfurecido em pele de cordeiro mostra o lado negro da esportividade, com uma rodagem um tanto dura.

Mais calmo, ativo os tais modos de economia e o A 45 volta a trocar as marchas pouco acima de 1 500 rpm. Civilizado, ele já atende às normas de emissões que só passarão a vigorar na Europa em 2015. Até nisso, ele é capaz de baixar o tempo.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO


Em frenagens longas, a sensibilidade do pedal se altera e sente-se uma pequena vibração.

★★★★☆

MOTOR E CÂMBIO

Potência de V8 num quatro-cilindros 2.0 e trocas de marcha num piscar de olhos. Precisa dizer mais alguma coisa?

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★★★★★

CARROCERIA

O público jovem que a Mercedes tanto quer talvez recebesse melhor um kit aerodinâmico mais radical. Ele já existe e é original AMG. Mas, por enquanto, não chega por aqui.

★★★★

VIDA A BORDO

A tela imita um iPad na horizontal, mas, fixa e com área útil mal-aproveitada, com bordas largas, ela destoa do painel. Acabamento e materiais estão acima da média.

★★★★

SEGURANÇA

O ESP tem três níveis de atuação. Diante do poder de fogo do motor, o melhor é guardar os níveis de pilotagem para utilização na pista.

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★★★★☆

SEU BOLSO

Obviamente, 259 900 reais estão longe de ser uma pechincha. Ainda assim, é o esportivo de alta potência com uma das melhores relações de custo por cavalo.

★★★★

OS RIVAIS Audi RS3

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A nova geração deverá ser mostrada no início de 2014 e contará com motor turbo de quase 400 cv e tração integral.

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BMW M135i

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A BMW também vai ter seu foguete compacto. Até 2015, chega o Série 1 M. Por ora, seu hatch mais nervoso é o M 135i.

VEREDICTO

Mais do que o mérito de carregar o motor de maior potência específica do planeta, o 45 AMG é um esportivo nato. Rápido, reativo, poderoso e alinhado à nova realidade global, na qual até os esportivos precisam poluir e consumir pouco.

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