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O que fazer quando seu carro é atingido por uma enchente?

Seguro cobre carros alagados e todo carro pode ser recuperado após passar por um alagamento, mas nem sempre o custo vale a pena

Por Luís Perez
Atualizado em 23 jun 2024, 16h50 - Publicado em 30 dez 2020, 17h00

Ponto de alagamento na avenida Salim Farah Maluf

Em tempos de mudanças climáticas, com tempestades inesperadas e cada vez mais fortes, enchentes e alagamentos tornam-se mais presentes. Mas o que fazer na prática quando se é surpreendido por um alagamento e não há como escapar?

Segundo os especialistas, a boa notícia é que todo veículo tem como ser recuperado – mesmo os que ficaram completamente submersos ou invadidos por lama. O desafio é saber quando vale a pena arcar com o serviço, que pode ser uma mera limpeza e chegar a manutenções completas e incluir troca de módulos eletrônicos caríssimos.

Os casos mais simples são aqueles em que a água entrou e só encharcou o assoalho, entrando pela porta, por exemplo. Na outra ponta, os mais complexos são os que foram atingidos com o motor em funcionamento, quando o motorista tentava atravessar um alagamento.

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Nesse caso, é possível que o motorista tenha cometido um dos erros mais comuns, mas que é fatal, que é entrar rápido na água. Nessa hora o motor pode aspirar a água, provocando o calço hidráulico. O calço hidráulico ocorre quando a água entra nos cilindros e impede o curso total dos pistões, aumentando o esforço sobre os demais componentes e deformando-os.

Quanto custa para recuperar um carro de enchente?

Quanto mais componentes eletrônicos ao alcance da água, mais dor de cabeça o dono terá. O conserto de um automóvel recuperado varia entre 1.500 reais (preço de uma lavagem e higienização completa em razão de a água ter invadido o carpete) e 60.000 reais – no caso dos importados mais sofisticados, o céu é o limite.

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Por que um preço tão salgado? Simples: há modelos com módulos eletrônicos que comandam várias funções. Alguns carros (importados de luxo, por exemplo) chegam a ter danificados três ou quatro módulos, ao preço de 10.000 a 50.000 reais cada um. O negócio é trocar. Fora toda a recuperação dos revestimentos.

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Se seu carro foi atingido por uma enchente, a primeira pergunta a fazer é: até que ponto a água alcançou? Se foi só até o assoalho e o carro não é um modelo com muitos componentes eletrônicos (não tem câmbio automático ou telas), o reparo é simples. No entanto, se ele tem câmbio automático ou muita eletrônica embarcada, prepare o bolso e faça as contas para saber que realmente vale a pena.

Até quando é possível recuperar um carro de enchente?

Após ser atingido por uma enchente, a primeira providência é ligar para a seguradora (se o veículo tiver seguro) ou levar a um mecânico, que vai avaliar o tamanho da encrenca. Mas faça isso logo. A experiência mostra que, quanto mais o carro fica parado, mais complicado e caro é o conserto. E a regra vale tanto para o modelo mais sofisticado como para o mais básico e antigo, como o caso de Nivalda Geralda de Farias, dona de um VW Passat da década de 70.

Alagamento / enchente

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Ela foi surpreendida por uma chuva que fez com que seu carro ficasse submerso na garagem de casa. Quando a água baixou, o carro estava tomado pela lama. “Como não tenho seguro, vou ter de consertar por conta própria. Não sei nem por onde começar. Não consigo nem colocar a chave no contato”, afirma. De fato, além do bolso, é preciso preparar o espírito para ficar sem o carro durante um bom tempo – a recuperação de um alagado dura de uma semana a um mês.

O serviço consiste em retirar tapetes, bancos e estofamentos e substituir o feltro que vai sob o carpete (nas situações mais simples), trocar toda a parte elétrica (nos casos medianos) ou mesmo o óleo do câmbio e os módulos eletrônicos (nos mais complicados).

“Um conselho que a gente dá é sempre realizar esse tipo de reparo em uma oficina só e não em várias, para evitar que ele seja montado e remontado várias vezes”, afirma Gozzo.

Mesmo que o veículo tenha passado por uma bela enchente e aparentemente esteja tudo em ordem, é importante mandá-lo para uma oficina, para fazer um rápido check-up em motor e câmbio.

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“As consequências de uma enchente podem aparecer mais tarde, de forma bem mais grave, como a água se misturar ao óleo do câmbio, causando sua quebra no curto prazo”, diz Vinicius Losacco, da oficina Losacco.

O seguro do carro cobre enchentes?

Claro que estamos falando da recuperação de veículos que ainda têm conserto. No entanto, nos períodos de chuvas mais comuns a incidência de perda total (quando o valor do conserto atinge ou supera 75% do preço do veículo) cresce 30% nas seguradoras. A boa notícia é que praticamente todas as apólices cobrem danos por enchente.

Porto Alegre (RS), 25/05/2024 - Pátio de veículos próximo a PRF totalmente alagado. Foto:

Também é raríssimo a seguradora negar a se pagar sinistros desse tipo, o que só pode ocorrer se for configurado o chamado agravamento de risco, situação em que o motorista sabia que não podia passar e mesmo assim tentou, como ocorre em praias, por exemplo. Mas na prática isso é muito difícil de provar quando o carro alaga num rua de trânsito comum.

“Em relação à cobertura do seguro automotivo em casos de danos causados por enchentes, a maior preocupação que o motorista deve ter é a de não se expor intencionalmente ao risco, ao tentar atravessar uma área alagada. As seguradoras realizam um laudo para entender as circunstâncias em que o carro estava no momento do sinistro e, se for indicado, através dos danos causados ao veículo, que houve exposição a um risco que poderia ter sido evitado, o segurado não receberá indenização.”, diz Mauricio Antunes, diretor de marketing da Bidu Corretora.

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Confira quais são os fenômenos naturais inclusos na cobertura compreensiva dos seguros de carro:

  • Ventos fortes
  • Enchentes
  • Chuva de Granizo
  • Queda de objetos no carro
  • Deslizamento de terra
  • Incêndio
  • Raios

E como descobrir se houve perda total? Para saber isso, só avaliando para verificar se o conserto vai custar pelo menos 75% do valor do bem. No mercado, no entanto, fala-se que a perda total pode ser decretada no momento em que o painel de instrumentos é atingido. Quando isso ocorre, é porque componentes bem mais sensíveis já foram afetados.

Como passar de carro por uma área alagada?

Se você foi surpreendido por um alagamento, recomenda-se fazer meia volta e fugir. Mas, na prática, nem sempre é possível. Veja o que fazer nesses casos:

  • O limite para atravessar um alagamento é quando a água está no máximo até metade da roda.
  • Durante a travessia, mantenha a primeira marcha e o motor sempre cheio. Dose o pé esquerdo na embreagem, para que o carro não peça segunda marcha, e tente manter a rotação em uma faixa fixa.
  • Nunca entre correndo na água. Isso pode formar uma onda sobre a frente do veículo, que pode invadir a entrada de ar do motor e causar calço hidráulico.
  • Caso não conheça a via, não atravesse, pois ela pode conter buracos e outros obstáculos encobertos pela água.
  • Se a água subir muito rapidamente, procure um local mais alto, desligue o carro e vá embora.
  • Nunca tente dar a partida se o carro morrer dentro d’água, pois o motor pode aspirar água e ser danificado.

O carro inundou. O que fazer?

O cliente deve comunicar imediatamente seu corretor de seguros ou a central 24 horas de atendimento da empresa, solicitando um guincho para retirar o veículo do local. Ele poderá levar o veículo à oficina de sua preferência, mas não deve autorizar o conserto antes da liberação da seguradora. A liberação será feita por um técnico da empresa, que avaliará se o carro pode ser recuperado ou se houve perda total.

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