Peças em concessionária: [às vezes] um bom negócio

Peça pelo preço

Muita gente que precisa comprar peças para seu carro pesquisa primeiro nas lojas independentes, o chamado paralelo. O senso comum é de que elas são sempre mais baratas que as originais, vendidas nas concessionárias. Mas não é bem assim.

Tudo depende do tipo de componente de que você precisa.“Chamamos as peças de muita rotatividade de ‘curva A’. Elas são quase commodities: pneus, velas, filtros etc. Quando falamos nelas, as independentes são mesmo frequentemente mais baratas”, explica Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP (sindicato das oficinas autônomas de São Paulo).

Há ainda as peças de curva B e C, que têm menor volume de vendas, que é o caso de módulos eletrônicos e chapas de lataria. “Para esses componentes, as autorizadas costumam cobrar valores mais baixos ou oferecer produtos de qualidade muito mais alta do que encontramos nos fornecedores independentes.”

Em outras palavras, você até pode encontrar peças de alto giro por preços atraentes em concessionárias, mas o bom negócio em geral está nos itens de pouca procura.

Por falar em paralelo e original, é bom saber que hoje em dia vendedores e oficinas preferem não utilizar o termo “peças paralelas”. Elas são chamadas “de reposição”. As originais também servem para substituir as que sofram desgaste, mas somente elas têm o selo da fabricante do automóvel. E é esse selo que costuma encarecer o produto.

Eduardo de Oliveira Neves, da oficina mecânica Nipo-Brasileiro, ressalta que há casos em que o problema não é o custo: às vezes só a concessionária dispõe da peça necessária para um reparo.

GARANTIA MAIOR

“A grande vantagem na compra em autorizadas é a qualidade de algumas peças, que pode ser maior que a do mercado de reposição”, afirma Neves. “A des­vantagem é o preço mais alto e a garantia, que não passa de 90 dias.” No mercado paralelo, peças como catalisadores, amortecedores e radiadores contam com garantia que varia de seis meses a um ano.

O presidente do Sindirepa complementa: “Quando se fala de peças de carroceria, por exemplo, a qualidade é incomparável. Você até pode achar um capô ou uma lateral de reposição mais em conta, mas o tempo que vai gastar para ajustá-la acaba com a economia. Uma peça original não tem esse problema”.

Segundo Fiola, a lei Ferrari, que disciplina as concessionárias no Brasil, permite que elas comprem até 20% de suas peças diretamente dos fornecedores, sem a necessidade do selo de originalidade. Ou seja, até para as autorizadas as peças que vêm da montadora são caras.

Já entre os itens de reposição, há aqueles que são feitos pelos mesmos fornecedores dos originais, que seguem as mesmas especificações do fabricante do veículo, mas também aqueles que usam materiais de qualidade inferior ou fora das especificações.

A comparação, portanto, deve ser sempre com peças de reposição com as mesmas especificações das originais, de fornecedores conhecidos (em geral, empresas mundiais e reconhecidas no mercado).

DESCONTÃO

O que muita gente esquece é que é possível pechinchar ao comprar peças. Para pessoas jurídicas, como oficinas independentes, o desconto é automático. Fizemos uma pesquisa de preço e pedimos desconto no balcão de peças das concessionárias.

As maiores reduções foram em peças de lataria. Na autorizada Fiat Itavema de São Paulo, cotamos a lateral direita traseira de um Fiat Uno, um item da curva B. Seu preço inicial era deR$ 1 669. Pedindo desconto, caiu para R$ 1 085, uma diferença de 35%.

Nos itens de maior demanda, como velas, pastilhas de freio e filtros, o desconto ficou na média  de 10%. Como a diferença de valor das originais para as paralelas pode passar de 80% (veja abaixo), pechinchar na autorizada nesses casos pode não resolver todos o problema.

No entanto, é bom ficar atento às promoções de concessionárias: nessas campanhas, o valor já inclui a peça instalada, que no final pode ficar até mais barato do que recorrer ao paralelo.

OFERTAS DO SELO INMETRO

Em 2011, uma portaria do Inmetro determinou que amortecedores, buzinas, lâmpadas, bombas de combustível (para motores Otto) e itens do motor, como bronzinas, pistões, anéis, pinos e travas, deveriam passar a trazer um selo de certificação. O prazo legal para a venda de peças sem o selo vai até 25 de julho de 2016.

Peças para carros que saíram de linha até 31 de dezembro de 1999 não estão incluídas na exigência. Com isso, as lojas que ainda não tiverem se livrado dos estoques dessas peças vão morrer com o prejuízo. Como ninguém quer queimar dinheiro, especialistas acreditam que surjam promoções desses itens não certificados, especialmente aqueles de menor giro. Pode ser uma excelente oportunidade de encontrar peças originais a preço de paralelo.