Renault Mégane RS Cup: objeto voador
Candidato a engrossar a oferta da Renault no Brasil, ele sobrevoa nosso espaço aéreo
A Renault tem um lado esportivo pouco conhecido no Brasil, que vai além das participações na Fórmula 1. A marca é dona de uma vasta galeria de versões mais radicais, derivadas de seus carros de rua, que nunca foram vendidas aqui. Alguns desses modelos marcaram época, como é o caso do Renault 5 Alpine Turbo, de 1982, e o Renault Clio Williams, de 1993.
A mais recente incursão da marca nessa área é o Mégane RS, que foi lançado em 2004 e chegou à segunda geração em 2008. Mas desta vez a história pode ser diferente, porque a fábrica estuda comercializar o modelo em nosso mercado.
Desenvolvido a partir do Mégane hatch, o RS é oferecido em duas versões: Sport, mais luxuosa, e Cup, que é mais esportiva, mostrada aqui. Em comparação com o Mégane hatch, o RS tem paralamas maiores (para abrigar rodas aro 18 ou 19) e kit aerodinâmico, com saias, aerofólio e uma lâmina dianteira, com design inspirado nos spoilers dos F-1.
Por dentro, há detalhes amarelos, cor oficial das equipes de competição da Renault, nos mostradores, nos cintos de segurança e nas costuras do revestimento. Os bancos são do tipo concha e os pedais têm acabamento metálico.
O RS conta com motor 2.0 16V Turbo, que gera 265 cv de potência e 36,7 mkgf de torque, e câmbio manual de seis marchas. A suspensão, apesar de convencional, com estruturas McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, é cumpridora. Os freios Brembo têm discos ranhurados na frente. A direção, com assistência elétrica, é precisa e direta.
A unidade mostrada aqui foi avaliada em um aeródromo particular, no interior de São Paulo. Na pista de pouso, que tem 1 600 metros, foi possível pisar fundo e voar baixo. O hatch chegou fácil aos 210 km/h. Segundo a fábrica, ele é capaz de atingir 250 km/h e acelerar de 0 a 100 km/h em 6 segundos – marcas próximas às divulgadas pela Subaru para o Impreza WRX 2.5 Turbo, com 300 cv de potência, que o iguala em velocidade máxima e acelera de 0 a 100 km/h em 5,2 segundos.
Além da reta emprestada dos aviões, a Renault providenciou um circuito de cones em uma área de taxiamento, onde foi possível avaliar o comportamento do carro em curvas. Nesse espaço, o RS se mostrou rápido e obediente. Não é para menos: além de pneus 235/40 R18, ele conta com diferencial de deslizamento limitado, que distribui o torque entre as rodas e garante a melhor tração o tempo todo. O controle eletrônico de estabilidade (ESP) tem três modos de operação: On, Off e Sport.
Em nosso test-drive, mais impressionantes que o equilíbrio nas curvas foram as respostas arrebatadoras, nas arrancadas e na recuperação de velocidade. Segundo a Renault, 80% do torque do motor está disponível a partir das 1.900 rpm.
Além desse preparo físico, o RS conta com um sistema que permite ao motorista ajustar o tempo de resposta do acelerador. São cinco modos: linear (progressivo), normal, neve (ajuda a evitar que as rodas patinem em pisos de baixa aderência), esportivo e radical (provoca acelerações brutas, daquelas em que o corpo do motorista é jogado contra o encosto do banco). Esse sistema, chamado RS Monitor, não regula apenas o acelerador. Por meio dele, o motorista pode acompanhar a pressão do turbo e do óleo, a solicitação de freios, o volume de torque e potência, a orientação (G-ball), o cronônometro (tempos total e parciais) e a aceleração (de 0 a 100 km/h e 0 a 400 metros).
Como ainda analisa a possibilidade de importar o carro, a Renault não faz estimativas de preços. Mas, olhando o mercado, podemos supor que os valores fiquem em torno de 130.000 reais, para a versão RS Sport, e de 200.000 reais, para a RS Cup. Segundo a empresa, a decisão sobre a importação só deve ser tomada em setembro e, caso opte por trazer o RS, o início das vendas ficaria para o primeiro semestre do ano que vem.
A favor da chegada do esportivo há pelo menos dois antecedentes. Um deles é o fato de a Renault já comercializar o Mégane RS em cerca de 30 diferentes mercados. O outro é o lançamento do Renault Fluence GT, no fim do ano passado, fato que sinaliza o interesse da marca pelo segmento ou, no mínimo, de sua importância na construção de imagem. Tanto que a unidade avaliada já trazia extintor de incêndio, item obrigatório em nosso país, selo com o número do telefone 0800 da fábrica no Brasil e pneus homologados (com emblema do Inmetro gravado na lateral). Ao que tudo indica, é só uma questão de tempo para vermos o RS nas ruas.
Como a nova geração do Renault Mégane está prevista para 2014, perguntamos se poderíamos contar com o RS já nessa nova configuração, mas ouvimos “não” como resposta. Pelo menos nos primeiros lotes, nosso Mégane RS seria igual ao mostrado nestas páginas.
VEREDICTO
O preço pode não ser um diferencial competitivo do RS. Mas é certo que o Mégane pode seduzir quem quer aprofundar a performance sem, no entanto, perfurar o bolso.
Motor | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, turbo (twinscroll), CVVT |
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Cilindrada | 1 998 cm3 |
Diâmetro x curso | 82,7 x 93 mm |
Potência | 265 cv a 5 500 rpm |
Torque | 36,7 mkgf a 3 300 rpm |
Câmbio | manual, 6 marchas, dianteira com diferencial autoblocante |
Carroceria | hatch, 2 portas, 4 lugares |
Dimensões | comprimento, 430 cm; largura, 185 cm; altura, 143 cm; entre-eixos; 264 cm |
Peso | 1 387 kg |
Porta-malas/caçamba | 375 litros |
Tanque | 60 litros |
Suspensão dianteira | McPherson |
Suspensão traseira | eixo de torção |
Freios | discos ventilados e ranhurados (diant.), discos sólidos (tras.) |
Direção | pinhão e cremalheira (elétrica) |
Pneus | 235/40 R18 |
Equipamentos | airbags, ESP, ar-condicionado, GPS, sistema de som, bancos de couro e RS Monitor |