Manutenção: só troque o que realmente for preciso
Pediram para substituir amortecedores ou pastilhas de freio numa determinada quilometragem? Saiba por que isso é errado
Por Gustavo Henrique Ruffo 23 jun 2014, 22h42 • Atualizado em 11 abr 2021, 00h40
O mecânico checa o hodômetro do carro, olha para a suspensão e decreta: “Doutor, chegou a hora de trocar os amortecedores. Já estão com 40.000 km”. Se você ouvir isso, caia fora e procure outra oficina.
Não é raro encontrar profissionais que gostam de substituir itens como pastilhas de freio ou embreagem numa quilometragem fixa, algo muitas vezes recomendado pelo fabricante da peça. Não caia nessa. Esses componentes fazem parte da manutenção preditiva do veículo, meio-termo entre a preventiva e a corretiva.
Na preventiva, troca-se a peça num certo prazo, para garantir que não haja problemas no futuro, como é o caso do óleo. Na corretiva, ela é substituída quando quebra ou dá defeito, como uma lâmpada queimada.
Na preditiva, a troca é feita só quando a peça já apresentou um desgaste que reduziu sua eficiência num nível acima do aceitável. Para isso, ela precisa seguir um procedimento adequado.
“A manutenção preditiva é sempre feita a partir de uma análise prévia. Ou seja, é possível que o técnico, a partir de medições e visualizações dos componentes, possa definir pela substituição ou não”, explica o professor Ailton Fernandes, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Ipiranga.
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Se fosse seguir as indicações dos fornecedores das peças, o engenheiro de software Carlos Moreira Leite não teria levado a embreagem de seu VW Gol 1.0 1995 aos 192.000 km, como ele gosta de se orgulhar.
“Também vendi um Fiat Mille com 65.000 km rodados e cujos amortecedores ainda estavam em bom estado, contrariando a recomendação de alguns fabricantes de trocá-los a 30.000 ou 40.000 km”, diz ele.
O grande erro de o fornecedor indicar o prazo para a troca do componente é que seu desgaste varia muito conforme a condição de rodagem do automóvel.
Influencia nisso o estilo de direção do motorista (passar rápido em lombadas deteriora mais a suspensão e o pneu, por exemplo), a condição do piso (quanto mais buracos, menor a vida útil), a geografia do terreno (cidade com ladeiras consome mais embreagem e pneu) e o tipo de uso (no ciclo urbano, o freio dura menos).
Portanto, a mesma peça num automóvel semelhante pode durar até 50% menos se o motorista e o local de uso forem diferentes.
O principal cuidado para evitar a troca indesejada é conferir o manual do proprietário, que em geral indica a peça que deve ser substituída no prazo especificado e aquela que deve ser vistoriada para depois o técnico decidir se vai trocá-la ou não.
Como nas concessionárias os mecânicos têm de seguir o manual, elas costumam respeitar mais o que é um item preventivo e um preditivo.
Porém, nas oficinas independentes ou autocenters, é preciso abrir mais o olho, pois a confusão é maior. A questão é saber sempre diferenciar uma da outra, para não ser enganado ao pagar a conta.
O que dizem os fabricantes das peças
| Embreagem (disco e platô): | 60.000 km |
|---|---|
| Pneus: | 50.000 km |
| Amortecedores: | 40.000 km |
| Cabos de vela: | 40.000 km |
| Lonas de freio: | 40.000 km |
| Discos de freio: | 20.000 km |
| Pastilhas de freio: | 10.000 km |
| Escapamento (tubulação): | 2 anos |
O que você deve fazer
Só substitua essas peças se necessário, quando chegarem ao fim de sua vida útil. Na prática, elas podem durar menos que o indicado pelo fabricante do componente ou até mais que o dobro, dependendo de como o automóvel foi usado.
Já os itens abaixo devem ser trocados sempre no prazo indicado no manual do proprietário, pois fazem parte da manutenção preventiva.
| – Óleo |
| – Filtro de óleo |
| – Filtro de combustível |
| – Filtro de ar |
| – Filtro de ar-condicionado |
| – Velas de ignição |
| – Correia dentada |
| – Fluido dos freios |
| – Óleo de câmbio manual |
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