VW Gol GTI 16V tinha alma brasileira, coração alemão e superava o Golf
Potente e arisco, o Gol GTi ganhou coração alemão, não deixou herdeiro e até hoje é um dos melhores VW esportivos já fabricados no Brasil
Quando a segunda geração do Volkswagen Gol surgiu, em meados de 1994, o contraste com a anterior, de linhas retas, fez com que ganhasse o apelido de Bolinha. A ansiedade agora era saber como ficariam as versões nervosas, que desde 1988 disputavam o título de melhor esportivo nacional.
O GTS não veio, mas o GTI deu as caras em novembro: com 0,95 g de aceleração lateral, virou o campeão de estabilidade entre os nacionais, mas seu brilho foi ofuscado pelo novato Corsa GSi. Com um 1.6 16V importado da Hungria, o Chevrolet andava mais, gastava menos e freava melhor, graças ao ABS.
Mas a Volkswagen preparava a resposta. O GTI 16V chegou no fim de 1995, com motor importado da Alemanha. A arquitetura era a do AP 2.0 de 109 cv, mas o bloco era mais alto para acomodar as bielas 15 mm maiores, que reduziam a aspereza em alto giro.
Com 141 cv, o motor entregou muito mais potência e refinamento: era apoiado em coxins hidráulicos e o torque de 17,8 mkgf era contido por longarinas reforçadas e uma transmissão superdimensionada, vinda do Audi A4. A embreagem hidráulica colocava um fim no velho endurecimento progressivo do pedal.
Bom de giro, o motor alemão brilhava acima de 3.500 rpm e chegava ao limite de rotação sem muito esforço, bem diferente do GTI 8V, que apesar do generoso torque em baixas rotações apagava acima dos 5.000 rpm – não era fácil arrancar com o 16V sem deixar rastro de borracha no asfalto.
O ganho no 0 a 100 km/h, no entanto, foi menor do que se esperava: 10,21 segundos, 1 segundo a menos que o 8V. Mas os 32 cv a mais fizeram a diferença na máxima, que saltou de 185 km/h para expressivos 203,2 km/h. Os freios eram a disco, mas o ABS ainda era opcional.
A suspensão recalibrada, as rodas aro 15 e o pneu de perfil 50 sacrifcavam o conforto, mas a barra estabilizadora atrás diminuía a aderência (0,93 g), em prol de um comportamento arisco. Era fácil provocar a saída de traseira para aplicar o contraesterço, acelerando fundo nas saídas de curva. Diversão pura.
Por fora, o destaque eram os novos apêndices aerodinâmicos e a bolha no capô, indispensável para acomodar o motor mais alto.
No interior, a novidade era a presença de um subwoofer, com opção de CD player e revestimento dos bancos de couro bicolor, como o GTI 16V das fotos, do empresário Fabrício Soares, que sonhou com o esportivo desde o lançamento: ”Levei dez anos para encontrar um igual ao publicado na QUATRO RODAS de setembro de 1995”.
Ele dava um banho de desempenho até no Golf, mas a importação da quarta geração do hatch médio alemão acabou com o reinado do brasileiro em 1998. O golpe de misericórdia veio na terceira geração: o GTI 16V perdeu a bolha no capô e o acabamento esportivo era oferecido até com motor 1.0. Caro e sem personalidade, saiu de linha em 2000.
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,21 s |
---|---|
Velocidade máxima | 203,2 km/h |
Retomada de 40 a 100 km/h | 21,06 s |
Frenagem de 80 km/h a 0 | 29,0 m |
Consumo urbano | 8,35 km/l |
Consumo rodoviário | 12,32 lm/l |
Motor | longitudinal, 4 cilindros em linha, 1 984 cm3, quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas no cabeçote, alimentação por injeção eletrônica multiponto. Potência: 141 cv a 6.250 rpm. Torque: 17,8 mkgf a 4.500 rpm |
---|---|
Câmbio | manual de 5 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na frente e eixo de torção atrás |
Freios | a disco nas 4 rodas, com ABS opcional |
Rodas e pneus | 195/50 R15 radiais |
Dimensões | comprimento, 381 cm; largura, 159 cm; altura, 150 cm; entre-eixos, 246 cm; peso, 1 119 kg |
Porta-malas | 269 litros |