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Actros e L-1111: guiamos dois ícones dos caminhões Mercedes-Benz

Um dos modelos mais importantes da história da marca, o 1111 foi campeão de vendas da empresa e inspirou até uma série especial retrô do Actros

Por Vitor Matsubara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 nov 2020, 16h38 - Publicado em 13 dez 2017, 15h03
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  • Épocas distintas, mesma cor: Actros Série Especial (esq.) foi inspirado no L-1111
    Épocas distintas, mesma cor: Actros Série Especial (esq.) foi inspirado no L-1111 (Giovana Rampini/Quatro Rodas)

    O L-1111 é mais do que um simples caminhão. Lançado no Brasil em 1964, ele ajudou a construir a imagem da Mercedes-Benz por aqui – a empresa havia se estabelecido no país em 1956. Em seis anos de produção, a marca vendeu 39 mil unidades.

    Sua importância é tamanha que a Mercedes lançou até uma série especial do Actros baseada no 1111. Foi a deixa para dirigirmos os dois caminhões e descobrir o tamanho da evolução em 51 anos.

    Actros e L-1111: guiamos dois ícones dos caminhões Mercedes-Benz
    Caminhão foi restaurado pela própria Mercedes (Mercedes-Benz/Divulgação)

    O 1111 (ou “onze onze”, como é conhecido no mundo dos caminhoneiros) era vendido em três versões. A L tinha chassis para caminhões e três opções de entre-eixos, de 3.600 mm, 4.200 mm e 4.830 mm, com capacidade de carga de 7.405 kg, 7.375 kg e 7.290 kg, respectivamente.

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    L-1111 tinha motor a diesel com 121 cv (Giovana Rampini/Quatro Rodas)

    O PBT (peso bruto total) era de 10.500 kg. Havia ainda as versões LK (chassis para basculante) e LS (chassis para cavalo mecânico), ambas com 3.600 mm de entre-eixos.

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    Aro cromado dentro do volante acionava a seta (Giovana Rampini/Quatro Rodas)

    Conforto era uma palavra fora do vocabulário do 1111. A cabine semiavançada mal tinha espaço para os pertences de motorista e passageiros. As portas quase não tinham acabamento interno e faltava isolamento acústico na cabine.

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    Rodas pintadas de vermelho viraram marca registrada do modelo (Giovana Rampini/Quatro Rodas)

    Ar-condicionado e direção hidráulica eram luxos impensáveis até para a maioria dos automóveis daquela época. Era um veículo feito para trabalhar, e isso ele fazia muito bem.

    Perto do 1111, o Actros parece um veículo de luxo. Além dos itens de conforto presentes nos caminhões atuais, traz diversas assistências eletrônicas.

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    Actros e L1111
    Diferença de tamanho entre os caminhões é perceptível de longe (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

    Há piloto automático, assistência de frenagem de emergência e alerta de permanência em faixa – um alerta sonoro grave sai dos altos-falantes se o caminhoneiro invade a pista ao lado. Se um veículo entrar na frente do Actros, tudo bem: um sistema aciona os freios para impedir a colisão.

    Feito para o trabalho

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    L1111 foi vendido apenas seis anos. No período, foram 39.000 unidades comercializadas (Giovana Rampini/Quatro Rodas)

    O L1111 das fotos foi restaurado pela própria Mercedes-Benz. O motor é um OM 321 diesel com seis cilindros, injeção indireta e aspiração natural, entregando 121 cv a 2.800 rpm.

    Dirigir o 1111 não é tão difícil quanto eu imaginava. A direção não tem assistência hidráulica, mas não é excessivamente pesada. É necessário um pouco de jeito para manusear o câmbio de cinco marchas a frente e uma a ré (todas sincronizadas), mas os engates não são tão imprecisos. Delicadeza é fundamental para não cometer erros – e nem arranhar as marchas.

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    A marca alemã começou a produzir caminhões no Brasil em 1956 (Giovana Rampini/Quatro Rodas)

    As versões L e LK traziam freio motor acionado por uma alavanca na coluna de direção. Ele trabalha juntamente com o sistema de alimentação de combustível e utiliza a compressão do motor para reduzir a marcha, poupando os freios.

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    Material promocional do L-1111 na época de seu lançamento, em 1956 (Mercedes-Benz/Divulgação)

    A cabine era do tipo semiavançada, sem cama e bem espartana, como padrão na época, totalmente diferente do conforto observado e sentido nos caminhões topo de linha da marca de hoje, como o Actros.

    Quase um automóvel

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    Das 21 unidades, a Mercedes anunciou que uma delas já foi vendida (Mercedes-Benz/Divulgação)
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    Apenas 21 unidades do Actros Série Especial serão vendidas pela marca, sendo 15 do 2651 6×4 e seis do 2546 6×2. Cada uma delas custa R$ 500.000 e todas trazem um motor de 13 litros com 510 cv.

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    Adesivo faz alusão ao lançamento do modelo na Fenatran (Giovana Rampini/Divulgação)

    Há outros detalhes inspirados no passado além da pintura verde, como chassis e detalhes externos pintados de vermelho e revestimento em couro bege com costuras aparentes.

    Achar a posição de dirigir ideal é fácil graças aos ajustes elétricos de altura e profundidade do banco do condutor. Feito isso, basta pressionar levemente o pedal do acelerador para movimentar o monstro de quase 20 metros de comprimento com o implemento acoplado.

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    Cabine tem todos os comandos voltados para o caminhoneiro (Giovana Rampini/Quatro Rodas)
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    A direção do Actros é extremamente leve, facilitando as manobras em espaços apertados. É fundamental checar os cinco espelhos retrovisores o tempo todo para não atingir algum veículo – ou alguém. Graças a eles dá para visualizar tudo que está ao redor (e à frente) do caminhão.

    A suspensão tem calibragem priorizando o conforto, fazendo a cabine chacoalhar ao passar por irregularidades. Já a transmissão automatizada de 12 marchas remete às primeiras caixas deste tipo, dando trancos entre as trocas.

    Passando as primeiras marchas, o Actros ganha embalo rapidamente, especialmente se o caminhoneiro decidir realizar as trocas no modo sequencial.

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    Cabine Megaspace tem área livre entre os bancos e uma confortável cama (Mercedes-Benz/Divulgação)

    A espaçosa cabine tem inúmeros porta-objetos, rádio com Bluetooth e uma confortável cama na boléia, com direito a televisor com receptor digital e cortinas para cobrir todas as janelas.

    Até um climatizador foi instalado para manter a temperatura da cabine agradável sem recorrer ao ar-condicionado durante as noites.

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    Padronagem do revestimento dos bancos foi inspirada nos antigos caminhões da marca (Mercedes-Benz/Divulgação)
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    Actros tem motor de 13 litros com 510 cv (Mercedes-Benz/Divulgação)

    Ser caminhoneiro nunca foi fácil. Mas passar um dia com Actros e L-1111 me provou como os caminhões evoluíram em seis décadas – tanto quanto a indústria automobilística, aliás. Bom para quem passa a maior parte da vida dirigindo-os pelas estradas.

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