Lançado em 5 de junho, o programa de incentivo para a venda de carros novos com descontos patrocinados pelo Governo Federal já está quase na metade. Os descontos são baseados em créditos tributários com teto de até R$ 500 milhões.
Esses créditos podem acabar mais cedo do que se imaginava.
Uma semana depois de os primeiros carros com desconto começarem a ser anunciados, cerca de R$ 150 milhões em créditos tributários já foram solicitados pelas dez fabricantes de automóveis que aderiram ao programa de incentivos criado pela Medida Provisória 1.175/2023. Ou seja, 30% dos créditos já foram consumidos.
Renault, Volkswagen, Toyota, Hyundai, Nissan, Honda, Chevrolet, Fiat/Jeep e Peugeot/Citroën aderiram ao programa e todas solicitaram o máximo de recursos permitidos no momento de adesão, que é de R$ 10 milhões. Contudo, Volks, Hyundai, Chevrolet, Fiat/Jeep, Peugeot/Citroën e Renault já pediram crédito adicional de mais de R$ 10 milhões.
Pela regra, as fabricantes só podem solicitar novos blocos de R$ 10 milhões assim que o anterior é consumido até que todo o crédito de R$ 500 milhões seja alocado. Não há qualquer movimentação do governo para aumentar esse montante na tentativa de manter os descontos por mais tempo.
Os descontos variam entre R$ 2.000 e R$ 8.000 por carro, de acordo com as emissões e nível de nacionalização, e valem para 231 versões de 33 carros vendidos no Brasil. Apenas a Honda não divulgou preços com desconto até o momento.
Corrida às concessionárias
Os descontos no preço dos carros novos nem sempre se resume ao valor patrocinado pelo governo. Algumas fabricantes chegam a mais que dobrar o valor do desconto do governo para garantir que seus carros tenham preço competitivo frente aos concorrentes.
Os carros mais baratos do Brasil, o Renault Kwid e o Fiat Mobi, tiveram redução de R$ 10.000 no preço de tabela anterior e agora custam a partir de R$ 58.990. São os únicos carros que receberam o incentivo máximo de R$ 8.000 e as respectivas fabricantes tiraram mais R$ 2.000.
Estes descontos só valem para carros que custam até R$ 120.000, mas algumas fabricantes estão dando bônus para carros com preços acima do teto, para não perder vendas.
É uma movimentação que não se via desde antes da pandemia da Covid-19, quando a alta dos custos logíticos e de matérias primas, catalisada pela crise dos semicondutores, fez o preço dos carros novos quase dobrar.
De acordo com a Fenabrave, federação das distribuidoras de veículos, algumas concessionárias experimentam um aumento no movimento em até 260% na última semana. A entidade defende o aumento do aporte por parte do Governo Federal para estender o programa de descontos, pois os efeitos da MP mostram como a população estava esperando uma oportunidade para poder comprar um carro novo.