Por causa da burocracia, o cliente PcD leva cerca de três meses para conseguir as isenções de ICMS e IPI.
Porém, a espera para ter o carro na garagem pode chegar a seis.
O funcionário público Fernando Avelar, 40 anos, teve que esperar 90 dias pelo seu Toyota Corolla GLi. Ele encomendou o modelo na concessionária Osaka em Belo Horizonte, Minas Gerais.
“Estava com a documentação em ordem e esperava que o carro demorasse cerca de 30 dias no máximo e devido à alta procura pelo modelo fiquei três meses na espera”, conta Avelar.
Questionada sobre a demora excessiva, a Toyota esclareceu que devido a capacidade produtiva instalada e a alta demanda pelo Corolla, a marca estabelece como prazo para PcD entre 90 e 180 dias.
A comercialização para PcD segue as mesmas regras da venda direta para Pessoa Jurídica. Portanto o carro é encomendado direto da fábrica e não sai dos estoques da concessionária.
No entanto, as vendas para pessoas com deficiência crescem mais de 30% ao ano.
“A revenda fica como uma intermediária na compra PcD, mas continua recebendo uma comissão pela venda”, afirma Frida Lickel, diretora comercial da Citroën. A marca francesa vende 10% do seu volume anual para pessoas com condições especiais.
“Esse mercado se tornou tão importante que formamos vendedores especializados. E o nosso objetivo é oferecer a melhor experiência possível”, diz Frida.
O cliente Fabio Brejão teve um bom atendimento na concessionária Citroën TGV em São Paulo, mas se decepcionou com o prazo de entrega.
“O vendedor me informou que em dez dias estaria com o carro em mãos e o processo durou um mês. Vendi o meu carro contando com o prazo inicial e fiquei pagando Uber por algumas semanas. A conta deu quase R$ 1.000”, conta Brejão.
A fabricante afirma que o tempo médio de entrega é de 15 a 20 dias. E que no caso especifico do proprietário Fabio não há registros de queixas nos canais oficiais de atendimento ao cliente.
O paulistano Junior Souza, 33 anos, também foi enganado pelo prazo inicial do vendedor ao encomendar um Creta Attitude 1.6 na Hyundai Caoa em São Paulo.
“Me passaram um período máximo de 45 dias e o carro levou 88 dias para chegar, quase três meses”, diz Junior.
A marca esclareceu que devido à elevada demanda pela versão Attitude 1.6 no ano passado, a Hyundai suspendeu, em setembro, as vendas do modelo temporariamente.
O objetivo foi atender com o volume disponível os clientes que haviam entrado com seus pedidos e se encontravam na fila de espera para recebimento do veículo, como foi o caso do Junior de Souza.
A partir de dezembro a Hyundai retomou a comercialização do carro somente sob encomenda, o que implica em um prazo médio de entrega de 90 dias.
Pelo visto, vendedores que prometem prazos que não podem ser cumpridos estão em todas as fabricantes.
Em Manaus, a cliente da Jeep, Jeniffer Pereira, 29 anos, amargou uma espera de quase dois meses por um Jeep Renegade.
“A promessa era de 15 dias e o prazo foi sendo estendido a cada ligação minha. Por diversas vezes fui ignorada pela vendedora da Jeep Manaus, me senti desrespeitada”, conta Jeniffer.
A Jeep afirma que vem aprimorando seus processos internos para atender o público PcD da melhor forma possível e o principal objetivo é a redução do tempo médio de entrega dos veículos.