CATL mostra bateria de sódio mais barata, durável e que promete 500 km de autonomia
Tecnologia chinesa de alta densidade energética oferece durabilidade de até 10 mil ciclos e custo reduzido

As baterias de íons de sódio podem estar mais perto do que imaginávamos. A CATL, uma das maiores fabricantes de baterias do mundo, anunciou ter alcançado uma densidade energética de 175 Wh/kg em seu projeto de baterias de sódio. É um marco importante para esta tecnologia que utiliza uma matéria prima muito mais barata e abundante: o sal.
e podem suportar mais de 500 quilômetros de autonomia em modo puramente elétrico. Além disso, deixaram claro que a produção em massa pode acontecer para o próximo ano.
A densidade energética representa a razão entre a quantidade de energia que pode ser acumulada para cada quilo de bateria. Quanto maior a densidade, maior é o aproveitamento que o carro tem da sua bateria. É importante que a quantidade de energia armazenada compense o peso agregado ao carro.
Quanto menor o tamanho da bateria, menos ele pesa, e mais desempenho o veículo tem, mas se a bateria tiver mais energia, sua autonomia será maior. A CATL diz que sua bateria poderá garantir uma autonomia de até 500 km, mas não disse o tamanho ou peso dela.
Mas vale uma comparação. Essa densidade de 175 Wh/kg é bastante significativa. Para efeito de comparação, as baterias Blade 2.0, usadas atualmente pela BYD, que são de fosfato de ferro-lítio (LFP). têm densidade de 160 Wh/kg.

As baterias de sódio da CATL ainda têm uma densidade energética um pouco menor que as de íon de lítio, mas elas suportam temperaturas mais extremas — uma variação de – 40°C à 70°C. Essas características colocam a nova geração das baterias de sódio como uma alternativa viável para ampliar o alcance da eletrificação.
Tecnologia segura e durável amplia o potencial das baterias de sódio
A marca destacou que a tecnologia já passou por mais de 20 testes de segurança, incluindo resistência a incêndios e explosões em cenários extremos de perfuração e compressão. Em setembro deste ano, a CATARC (China Automotive Technology and Research Centre) concedeu a primeira certificação de conformidade ao padrão GB 38031-2025, para a bateria.

Outro ponto central está no ciclo de vida. Enquanto baterias de lítio comuns entregam em média 1.500 ciclos de recarga, a Naxtra, como foi batizada a nova bateria de sal, promete ultrapassar 10.000 ciclos, oferecendo durabilidade superior e menor custo total.
Para os consumidores, essa diferença pode vir de outra maneira, e um deles é no valor dos veículos: segundo a própria CATL, os valores do seu novo produto podem ser em torno de 10 dólares por kWh (R$ 53,24), muito abaixo dos 75 dólares (R$ 399,28) praticados hoje em baterias convencionais e dos 100 dólares (R$ 532,38) cobrados pelas células mais modernas da Tesla.
Embora as aplicações em carros chamem mais atenção, a primeira onda de veículos a receber as baterias de sódio já está em circulação nas ruas. Marcas como Yadea e Aima equiparam scooters elétricas com células de sódio, que oferecem densidade de 145 Wh/kg, garantia de três anos e carregamento ultrarrápido: até 80% em quinze minutos. O desempenho em baixas temperaturas também se confirmou, mantendo mais de 90% da capacidade de descarga a –20 °C.

Se aplicadas em carros de entrada, as baterias de sódio poderiam reduzir o preço final de carros elétricos para cerca de 12 mil dólares (R$ 63.885), tornando viável a compra de veículos que hoje ainda estão fora do alcance da maioria dos consumidores.
Custo baixo e abundância de matéria-prima tornam o sódio competitivo no mercado
Isso acontece porque o carbonato de sódio, matéria-prima da tecnologia, custa em torno de 200 dólares (R$ 1.064) por tonelada e é abundante em 90% das bacias globais, contra os 15 mil dolares (R$ 79.856,98) do carbonato de lítio, cuja cadeia de fornecimento é mais vulnerável a crises políticas ou greves de mineração.
Mesmo assim, os especialistas ressaltam que a tecnologia não deve substituir o lítio tão cedo. A densidade energética ainda é inferior às químicas mais avançadas de íons de lítio e muito distante do que se espera das futuras baterias de estado sólido, que podem atingir até 500 Wh/kg.

Por outro lado, a combinação de custo mais baixo, segurança reforçada e desempenho estável em temperaturas extremas coloca o sódio como peça-chave no próximo capítulo da eletrificação, especialmente em veículos compactos, frotas urbanas e sistemas de armazenamento de energia.
Segundo a BloombergNEF, a previsão é que o sódio conquiste até 12% do mercado global de baterias até 2030. Se esse movimento se confirmar, a CATL já larga na frente com produção medida em dezenas de GWh, contrastando com iniciativas ainda tímidas em outros países, como a primeira fábrica americana de sódio, da Natron Energy, que começou a operar em Michigan com capacidade de apenas 600 MWh por ano.