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Chevrolet Celta elétrico tem 100 km de autonomia e custou menos que Onix

Engenheiro aeronáutico eletrificou um Chevrolet Celta 2005 por conta própria e já pensa em converter outro modelo

Por Eduardo Passos, João Vitor Ferreira
Atualizado em 10 mar 2022, 22h38 - Publicado em 28 ago 2021, 02h31
Celta Elétrico
Criador e criatura: a ideia surgiu depois que o engenheiro viu uns vídeos na internet (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

Depois de assistir a vídeos na internet de gente fazendo conversões caseiras de veículos comuns em elétricos, o engenheiro aeronáutico Juan Antonio Cuenda, espanhol radicado em São José dos Campos (SP), decidiu fazer, ele mesmo, o próprio projeto.

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Os trabalhos começaram em 2017 e o primeiro passo foi a compra do carro, um Celta Super duas-portas ano 2005. Em seguida, Cuenda comprou as peças previstas para o projeto e, com a ajuda de um mecânico, iniciou as alterações necessárias no compacto, como a retirada do motor 1.0 de 70 cv a combustão e a instalação do elétrico.

O motor novo não é muito potente, mas os 20 kW (cerca de 27 cv) não ameaçam a performance do Celtinha, favorecido pelo incomum aproveitamento da transmissão manual de fábrica. O próprio engenheiro desenhou a peça que faz a fixação da embreagem ao volante do motor. Ele conta que precisou criar uma nova flange para conectar o câmbio ao motor elétrico.

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Celta Elétrico
As faixas e o nome da versão são ideias do engenheiro (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

A confecção dessas peças ficou por conta de uma empresa terceirizada. A função do câmbio é principalmente controlar a rotação do motor elétrico, diz Cuenda, que monitora os parâmetros através de um celular fixado no painel e se diverte ao arrancar em quinta marcha sem problemas.

As baterias de íons de lítio estão agrupadas em três conjuntos (cada um com 500 células), conectados em paralelo e instalados no porta-malas. Elas pesam 60 kg e garantem uma autonomia de até 100 km, de acordo com o engenheiro. A refrigeração é feita por três pequenos ventiladores, semelhantes aos vendidos em lojas de informática.

Celta Elétrico
Painel ganhou medidores digitais. Carregamento é feito no mesmo local de antes (Eduardo Passos/Quatro Rodas)
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Orgulho do inventor, o sistema conta até com um inversor de corrente e frenagem regenerativa. O carregamento é feito em casa, em tomada de 220 V, com energia fornecida com o auxílio de painéis solares.

Celta Elétrico
(Eduardo Passos/Quatro Rodas)

Com tantas modificações, a dinâmica do carro também foi alterada. Mais leve, o Celta precisou de ajustes no comprimento das molas. “Ele ficou muito alto, precisei rebaixar a suspensão, mas agora ela está muito baixa e devo ajustar isso também”, afirma Cuenda, revelando que o projeto ainda não está finalizado.

A distribuição do peso, na verdade, até melhorou, fazendo com que o Celta ficasse mais estável e se comportasse como um elétrico convencional, com centro de gravidade mais próximo ao solo. Ainda que a máxima seja de 100 km/h, isso não compromete o uso urbano, no qual dirigimos o carro e cenário onde o engenheiro utiliza o automóvel com frequência.

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Celta Elétrico
Há dois sistemas de refrigeração a ar: um para o motor e outro para as baterias (Divulgação/Quatro Rodas)

Não fosse pelos medidores de tensão e corrente, e pelo celular que acrescenta informações ao quadro de instrumentos, seria difícil apontar algo diferente no interior do Celta. Mas ao ligá-lo em completo silêncio e, principalmente, arrancar em terceira marcha sem ligar para a embreagem, vemos que a dinâmica é outra.

Celta Elétrico
Maior desafio foi construir novos flanges para o motor (Divulgação/Quatro Rodas)

Com respostas quase imediatas, o clássico das autoescolas encara sem susto ladeiras íngremes. Nas ruas, ele passa despercebido até o momento em que alguém nota que o Celta se move sem fazer barulho.

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Em valores atualizados, Cuenda calcula ter investido cerca de R$ 50.000 no projeto, se orientando pela cotação do dólar, menos que os R$ 61.590 de um Onix Joy. Como o processo ocorreu há três anos, o valor real é pouco mais do que a metade disso. Mas, segundo Cuenda, o custo/benefício foi tão satisfatório que ele já está planejando o próximo projeto, dessa vez em parceria com um amigo.

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São três packs de bateria ligados em paralelo. Em cada um há cerca de 500 células prismáticas (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

Os carros não estarão à venda, mas o engenheiro já pensa em oferecer consultoria para outros interessados nesse tipo de modificação, compartilhando os primeiros conselhos: “Não pode ser um carro muito velho ou com poucas peças à disposição. E um porta-malas grande também ajuda”.

Perguntado sobre algum clássico que sonhe em converter, o espanhol acaba revelando uma paixão francesa: o Renault Twingo antigo. “Não fosse pela falta de peças, ele seria um ótimo carro elétrico”, diz.

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