Ferrari 365 GTB4 “Daytona”, a primeira dirigida por Fittipaldi
O nome era homenagem à vitória da Ferrari em Daytona, glória que ela nunca alcançou
Há na Ferrari 365 GTB4 uma aura de revanche moral. Seu mito vem mais do poder da mídia que do carro em si. Sucessora da 275 GTB4, ela foi revelada no Salão de Paris de 1968 e logo apelidada de “Daytona”. A origem estava no pódio dominado pela Ferrari nas 24 Horas de Daytona no ano anterior. Era, para a imprensa especializada, uma forma de revidar o “Carrasco da Ferrari”, alcunha que ela deu ao Ford GT40, superior à escuderia italiana em Le Mans de 1966 a 1969. Desde então, o Daytona praticamente virou nome.
O modelo foi a última Ferrari V12 antes de a Fiat adquirir 40% das ações da empresa, em 1969. Nos EUA, graças à legislação local, seria a última com esse motor até 1984. A carroceria de aço tinha capô, portas e tampa do porta-malas de alumínio. Desenhada pela Pininfarina, ela mantinha as clássicas proporções de frente longa e traseira curta. Mas impressionava pela faixa de plástico Plexiglass que cobria toda a dianteira, sobrepondo-se aos faróis duplos.
O V12 da 275 GTB4, com um comando duplo no cabeçote por bancada, ganhou bloco maior. Com 4,4 litros, vinha com seis carburadores Weber e entregava 352 cv. O câmbio tinha cinco marchas. Já no Salão de Frankfurt de 1969 viria a conversível, a 365 GTS4. A faixa de Plexiglass deu lugar ao sistema escamoteável de faróis em 1971. Nesse ano surgiu a 365 GTC4, com desenho diferenciado, interior 2+2 e 340 cv.
O modelo de corrida tinha carroceria de alumínio, rodas mais largas, spoiler dianteiro e outras alterações. Depois, só capô e tampa do porta-malas seriam de alumínio. Nas 24 Horas de Le Mans de 1972, ela faturou os cinco primeiros lugares da sua categoria, que venceria ainda nos dois anos seguintes.
As fotos mostram um exemplar de 1974. Conhecida dos leitores mais antigos, Emerson Fittipaldi já havia apresentado essa unidade na edição de janeiro de 1974. Era a primeira Ferrari que ele dirigia. O acesso ao interior é fácil e tanto câmbio quanto comandos estão ao alcance das mãos. O assento poderia ser mais confortável, mas a visibilidade era generosa.
O desempenho impressionava: “A 240 km/h eu tinha a impressão de estar só a uns 150”. Engates e escalonamento do câmbio são precisos, mas a direção, com volante bem inclinado, pesa nas curvas. A Daytona tende ao sobresterço, é difícil controlá-la nessa situação. Outra crítica ia para o fading dos freios. “Depois de algumas curvas um pouco mais forçadas, o pedal de freio já estava bem baixo.”
Quando a revista chegou às bancas, a 365 GTB4 estava saindo de linha. Até 1973 foram feitas 1 284 cupês e 122 conversíveis, substituídas pela 365 GT4 Berlinetta Boxer, essa sim um ponto de virada mais na tecnologia que na estética da marca. Com a Daytona, a Ferrari vendeu pela primeira vez mais de 1.000 exemplares de um modelo. Todos foram e ainda são celebrados como a resposta à Ford que a 365 GTB4 nunca foi de fato, uma distorção que garantiu a ela um lugar de destaque na história da marca.
A ORIGINAL
A verdadeira responsável pela vitória tripla da Ferrari em Daytona foi a 330 P4. Com seu V12 de 450 cv, inovava ao ter cabeçote de três válvulas. O chassi era mais curto que o da 330 P3 e a suspensão foi melhorada. Chegava a 320 km/h. Essa sim merecia o apelido Daytona que nunca recebeu.
Motor: | 12 cilindros em V de 4,4 litros |
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Potência: | 352 cv a 7.500 rpm |
Câmbio: | manual de 5 velocidades |
Carrocerias: | cupê, cupê 2+2 (GTC4) e conversível (GTS4) |
Dimensões: | comprimento, 442 cm; largura, 176 cm; altura, 124 cm; entre-eixos, 240 cm; peso, 1 200 kg |
Desempenho: | 0 a 96 km/h em 5,4 segundos e velocidade máxima de 280 km/h |