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Clássicos: Ferrari Berlinetta Boxer, curva radical

Substituta de uma Ferrari campeã, a Berlinetta Boxer se estabeleceu ao romper paradigmas

Por Fabiano Pereira
Atualizado em 9 jan 2018, 18h58 - Publicado em 15 dez 2017, 21h03
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  • Ferrari Berlinetta Boxer
    Faróis escamoteáveis: hit dos anos 70 (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Suceder uma Ferrari como a 365 GTB/4 e GTS/4 “Daytona” não era tarefa fácil. Último projeto da marca sem a supervisão da Fiat, esse marco no design italiano dos anos 60 dominou o pódio das 24 Horas de Daytona de 1967, de onde veio seu apelido.

    Mas a 365 GT4 Berlinetta Boxer (ou simplesmente BB) não só se provou digna de tal missão como surpreendeu por sua técnica e estilo ousados. Pela primeira vez, uma Ferrari de rua trocava a configuração V12 por um boxer de mesmo número de cilindros herdado da F-1, montado entre os eixos.

    Um protótipo foi visto no Salão de Turim de 1971, mas o lançamento ficou para o de Paris em 1973.

    Havia sete anos que a Lamborghini fazia o Miura com motor central. Cilindros contrapostos eram uma tecnologia comprovada pela Porsche. A Ferrari temia desagradar sua clientela ao romper a tradição e seguir caminhos abertos pelos rivais. Ninguém reclamou.

    Ferrari Berlinetta Boxer
    Motor boxer de 4,4 litros produzia 360 cv (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    Com 4,4 litros, o boxer com quatro carburadores Weber de corpo triplo produzia 360 cv a 7 500 rpm. A suspensão independente nas quatro rodas usava molas helicoidais e amortecedores telescópicos e os freios hidráulicos eram a disco ventilado.

    O design Pininfarina trazia formas que seriam vistas em outras Ferrari, com para-lamas ondulados, mas predomínio de linhas retas no geral. A frente era mais pronunciada que a traseira. Capô, tampa do porta-malas e portas eram de alumínio, o restante era feito de aço pela Scaglietti. A frente tinha uma disposição dos faróis semelhante à do Lamborghini Countach.

    Ferrari Berlinetta Boxer
    Desenho assinado por Pininfarina fez escola (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A altura do teto pode espremer motoristas com mais de 1,80 metro. “Os espelhos só servem para manobras”, diz o dono da BB usada nas fotos, de 1975. Dos bancos de estofamento firme exala o cheiro típico do couro Connolly. Como a parede de fogo é um pouco recuada, os pés não ficam esticados.

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    Ferrari Berlinetta Boxer
    Interior tinha couro Connolly e fartura de instrumentos e interruptores (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Os engates secos pedem familiaridade para trocas sem trancos que estraguem câmbio e embreagem. O vigor do torque é percebido de saída. Como sobra motor, vale colocar uma marcha acima para um rodar mais suave no trânsito.

    O peso da direção, incômodo em manobras, é providencial em altas velocidades. Já a firmeza da suspensão se justifica no hábitat natural das Ferrari, pistas lisas e desimpedidas, feitas para correr. Nas curvas, a BB é fiel ao próprio eixo.

    Ferrari Berlinetta Boxer
    Seis canos de escape para dar vazão aos 12 cilindros (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    Para 1976, o motor cresceu para 5 litros e ela virou 512 Berlinetta Boxer. Se perdia 20 cv na potência máxima, esta chegava 700 rpm mais cedo. Spoiler dianteiro, tomada de ar nos para-lamas traseiros, lanternas duplas, em vez de triplas, e quatro saídas de escapamento, em vez de seis, marcavam a mudança.

    Com a injeção Bosch K-Jetronic, em 1981, foi rebatizada de 512 BBi. A potência total surgia a 6.000 rpm.

    Ferrari Berlinetta Boxer
    Bem baixa, a carroceria não comporta bem pessoas com mais de 1,80 m (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Em 1984, a Testarossa aposentava a BB, que teve 2.323 carros produzidos. Ela e seus derivados seriam o último projeto da marca para as ruas com motor boxer. Mas a disposição central nunca mais deixou de figurar com brilho no catálogo da Ferrari.

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    Ficha técnica – Ferrari Berlinetta Boxer 1975

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