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Clássicos: Ford Landau, o sedã V8 luxuoso que já deixou o presidente a pé

O banco de trás do mais luxuoso carro nacional do seu tempo era um símbolo de poder

Por Sérgio Berezovsky
Atualizado em 12 jun 2021, 09h00 - Publicado em 26 set 2020, 11h51
Landau
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em novembro de 2004

O “Sucatão”, velho Boeing 707 a serviço da presidência, não foi o único meio de transporte a ser motivo de preocupação nos deslocamentos do chefe da nação. No fim da década de 1980, o Landau presidencial pregava suas peças.

Por vezes deixou o então presidente José Sarney a pé. Bem, quase. Como quando foi recebido na base aérea de Brasília, na volta de uma viagem à Colômbia. Depois de se despedir dos ministros, embarcou no Landau para desembarcar logo em seguida, diante da negativa do carro em se mover.

Galaxie Landau modelo 1976, da Ford, pertencente a colecionador.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

O Landau 1982 ocupou a vaga principal do Palácio até 1991. Sua longevidade no poder se justificava: mesmo após anos sem ser produzido, nenhum nacional chegava perto dele em termos de espaço, conforto e silêncio ao rodar. Até hoje, não é raro vermos nas ruas os últimos modelos azul-clássico, que parecem flutuar sobre o asfalto.

A Ford deu novo significado à palavra luxo aplicada a carros nacionais com a apresentação do Galaxie 500, no fim de 1966. E avançou ao lançar o modelo LTD, que passou a integrar a linha 1969.

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Sérgio Berezovsky, redator-chefe da revista Quatro Rodas, dirigindo o Galaxie La
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Ainda mais bem-acabado, o LTD ganhou motor de 4.800 cm3, que se tornaria padrão para toda a linha (o original do Galaxie tinha 4.500 cm3). Trazia direção hidráulica de série, ar-condicionado e uma novidade inédita entre os nacionais: câmbio automático.

Painel do Galaxie Landau modelo 1976, da Ford.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)
Interior do Galaxie Landau modelo 1976, da Ford._1
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Mas o mais nobre dos nossos Ford ainda estava para nascer, o que ocorreu dois anos depois, com a chegada do LTD Landau. Apesar de ter a carroceria comum a todos os Galaxie, ele era inconfundível. Na coluna traseira, sobre o vinil do teto destacava-se o ornamento em forma de dobradiça, lembrando as que eram usadas na capota das carruagens conversíveis, os chamados landaus.

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No entanto, o detalhe mais marcante do carro era a pequena vigia traseira, que dava um toque exclusivo ao carro e maior privacidade a quem viajava atrás – geralmente, o dono.

Interior do Galaxie Landau modelo 1976, da Ford.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Os modelos da linha Galaxie 1976 ganharam o motor 302 de 5 litros que já equipava o Maverick, mais leve e potente. O LTD Landau passou a ser só Landau e por dois anos foi fabricado só na cor prata Continental, com teto de vinil da mesma cor. Como o que você vê nesta reportagem, do dentista Márcio Rossato.

Fã de carros americanos dos anos 70, ele vê no painel um dos grandes encantos do modelo. “A luz azul com a palavra ‘frio’ – indicando que o carro não chegou à temperatura ideal – é inesquecível.” Apesar de as luzes-espia quadradas terem seu charme, um termômetro fazia falta, pela tendência do motor ao superaquecimento quando exigido.

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Motor 302 V8 do Galaxie Landau, da Ford, pertencentes a colecionadores.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Apesar de contar com um V8 de 199 cv, igual ao do Maverick GT, desempenho nunca foi o forte do Landau, com seus 1.728kg de peso. Na edição de dezembro de 1975, o Ford chegou aos 154 e 158 km/h e acelerou de 0 a 100 km/h em 16 e 14 segundos, com ar-condicionado ligado e desligado, respectivamente. Por outro lado, no posto de gasolina ele não foi fraco: durante o teste, sorveu a média de 5,58km/l.

Frente do Galaxie Landau modelo 1976, da Ford.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Na hora de fazer curvas, o Landau apresentava a fatura do conforto que proporcionava: a suspensão macia fazia o carro adernar. Algumas carências no Landau eram inexplicáveis. Como acionamento elétrico dos vidros, por exemplo. E o que dizer do antiquado módulo do ar-condicionado sob o painel, sem graduação de temperatura? Até o VW Passat já contava com ar embutido.

Galaxie Landau modelo 1976, da Ford.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)
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Em 1980, o Landau entrou na era do álcool, quando a família já não contava com o pioneiro 500, desaparecido no ano anterior, e muito menos com o entusiasmo das vendas dos primeiros tempos. Em janeiro de 1983, o Landau encerrou a dinastia dos grandes Ford por aqui.

Ficha técnica – Ford Landau

  • Motor: Dianteiro, V8 Cilindrada: 4995 cm3 Potência: 199 cv a 4600 rpm Torque: 39,8 mkgf a 2400 rpm
  • Câmbio: Manual ou automático, 3 marchas
  • Dimensões: comprimento, 541 cm; largura, 199 cm; altura, 141 cm
Calota do Galaxie Landau modelo 1976, da Ford, pertencentes a colecionadores.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Teste QUATRO RODAS, dezembro de 1975

  • Aceleração 0 a 100 km/h – 14 s
  • Velocidade máxima – 158 km/h
  • Frenagem 80 km/h a 0 – 32,8 m
  • Consumo – 6 km/l (médio)
Detalhe do farol e da lanterna do Galaxie Landau modelo 1976, da Ford, pertencen
(Marco de Bari/Quatro Rodas)
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Preço

Dezembro de 1979 – Cr$ 536.296

Preço atualizado – R$ 267.814 (IGP-DI/FGV, agosto de 2020)

 

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