Ford Maverick Quadrijet, o polêmico rival do Opala
Ele acirrou nas pistas a eterna rivalidade com a Chevrolet e ainda hoje desperta admiração e curiosidade
Por Felipe Bitu
16 jun 2024, 12h00
Por mais potente que seja um automóvel, sempre haverá alguém disposto a pagar para ser mais rápido e veloz, sobretudo se o desempenho estiver acompanhado de muitas vitórias nas pistas.
Foi a partir dessa premissa que a Ford desenvolveu um dos modelos mais temidos e respeitados do folclore automobilístico nacional: o Maverick Quadrijet.
Lançado em junho de 1973, o Maverick supriu a lacuna entre o luxuoso Galaxie e o prático Corcel, para disputar o segmento dos médios contra o consagrado ChevroletOpala.
O modelo da GM dominava as corridas com peso baixo e seu possante 4.1 de seis cilindros e 140 cv SAE – mas seu reinado estava com os dias contados.
A novidade do Maverick era o motor V8 Windsor compartilhado com o primo americano Mustang. O propulsor era item de série na versão GT e opcional nas demais (Super e Super Luxo). Relativamente moderno para a época, o conjunto tinha 5 litros de cilindrada e 197 cv SAE. Assim, ia de de 0 a 100 km/h em 11,6 segundos, com máxima de 175 km/h.
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O Maverick conquistou a primeira vitória ao estrear nas 25 Horas de Interlagos de 1973, mas a pequena vantagem sobre o Opala incentivou a GM a aprovar o motor 250-S com 180 cv SAE. Ele deu ao Opala a vitória em 1974 graças à taxa de compressão mais alta, comando de válvulas esportivo e carburador de corpo duplo.
A revanche provocou uma guerra: a GM alegou que o V8 do Maverick era importado e a Ford sustentou que o 250-S não era produzido em série. Ambos tiveram sucesso em homologar seus motores, mas Luiz Antônio Greco (chefe da equipe Mercantil-Finasa-Ford) decidiu beber na mesma fonte da GM.
O Maverick Quadrijet recebeu carburador Holley de corpo quádruplo, coletor Edelbrock e comando de válvulas esportivo Is-kenderian. Os cabeçotes receberam tuchos sólidos, molas de válvulas duplas e juntas mais finas, aumentando a taxa para 8,1:1. A potência saltou para 257 cv SAE e o torque subiu de 39,5 para 41,6 mkgf.
O Maverick Quadrijet repetiu o feito com uma vitória nas 12 Horas de Goiânia de 1974. Para fins de homologação, ele foi oferecido ao público em três formas: automóvel completo, motor V8 completo ou comercialização do kit Quadrijet através da LAG Veículos, empresa de Luiz Antônio Greco que, na prática, funcionava como um departamento da Ford.
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Assim, todos os Maverick equipados com o motor V8 poderiam receber a mesma preparação das pistas, do cupê mais simples ao pacato sedã familiar de quatro portas, em qualquer versão de acabamento.
O kit também passou a ser oferecido pela rede de concessionárias da Ford.
Um comparativo entre os rivais foi publicado por QUATRO RODAS em agosto de 1974. Maverick Quadrijet e Opala 250-S foram considerados carros perigosos devido aos freios praticamente inalterados.
No teste, o Maverick cedido pelo piloto Chico Landi foi de 0 a 100 km/h em 7,8 s, chegando aos 200 km/h.
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“Era preciso habilidade para arrancar e não ficar parado com as rodas patinando soltando fumaça. Fazia no máximo 6,5 km/l de gasolina azul na estrada, mas no teste caiu para 2,2 km/l”, recorda o jornalista Emílio Camanzi.
Piloto nos anos 70, Bob Sharp diz que se sentia ao volante de um Nascar. “Eu, José Carlos Pace e Paulo Gomes vencemos as 25 Horas de Interlagos de 1975 sob chuva só em quarta marcha, após um problema no câmbio.”
O cupê Super 1975 das fotos acima pertence ao jornalista André “Portuga” Tavares, presidente do Galaxie Clube do Brasil. “O primeiro dono ganhou do pai o valor exato de um Maverick Super Luxo com motor de seis cilindros.
O filho preferiu encomendar a versão mais simples com motor V8, pintura metálica e ‘Carburação de Competição LAG’, tudo registrado na nota fiscal”, diz.
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O Quadrijet dominou as competições até a Confederação Brasileira de Automobilismo adotar o regulamento internacional, que exigia um mínimo de 5.000 unidades em 12 meses para homologação.
Ninguém sabe ao certo quantos foram produzidos, mas os entusiastas acreditam que o último deixou a linha de produção em São Bernardo do Campo em 1977.
Motor: longitudinal, 8 cilindros em V, 4.950 cm³; 257cv a 4.600 rpm; 41,6 mkgf a 2.400 rpm; comando de válvulas simples no bloco, alimentação por carburador de corpo quádruplo
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