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Clássicos: Karmann Ghia Mobil Safari, uma Kombi que virou motorhome

Dentro do minimotor home baseado na Volkswagen Kombi, até 6 pessoas podiam pernoitar

Por André Fiori
Atualizado em 20 Maio 2022, 21h44 - Publicado em 13 ago 2020, 21h57
Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karmann Ghia em
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em dezembro de 2006.

Ao se pensar em Karmann Ghia, a imagem que vem à mente é a dos elegantes cupês montados sobre mecânica Volkswagen. Porém, o grupo Karmann sempre foi eclético, fazendo ferramentais para fábricas de carros e autopeças.

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E a “Kombi-casa” era mais uma de suas criações. Espaçosa para seu pouco comprimento e mantendo a robustez herdada do Fusca, a história da Kombi no mundo sempre envolveu seu uso como dormitório de campistas.

A Karmann brasileira, que já construía trailers, resolveu enveredar na outra face do campismo motorizado: a de motor homes. E esse cargo foi confiado à Kombi, uma vez que já havia o projeto no exterior.

Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karmann Ghia em_3
(Marco de Bari/Quatro Rodas)
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O furgão fechado era o “pão de fôrma” escolhido para a tarefa, já que possuía comunicação da cabine com a traseira. Porém, dele pouco sobraria, pois das portas dianteiras para trás, exceto o assoalho, tudo era cortado fora, inclusive a parede atrás dos bancos dianteiros.

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Para contornar essa falta de rigidez, a casa nas costas era também um sobrechassi, feito de aço e amarrado à estrutura que sobrava, formando um conjunto único.

Interior do Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karm_5
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Já em 1977 estreava o primeiro motor home nacional derivado da Kombi. Era a Touring, basicamente uma traseira acrescentada à frente do utilitário, cujo teto ganhava um bagageiro. Para pernoite, apenas a mesa reversível da traseira, cujo tampo abaixava e os encostos preenchiam o resto do “colchão de casal”. Ainda assim, era homologado para até três passageiros.

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Havia um banheiro com vaso sanitário químico, pia e chuveiro, mais uma minúscula cozinha com fogão de duas bocas com forno e uma geladeira, ambos ou apenas um alimentado por um bujão externo de 2 quilos.

Interior do Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karm_1
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

O reinado da Touring seria curto, pois dois anos depois a Karmann apresentava outra Kombi com a casa nas costas: a Safari, que logo seria a única produzida devido ao melhor custo-benefício, pois em versão básica podia abrigar quatro pessoas divididas em dois casais.

Havia a possibilidade de no veículo pernoitarem mais duas pessoas, caso se montasse um beliche opcional de lona sobre a cama traseira. A água potável podia vir do tanque que também servia ao banheiro.

Interior do Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karm_6
(Marco de Bari/Quatro Rodas)
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Não era incomum que houvesse alterações como o uso dos cantos do banheiro para instalar mais armários e mesmo um rack para TV. Já a energia ficava a cargo de duas baterias, uma dedicada à parte automóvel e outra para as luzes internas e eletrodomésticos.

Banheiro do Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karm
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Com velocidade máxima de 80 km/h, não é veículo que tolere abusos, uma vez que é sensível a ventos laterais. Ainda assim, alguns tentavam melhorar a estabilidade, adaptando aros de talas mais largas às rodas traseiras praticamente escondidas.

Interior do Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karm_7
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

A Karmann Ghia sofreu os efeitos da crise originada no governo Collor, mas o pior golpe veio em 1997, dois anos depois de ela encerrar a fabricação, com o artigo 143 do Código de Trânsito. Ele exigia carteira tipo D para dirigir motor homes, o que forçou proprietários a deixar suas casas sobre rodas a maior parte do tempo paradas em campings.

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Karmann Ghia Mobil Safari, Kombi transformada em motor home._3
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Hoje as 450 Safari fabricadas continuam na mira dos viajantes, podendo atingir preços superiores a 30.000 reais se em bom estado. Mas, ao contrário dos colecionadores que encostam seus carros, essa Kombi continua seguindo seu propósito original, como a unidade que ilustra esta matéria, feita em 1987 e com pouco mais de 65.000 quilômetros rodados, pertencente ao vendedor de trailers Sérgio Abreu.

 

Karmann Ghia Mobil Safari, Kombi transformada em motor home.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Original

Em 1960, a própria VW quis aproveitar o espaço da Kombi. A transformação ficou com as empresas Mercantil Suíça e Camas Bruno. O resultado foi bom: bancos que viravam cama de casal, sofá, mesa, caixa-d”água, lavatório e dois armários. A preço de hoje, a Touring valia 77.700 reais. Saiu de linha em 1962.

Motor do Karmann Ghia Mobil Safari, modelo 1987, Kombi transformada pela Karmann_1
(Marco de Bari/Quatro Rodas)
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Ficha técnica

Motor: traseiro, longitudinal, 4 cilindros contrapostos, 1 584 cm3, refrigerado a ar, 2 válvulas por cilindro, alimentação por 2 carburadores de corpo único; Diâmetro x curso: 85,5 x 69 mm; Taxa de compressão: 7,2:1
Potência: 54 cv a 4 200 rpm
Torque: 11,2 mkgf a 2 600 rpm
Câmbio: 4 marchas, tração traseira
Carroceria: motor home, 3 portas, 4 a 6 passageiros
Dimensões: comprimento, 486 cm; largura total, 204 cm; altura total, 271 cm; altura interna, 204 cm; entreeixos, 240 cm; Peso: 1 820 kg
Suspensão: Dianteira: independente com barras de torção transversais em feixe, amortecedores e barra estabilizadora. Traseira: independente, braços arrastados, barras de torção e amortecedores
Freios: disco na frente e tambor atrás
Direção: setor e rosca sem-fim
Rodas: aço, aro 14; pneus 185/80 R 14

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