Ao comprar um carro, espera-se que ele, por ser novo, tenha a menor quantidade possível de problemas. Até podem aparecer problemas de qualidade e até defeitos no motor, mas o que vem afligindo a vida de quem compra um carro novo é mesmo a conectividade do carro com o smartphone dos usuários.
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É isso que indica o estudo realizado pela empresa de consultoria J.D. Power. Ao mesmo tempo que a conectividade dos carros se tornou argumento de venda, a interação deles com os smartphones vem causando mais problemas que qualquer parte mecânica dos veículos ou para outra tradicional fonte de problemas: os comandos por voz.
Chamado de Initial Quality Study (Estudo de Qualidade Inicial, em tradução livre), o levantamento foi divulgado pela empresa no dia 31 de agosto e afirma que “a conectividade de smartphones está entre os problemas mais citados por proprietários de carros novos”.
O estudo enfatiza que os problemas estão no sistema de informação e entretenimentos dos veículos novos. Além disso, eles provavelmente são os “culpados” pelo avanço de apenas 2% da qualidade dos modelos entre 2020 e 2021, estatística que ficou abaixo dos 3% que representam a média histórica.
A qualidade inicial é medida pelos problemas encontrados a cada 100 veículos nos primeiros 90 dias de uso do carro. Dito isso, a Ram se configura como a melhor nesta avaliação com 128 problemas a cada 100 veículos.
Se essa é uma boa notícia para a empresa norte-americana, outras conclusões do estudo são preocupantes. Um a cada quatro problemas relatados envolvem o sistema de informação e entretenimento. Além disso, é a primeira vez desde 2011 que a principal crítica não fica na conta do reconhecimento de voz.
Quem “ganhou” o título de sistema com mais problemas nos carros foi a conectividade de smartphones com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto. Com o aumento da utilização do sistema wireless, as falhas se intensificaram, assim como as reclamações.
O problema da conectividade não é nenhuma novidade para a indústria. O vice-presidente de qualidade automotiva da J.D. Power, Dave Sargent, disse que “há muitos exemplos de tecnologia de smartphones que não funcionam como esperado em carros novos”.
“Os clientes querem a tecnologia wireless e a indústria respondeu, mas isso criou um desafio maior para as fabricantes e para as empresas de tecnologia”, afirmou Sargent. Mas esse desafio também se estende às fabricantes dos smartphones.
Entre as falhas mais citadas está o carregamento por indução, que muitas vezes não é eficaz e faz com que a bateria do celular acabe rapidamente. Isso ocorre especialmente porque o Apple Carplay e o Android Auto demandam mais energia do que os carregadores wireless ou mesmo as portas USB conseguem fornecer.
Os aparelhos dependem de GPS, 4G e ainda executam transferência de muitos dados por cabo ou via WiFi, e também Bluetooh. Tudo ao mesmo tempo. Também por isso, os aparelhos costumam esquentar muito, o que leva a uma redução do desempenho deles.
Outras dificuldades são recorrentes entre as críticas, como problemas na central multimídia, falha ao conectar o celular aos sistemas oferecidos pelo modelo e instabilidade do fluxo de informações entre o celular e o carro – algo que ainda é especialmente comum nas conexões wireless.
O estudo de qualidade inicial da J.D. Power existe há 35 anos e, em 2021, ouviu mais de 110.000 proprietários e locatários de carros novos (todos os entrevistados eram donos de modelos 2021). Foram 223 perguntas separadas em nove categorias, cada uma delas destinada a uma área do carro.