Muito tempo antes de anunciar que não produziria mais carros no Brasil, o que aconteceu em janeiro, a Ford já havia encerrado a produção e até mesmo vendido a icônica fábrica na Avenida do Taboão, em São Bernardo do Campo (SP). Agora começa o processo de demolição do local.
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O site Primeira Marcha acompanhou o momento icônico de retirada dos letreiros da fabricante norte-americana do local. A placa “Ford Motor Company” e o oval azul que ficavam posicionados ao lado da entrada principal de visitantes foram retirados. O mesmo será feito com o enorme totem que podia ser visto a distância.
O mesmo site apurou que partiu da Ford a decisão de retirar todos os logotipos da fábrica para que ela seja completamente descaracterizada. Até mesmo a caixa d´agua da fábrica foi pintada para esconder o logo da Ford.
A nova proprietária da fábrica é a Construtora São José, junto com a FRAM Capital, que adquiriram as instalações por R$ 550 milhões, de acordo com a prefeitura de São Bernardo do Campo.
Parte do terreno de 1 milhão de m² seria mantido para o setor logístico da construtora. Mas existe a possibilidade de que a construtora negocie um pedaço do terreno com outra fabricante de automóveis para aproveitar parte da estrutura remanescente. A venda foi concluída cerca de dois meses antes da Ford comunicar o encerramento de todas as suas atividades industriais no Brasil até o fim de 2021.
Quatro marcas tiveram carros montados na “Fábrica do Taboão”.
O local começou a ganhar forma em 1952, quando a Willys-Overland se instalou ali. A produção de automóveis, porém, só teve início em 1954 com o Jeep Willys – que no ano seguinte seria substituído pelo CJ-5, batizado de Willys Jeep Universal por aqui.
No ano seguinte foi a vez do grande sedã Aero. Em 61 a marca lançava a picape Jeep 4×2 (que viveria até 1984 como F-75), o esportivo Interlagos e, em 1966, o luxuoso Itamaraty.
A Willys trabalhava com a Renault no chamado Projeto M (de carro médio) em 1967, quando foi comprada pela Ford. Dele nasceria o Ford Corcel, em 1968.
A fábrica de SBC passaria a produzir a Belina, perua derivada do Corcel, em 1970. Em 1973 a novidade era o Maverick, primeiro com duas portas e depois com quatro.
Em 1977 surgiria o Corcel II e em 1981 o Del Rey, ainda com a plataforma de origem Renault. Em 1982 a fábrica de São Bernardo começava a fabricar a Pampa, a picape derivada do Corcel.
Em 1983 era a vez da Del Rey Scala, perua derivada do Del Rey. Mas o principal lançamento daquele ano foi o Escort, seu novo carro de entrada, igual em estilo ao vendido na Europa. Era o primeiro carro mundial da marca no Brasil.
As novidades seguintes dependeriam da Autolatina, joint-venture formada entre Volkswagen e Ford em 1987. Derivado do Escort, o sedã Verona surgiu em 1989.
Ele serviu como ponto de partida para o Volkswagen Apollo, o mesmo carro, porém mais requintado. Era um Volkswagen fabricado dentro da Ford, assim como ocorreria depois com o VW Pointer.
Com o fim da Autolatina, apenas a Pampa seguiu em produção na fábrica do Taboão, até a Ford nacionalizar o Fiesta, que criou raiz ali e cedeu sua plataforma ao irmão menor Ka em 1997, mesmo ano que a picape Pampa foi substituída pela Courier.
Quando o velho Ka saiu de linha, em 2013, o Fiesta retornou à unidade. Sua nova geração era importada do México desde 2010. A unidade também produzia caminhões Ford.
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