DeSoto Adventurer: o último conquistador
Ícone de alta performance, o modelo atravessou os anos 50 à frente da concorrência, mas terminou canibalizado por outras divisões Chrysler
Fundada em 1928, a DeSoto surgiu como uma divisão intermediária da Chrysler Corporation, que ficava acima da popular Plymouth e abaixo das requintadas Chrysler e Imperial. O nome era uma homenagem ao conquistador espanhol Hernando de Soto, primeiro europeu a transpor o Rio Mississipi.
A marca viveu seus anos dourados com a chegada do designer Virgil Exner, admitido pelo grupo Chrysler em 1949. Com passagens pela GM e Studebaker, ele foi um sopro de criatividade na DeSoto, assim como nas outras divisões. Numa época em que os carros-conceito não eram tão comuns quanto hoje, Exner criou vários. Entre eles estava o Adventurer, em 1954, um cupê esportivo de quatro lugares criado para fazer frente ao Chevrolet Corvette. O designer tentou viabilizar sua produção, mas sem sucesso. Então redesenhou-o completamente, dando origem ao Adventurer II, de dois lugares, em 1955. Ainda era muito ousado para a cúpula da DeSoto, que aprovou um projeto mais convencional. O Adventurer chegou às lojas em 1956, mas como uma série limitada de 996 unidades do modelo Fireflite.
Com duas portas, seis lugares e 5,6 metros de comprimento, ele era bem diferente dos conceitos. Mas seu motor tinha o dobro de potência: era um V8 Hemi 5.6 de 320 cv e câmaras de combustão hemisféricas. Atingia 230 km/h, superando assim mitos como o Corvette e o Ford Thunderbird, porém custando menos.
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A versão conversível viria no ano seguinte, trazendo como principal novidade o estilo Forward Look, com inspiração aeroespacial. Os rabos de peixe nada discretos de Exner eram baseados nas linhas de foguetes e aviões e antecipavam a tendência para os anos 60: carrocerias cada vez maiores, mais baixas, mais largas e com faróis duplos. Seu V8 recebia dois carburadores de corpo quádruplo, com 345 cv.
Como o Adventurer virou um ícone de força bruta (a um custo acessível), a potência não parava de crescer. Em 1958, o motor Hemi foi substituído pelo V8 Chrysler B, com 5,9 litros e câmaras triangulares, chegando a 355 cv com a rara injeção eletrônica Bendix Electrojector, a primeira oferecida por um fabricante de larga escala. Mas não vingou: o sistema era caro e deficiente e só maculou a imagem da DeSoto.
Chegou a linha 1959 e estava cada vez mais difícil diferenciar um DeSoto de um Dodge ou um Chrysler – todos compartilhavam carrocerias -, o que provocou forte queda nas vendas.
Até que em 1960 o Adventurer perdeu exclusividade de vez. Promovido a topo de linha, deixou de ser uma série limitada, ganhou carroceria de quatro portas e ficou sem a conversível. Recebeu uma moderna estrutura monobloco, mas os boatos do iminente fim da DeSoto afugentaram os clientes, que migraram para a marca Chrysler. Descaracterizado, ele saiu de linha após cinco anos e 15 662 unidades. O cupê 1960 das fotos acima pertence a um colecionador de São Paulo e integra o acervo que fica aos cuidados do antigomobilista Paulo Roberto Teixeira: “Por ser um carro nada discreto, marca presença em todos os lugares por onde passa”. A DeSoto encerrou as atividades em 1961, aos 32 anos. Não concretizou os belos carros-conceito idealizados por Exner, que por sua vez deixou o grupo Chrysler no mesmo ano.
Motor | 8 cilindros em V, 6,3 litros |
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Potência | 325 cv a 4 800 rpm |
Torque | 58 mkgf a 2 800 rpm |
Câmbio | automático de 3 marchas |
Carroceria | fechada, 2 portas, 6 lugares |
Dimensões | comprimento, 551 cm; largura, 201 cm; altura, 144 cm; entre-eixos, 310 cm; |
Peso | 1 870 kg |
0 a 100 km/h | 8,9 s |
Velocidade máxima | 190 km/h |