Gastos com combustível são uma grande preocupação de todo dono de carro – e pode ser um pesadelo se o motor for V8 ou V6. Mas há quem não gaste nada para rodar e pode abastecer em casa mesmo. Só é preciso abrir mão dos motores a combustão.
A autossuficiência é possível e, na verdade, uma realidade para quem tem carro elétrico e painéis solares em casa. É o caso da engenheira civil Tuca Guidon, 68 anos, que foi pioneira nisso na região onde mora, Jarinu, no interior de São Paulo.
“Em 2021 resolvi investir R$ 51.000 para instalar 20 placas solares no telhado da minha casa, pois moro em uma fazenda e o consumo de energia era muito alto. O valor da conta de luz era de R$ 1.000”, lembra Tuca. Após a instalação, a fazendeira zerou a conta e ainda fica com crédito na companhia de energia.
“Com essa sobra de energia, decidi que tinha que ter um carro elétrico, afinal, eu também gastava R$ 1.000 mensais com combustível para meu Jeep Renegade 1.8, rodando cerca de 2.000 km com viagens semanais para São Paulo, a 100 km de distância”, diz Tuca.
Após três meses da instalação dos painéis, Tuca adquiriu um JAC iEV20 2021 por R$ 150.000. “Confesso que comprei por puro impulso e em 2021 não tinham tantas opções de carros elétricos no Brasil, não tive a assistência que esperava para entender todo o sistema de recarga.”
Exatamente pela falta de assistência da marca os módulos da bateria do carro foram queimados após um pico de tensão da rede.
“Ninguém me orientou a desligar o carro da tomada quando eu ficasse sem luz. Uma vez, quando a energia voltou com potência mais alta, o carro não ligava mais”, afirma. A bateria foi trocada em garantia e a partir daí a engenheira começou a viver uma verdadeira “lua de mel” com a mobilidade elétrica.
“A primeira revisão custou só R$ 50, enquanto eu pagava R$ 5.000 na revisão de 60.000 km do Renegade. E eu nem adquiri o wallbox, carrego em uma tomada de 20A e em cerca de 15 horas completo a bateria de 40% a 100%.”
É um tempo de recarga longo para voltar a ter uma autonomia ao redor dos 390 km, mas adequado à rotina da fazendeira, que rodou 21.000 km com o seu iEV20 até hoje sem ter gasto nem um real em combustível ou mesmo em recargas, uma economia de cerca de R$ 10.000 só em abastecimento.
“A minha convivência com o carro é ótima graças ao torque instantâneo e só me incomoda de ser baixo e a suspensão não ser preparada para buracos”, conta.
Gastava R$ 2.000 por mês e agora não gasto nada
O empresário Alexandre Crispim, 50 anos, comemora um mês com o seu primeiro carro elétrico, um BYD Dolphin Plus 2024. E a felicidade não é graças a empolgação natural com a chegada de um carro novo, mas principalmente pela economia de R$ 2.000 no mês.
Explico. Crispim mora em Pinhais (PR) e decidiu instalar 12 painéis solares no telhado de sua casa em 2019 e recuperou o investimento de R$ 30.000 após três anos e meio da instalação.
“Gastava R$ 800 mensais de energia para minha casa e empresa e atualmente gasto apenas R$ 160 (de taxa mínima). Diante dessa economia, resolvi trocar o meu Peugeot 207 SW 2017 por um carro elétrico e acabei optando pelo BYD Dolphin Plus”, conta Crispim.
O empresário roda 120 km por dia e seu gasto mensal com etanol era de R$ 2.000. Pelo menos, após um mês com o BYD Dolphin Plus, não houve nenhum gasto com abastecimento no dia a dia.
“A cereja do bolo na minha convivência com o carro foi conseguir fazer a viagem de Curitiba (PR) até São Paulo (SP) com distância de 415 km e gastar só R$ 85,00 com dois abastecimentos em carregadores públicos”.
“Eu ganhei o wallbox da marca, que foi instalado em uma semana em casa e as recargas nem chegaram a mudar o meu consumo de energia, além disso as revisões do Dolphin serão gratuitas nos próximos cinco anos”, comemora Crispim.
Crispim confessa que ficou tão encantado pela mobilidade elétrica que pretende substituir a sua Mitsubishi L200 3.5 V6 biturbo por uma BYD Shark, uma picape híbrida que deve ser lançada em agosto no Brasil.