O paulista Márcio Fernandes, 44 anos, nunca pensou que um simples trabalho de escola da filha se tornaria um negócio e, mais tarde, a oportunidade de ligar seu nome a um dos maiores ídolos brasileiros, o piloto Ayrton Senna.
Tudo começou há quatro anos, quando Isabela, então com 7 anos, recebeu como tarefa de casa pesquisar sobre a infância do pai.
Para isso, recorreu ao avô, que contou que uma das maiores paixões de Márcio era brincar de carrinho de rolimã.
Ela achou mais divertido ainda o fato de o brinquedo ter sido construído pelo próprio avô.
Não demorou muito para que Isabela pegasse uma carona nessa ideia.
Márcio foi obrigado a montar um carrinho para a filha e ensinar os segredos de descer a rua sobre uma prancha de madeira.
“O carrinho de rolimã permite que você consiga unir três gerações: o avô, o pai e o filho”, comenta Márcio.
Ele lembra que o primeiro teste foi em uma ladeira nos arredores do Museu do Ipiranga, em São Paulo.
Era um momento tão aguardado pela família (a filha mais velha, Larissa, aderiu logo depois) que chamaram os amigos.
Entre crianças e adultos, mais de 40 pessoas se reuniram para assistir à avant-première.
“Ao final, minhas filhas voltaram para casa e perguntaram por que eu nunca havia apresentado essa brincadeira antes.”
O passatempo deu tão certo que logo virou um negócio.
Márcio se juntou ao amigo Alexandre Seiji Koga, 41 anos, e criaram a Mulek de Rua, uma empresa que fabrica brinquedos infantis, como pipa e pião. Mas o destaque por lá é o carrinho de rolimã.
A loja passou a ser um ponto de encontro dos amantes do rolimã e daí veio a primeira corrida organizada pela Mulek de Rua, em 2017, que reuniu cerca de 5.000 pessoas. Hoje a marca promove e participa de vários eventos em São Paulo.
“Nas nossas corridas, você vê hoje carrinho de rolimã em forma de sofá, de cama, de jet ski e até de guitarra. O mais legal é que, a cada prova, mais pessoas estão criando o próprio modelo”, conta o proprietário.
O melhor ainda estava por vir. Após alguns anos cultivando o sonho de fazer um carrinho com a marca Senna, resolveram procurar o Instituto Ayrton Senna, em 2016.
“No dia da reunião, uma integrante da família ficou muito emocionada: contou que o Senna adorava brincar de rolimã. Dois dias depois, o projeto estava aprovado”, lembra Márcio.
O resultado da reunião foi uma série limitada de 25 unidades, para celebrar os 25 anos da primeira vitória de Senna no GP do Brasil, em 1991.
São dois modelos que têm a assinatura do piloto, desenho inspirado no seu capacete e certificado de autenticidade – 10% da renda é destinada ao instituto.
A versão mais sofisticada traz banco acolchoado e pintura de Alan Mosca, filho de Sid Mosca, que customizava os capacetes de Senna.
Agora o objetivo de Márcio é dar à empresa uma pegada mais social: a Mulek de Rua já oferece um modelo de rolimã adaptado para paraplégicos e começa a fazer planos para se tornar uma ONG no futuro.
De Interlagos para a ladeira da rua
A Mulek de Rua vende carrinhos de rolimã que partem de R$ 199, mas a estrela da loja são os modelos feitos em parceria com o Instituto Ayrton Senna.
O mais simples (em baixo), de R$ 399, é adesivado e tem freios laterais.
Já o topo de linha (em cima) traz pintura personalizada, banco de espuma com curvim, suportes laterais e freios com manopla, ao preço de R$ 1.500.
Das 25 unidades originais, ainda restam oito, sendo três carrinhos adesivados e cinco pintados. Onde comprar: mulekderua.com.br.