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Estados Unidos toma medida drástica para impedir a venda de carros chineses

Governo dos EUA quer proibir qualquer software ou hardware chineses em veículos conectadas, mas decisão também vai afetar modelos de montadoras americanas

Por João Vitor Ferreira
Atualizado em 29 set 2024, 17h04 - Publicado em 29 set 2024, 17h04
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Com a restrição, carros chineses serão praticamente banidos dos EUA (Divulgação/BYD)
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Os Estados Unidos querem aumentar ainda mais as barreiras contra os carros chineses. Depois de implementar um imposto de 100% sobre veículos elétricos, agora o Departamento de Comércio dos EUA propôs proibir de vez qualquer software ou hardware em carros conectados que venham da China.

Como principal motivo, o governo de Joe Biden cita ter evidências claras de que a China estaria instalando malware — um software malicioso — em infraestruturas críticas norte-americanas. Com essa proibição, os EUA banem de vez qualquer tipo de entrada de carros chineses no país, livrando-se de um possível ataque cibernético.

“Quando adversários estrangeiros criam software para um veículo, isso significa que ele pode ser usado para vigilância e pode ser controlado remotamente, o que ameaça a privacidade e a segurança dos americanos”, disse a secretária de Comércio, Gina Raimondo. “Em uma situação extrema, um adversário estrangeiro poderia desligar ou assumir o controle de todos os seus veículos em operação nos Estados Unidos, todos ao mesmo tempo, causando acidentes e bloqueando estradas.”

A secretária se refere, principalmente, aos chamados “carros conectados”, que atualmente são a grande maioria do mercado. Esses veículos possuem integração com internet e outros tipos de conectividade sem-fio.

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SUV Lincoln Nautilus é produzido pela joint venture entre a Ford e a Changan Auto na China e será um dos modelos afetados pela proibição (Divulgação/Ford)
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Em fevereiro, Biden ordenou uma investigação para descobrir se os chineses estariam espionando e coletando informações de motoristas americanos por meio desse software.

Além de impedir efetivamente a entrada de qualquer carro chinês nos EUA, a medida também afetará montadoras americanas e outras grandes empresas do segmento automotivo, que serão obrigadas a remover os principais softwares e hardwares chineses dos veículos nos Estados Unidos nos próximos anos.

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São poucos veículos de origem chinesa em circulação nos EUA, mas a ideia do governo Biden é justamente evitar que esse número aumente e o risco se torne maior. “Com um potencial de milhões de veículos em circulação, cada um com vida útil de 10 a 15 anos, o risco de interrupção e sabotagem aumenta dramaticamente”, disse o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, na mesma reunião.

A Ford produz seu SUV Lincoln Nautilus na China por meio de uma joint venture com a Changan. Já a GM usa a mesma estratégia, mas em parceria com a SAIC Motor, para produzir o Buick Envision. Ambos são importados e vendidos nos EUA.

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Polestar 2 e o sedã Volvo S90 são outros dois modelos fabricados na China e vendidos nos EUA (Divulgação/Polestar)
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Outros dois modelos que também serão afetados são o Volvo S90 e o Polestar 2, ambos fabricados na China. Vale lembrar que desde 2010 a Volvo foi comprada pela Geely, que também controla a Polestar e a Lotus.

Porém, diversas montadoras têm em seus carros alguma peça de hardware ou software desenvolvido na China. Representantes da Alliance For Automotive Innovation — que inclui montadoras como General Motors, Toyota, Volkswagen e Hyundai — afirmam ser difícil detalhar até que ponto componentes chineses são predominantes em seus modelos, já que eles são produzidos em diversas partes do mundo. Além disso, o grupo também informou que levará tempo para que hardware e software sejam substituídos.

A proposta, que também vale para hardware e software russos, está sendo levada para discussão pública por 30 dias e o Departamento de Comércio espera terminá-la até 20 de janeiro. Se aceitas, as proibições de software devem entrar em vigor para os anos-modelo 2027. Já a proibição de hardware está programada para os ano-modelo 2030 ou em janeiro de 2029.

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